GENERALIZAÇÃO E PRECONCEITO

Gosto de todos os estilos musicais. Menos Chitãozinho, Xororó e assemelhados.

Os estilos que mais gosto são rock, pop e reggae. Mas mesmo dentro desses estilos musicais existem músicas das quais não gosto. Até Pink Floyd gravou algumas que prefiro não ouvir.

O mesmo não acontece quando se trata do estilo que chamam de “country”, ou caipira. Não suporto nenhuma música desse estilo. Se estou em um ambiente e começa a tocar esse tipo de música, escapo na primeira oportunidade.

Essa é a diferença entre a generalização e o preconceito. Quando generalizamos alguma idéia, ela se torna uma norma de pensamento e conduta, mas admite exceções. Quando a generalização se transforma em preconceito, não há argumentação ou acontecimento que consiga alterar aquela idéia. Não admite exceções.

As generalizações são muito úteis em nossas vidas. Algumas até nos fazem sobreviver. No caso da polícia, por exemplo. Temos um mandamento que afirma: “Não existe ‘cana’ fácil”. Por isso adotamos todas as cautelas necessárias em cada prisão que vamos efetuar. E por isso sobrevivemos. O que não significa que em todos os casos nossas vidas tenham corrido risco. Outro exemplo é o cogumelo. Como regra, não como cogumelos. São perigosos. Alguns, alucinógenos. Outros, venenosos, podem matar. Mas um estrogonofe sem champignon perde qualquer sentido.

Já os preconceitos, como regra geral, são prejudiciais a quem os tem. Todos os pensamentos, sentimentos e ações se baseiam em uma generalização que não admite exceções. Não é algo que se consiga evitar, mesmo que toda a lógica indique que a análise feita sobre o assunto não corresponde à realidade. É como me sinto em relação à música country. Não é possível que não exista sequer uma música desse estilo que não seja boa. É o que diz a lógica. Ainda assim, me recuso a ouvi-las.

Os preconceitos também são prejudiciais à sociedade. Exemplos existem milhares. Pela seriedade do assunto, me recuso a usar o exemplo dos hermanos platinos. Prefiro usar um exemplo que acho mais significativo, o anti-semitismo de Hitler. Perigosíssimo. Letal. E muitos preconceitos levam a desfechos semelhantes.

Quando penso em tudo o que ocorreu durante a greve dos policiais civis do Estado de São Paulo, a diferença entre generalização e preconceito fica muito clara para mim.

Antes do nosso movimento reivindicatório ter início, eu achava que nenhum partido político ou candidato era merecedor do meu voto. Meu voto é algo importante demais para ser dado ao menos pior. Ou voto naquele em que confio – seja partido político, seja candidato - ou anulo meu voto. Generalização. Não acreditava na possibilidade de algum partido ou candidato ser bom o suficiente para me representar, mas admitia a possibilidade do surgimento de fato novo que me convencesse a não anular o meu voto.

Ao acompanhar a atuação dos parlamentares das bancadas do PT e do PSOL, na ALESP, durante a votação dos projetos de lei complementar que tratavam das polícias de São Paulo, vislumbrei aquela possibilidade. Estou revendo uma série de conceitos anteriormente muito arraigados.

Por outro lado, esse mesmo processo histórico acrescentou um preconceito à minha lista particular.

Da mesma forma que não consigo ouvir Chitãozinho e Xororó, também não consigo mais admitir a hipótese de que algo útil à nação brasileira possa sobreviver a qualquer gestão do PSDB, em qualquer nível de administração. Pelo contrário, nada conseguirá desfazer a minha certeza que o PSDB É PREJUDICIAL À SAÚDE, À EDUCAÇÃO E À SEGURANÇA PÚBLICA. Como um câncer, deve ser extirpado de nossa sociedade.

Nunca admiti que algum dia pudesse pensar dessa forma, mas hoje recomendo a todos que possuam um mínimo de sanidade mental que, em nome da sobrevivência da nação brasileira, façam o que for necessário para manter o PSDB fora do poder. Mesmo que isso represente votar em alguém que não mereça seu voto.

Abraços a todos.

Por Flávio Lapa Claro

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1 comentários

  • Anônimo  
    18/11/08 5:11 PM

    Eu por exemplo, não voto em bandido. Não voto em quem rouba, não voto em quem compra voto, não voto em quem apóia ditaduras, não voto em quem quer restringir minhas liberdades e, principalmente, não voto em quem não é a favor da democracia.

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