As artimanhas de Bogotá e as deserções nas Farc

"Olá, guerrilheiros! Eu sou Ingrid Betancourt. Quero que vocês sejam livres, assim como eu fiquei", conclama num tom enérgico a ex-prisioneira. "Olá, guerrilheiros! Eu sou Ingrid Betancourt. Rendam-se! Vocês irão recuperar sua família, sua liberdade, sua honra", diz uma outra mensagem. Antes de deixar o seu país rumo à França, Ingrid Betancourt ainda encontrou tempo para gravar essas chamadas. Em breve, elas serão transmitidas pelos alto-falantes dos helicópteros militares que sobrevoam a selva, no sul do país.


Por Marie Delcas, do Le Monde



Para acabar com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o governo de Álvaro Uribe tenta por todos os meios incitar os combatentes à deserção. Os guerrilheiros que se entregarem às autoridades com armas, bagagens e informações - suscetíveis de ajudarem o exército - escaparão da prisão ou serão recompensados com importantes reduções de pena.


Informantes e delatores também são financeiramente recompensados. Os programas de reintegração que foram implantados deverão facilitar seu retorno à vida civil. "O problema é conseguir fazer com que esta informação seja difundida nos campos da guerrilha", explica William Duarte, do ministério da defesa.


Rádios locais e emissoras de televisão vêm repetindo incansavelmente as mensagens do exército colombiano, dentre as quais a mais importante é: "Guerrilheiro, a sua família, os seus amigos, o seu país estão à sua espera. Volte para casa". É uma voz feminina sedutora que fala.



Nas regiões onde a guerrilha está concentrada, os helicópteros arremessam milhares de panfletos. Alguns deles têm a forma de uma nota de dinheiro. Em outros, é a foto de uma garota estonteante e sensual que provoca o desertor potencial. Durante a Eurocopa de futebol, uma mensagem foi exibida num letreiro na telinha de televisão: "Guerrilheiro, se você tivesse desertado, poderia estar assistindo tranqüilamente a esta partida".


Segundo os números oficiais, mais de 9.000 guerrilheiros teriam desertado nos últimos seis anos, dos quais 1.500 no decorrer dos últimos seis meses. "A imensa maioria dentre eles é constituída por guerrilheiros de base, que foram alistados recentemente. É muito mais difícil convencer os comandantes", comenta Nicolas.


Um dos responsáveis da campanha admite que esta comporta certas limitações: "Os guerrilheiros têm raramente a oportunidade para assistir à televisão, mas as mensagens também possuem um valor dissuasivo. Aquela foi uma maneira de dizer a todos os jovens deste país: se você pegar em armas, acabou o futebol. . ."

Fonte: Vermelho

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1 comentários

  • Anônimo  
    18/7/08 11:32 PM

    Acho que ninguém deve desertar!

    Deve ficar e morrer !

    Se tivessem matado o Zé Dirceu em 68 ele não teria montado uma quadrilha pra roubar o dinheiro público!

    E nas FARC são traficantes e terroristas

    terrorista bom é terrorista morto...

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