Condoleeza visita algoz do EUA na América do Sul
Por marcosomag
Habilidade política do Presidente Luís Inácio da Silva, o "Lula",fez os EUA perderem principais batalhas políticas recentes na América Latina;tentativa dos EUA de levarem "guerra preventiva" à América do Sul foi preventivamente derrotada pela "Defesa Sul-Americana" de Lula. A visita da Secretária de Estado dos EUA, Condoleeza Rice ao Brasil e a outros países sul-americanos nesta semana, foi emblemática da perda de poder dos norte-americanos na região desde a ascensão ao governo brasileiro do presidente Lula. Diferente de outros tempos, quando um olhar enviesado de um assessor importante do governo dos EUA provocava tremores de medo em governantes brasileiros, a visita de Condoleeza teve toques turísticos (a sua visita a Salvador),nenhuma repercussão junto à população brasileira (apesar da tentativa desesperada de orgãos de imprensa alinhados com os EUA em destacar a presença de Condoleeza no Brasil) e demonstrou como os EUA estão atônitos com a habilidosa política exterior anti-EUA do Presidente Lula.
Tanto que, nas declarações que deu à imprensa "de referência" nativa, Condoleeza fez aquele rame-rame de sempre contra o multi-eleito presidente da Venezuela e contra os presidentes do Equador e Bolívia. Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales, apesar de falarem muito, não impuseram qualquer obstáculo aos objetivos dos EUA em manterem a América Latina, e conseqüentemente a América do Sul, como seu "quintal". Quem realmente impôs derrotas aos EUA, desde que assumiu o governo do Brasil foi o Presidente Lula. Habilidoso, nunca confrontou diretamente os EUA. Porém, os derrotou quanto atuou decisivamente para evitar o colapso da Venezuela durante a greve da PDVSA, arquitetada pelo Departamento de Estado dos EUA, que derrubaria Hugo Chávez do governo para o qual foi eleito democraticamente pelo povo. Quando das eleições no Haití, os EUA não gostariam da vitória do "aristidista" René Préval. A fraude que favorecia o candidato das oligarquias locais, ligado aos EUA, foi desmascarada perante o mundo pelas câmeras de televisão. Humilhados, os EUA tiveram que aceitar a solução sugerida pelo observador enviado por Lula para o pleito.
Habilidoso, o presidente brasileiro agiu como no episódio da Venezuela, onde criou um grupo de países "amigos da Venezuela" para não aparecer demais como quem frustrou a vontade dos EUA na questão, e não melindrar os norte-americanos. O observador brasileiro enviado por Lula para inspecionar as eleições no Haití, creditou a solução que reconhecia a vitória de Préval à embaixada da Bélgica. Agora, quando da crise na América do Sul, Lula levou rapidamente a questão para uma solução diplomática na reunião do "Grupo do Rio", realizada em Santo Domingo, na República Dominicana. Novamente, cercou-se dos outros países latino-americanos e concedeu aos EUA uma pequena participação no acordo que selou a paz entre Equador, Venezuela e Colômbia. Além disso, no plano interno (eu não poderia deixar de citar isso) fez a mídia (especialmente, a revista "Veja") passar um vexame histórico com o desfecho da crise.
A visita de Condoleeza Rice à América do Sul visava relativizar o conceito de soberania dos países e inviolabilidade das fronteiras, a pretexto da "guerra ao terror" levado a cabo pelos EUA. Os sul-americanos já viram este filme antes: "Big Stick", "Operação Condor", TIAR (aquele tratado que dava aos EUA a prerrogativa de ser o "protetor" das Américas contra uma suposta invasão "de fora", enquanto os militares sul-americanos, formados pela infame "Escola das Américas" cometiam todo tipo de atrocidades contra os seus povos, considerados "inimigos internos").
Entretanto, o apoio dos EUA ao ataque "preventivo" da Colômbia ao Equador e sua transformação em política de segurança na América do Sul já tinha sido preventivamente evitado pela proposta da "Defesa Sul-Americana" do Presidente Lula, que vem fazendo gestões junto aos outros países da região para um orgão de Defesa comum. Detalhe:não está prevista na "Defesa Sul-Americana" nenhuma participação dos EUA, enterrando definitivamente o TIAR e as intervenções norte-americanas na América do Sul, que tanto infelicitaram a região no Século 20.