Novo ombudsman admite que ''Folha'' se tornou previsível
Escrito por Guina
em 8 de abr. de 2007
Fonte: Portal Vermelho
“É difícil saber se a Folha é hoje um jornal melhor ou pior do que há quase 18 anos, quando instituiu o ombudsman e Caio Túlio Costa publicou sua primeira coluna”, escreve Mário Magalhães, para depois traçar sua primeira conclusão: “Mais fácil é constatar que se tornou mais previsível”.
Na opinião do novo ombudsman, de bom o jornalismo previsível corresponderia a certas expectativas do leitor em termos de “assuntos, abordagens, serviços, até idiossincrasias. Oferece — ao menos busca oferecer — informações com os padrões a que se habituou”. Mas a previsibilidade, alerta Magalhães, pode também comprometer o jornal, que ficaria com poucas surpresas.
O impasse é que não existe jornalismo sem novidades. Em pelo menos dez línguas, por sinal, as palavras “notícia” e “novo” têm a mesma grafia. Arthur Sulzberg Jr., publisher do New York Times, é didático de sobra quando comenta o termo newspaper: “Os jornais não se definem pela segunda parte da palavra (paper = papel). Têm de ser definidos pela primeira parte (news = notícia)”.
Tucanismo
É ao se despreocupar com essa premissa da imprensa que a Folha de S.Paulo se perde. Um jornal previsível “não é curioso ou provocador. Soa tristonho, apático e sem graça”, afirma Mário Magalhães. “Ao primeiro olhar, reage-se a ele com a impressão de que se pode adiá-lo para mais tarde”. E não há nada mais velho, segundo Luis Fernando Veríssimo, do que o jornal de ontem.
A crítica de Magalhães coincide, nesse ponto, com a opinião de seu antecessor no cargo, Marcelo Beraba. Na última coluna que escreveu para o jornal, há uma semana, Beraba apresentou queixas dos dez leitores que mais contribuíram com mensagens para o ombudsman. Um dos leitores afirmava, em 2004, que a questão maior era de credibilidade. Ele até confiava na imprensa há três anos, “mas com um pé atrás, desconfiando muito”.
Agora o mesmo leitor volta a responder à pergunta e diz que já não confia “nada”. A Folha — que ao lado da revista Veja simboliza o que há de mais panfletário e conservador na chamada “imprensa de prestígio” — está doentiamente identificada com o núcleo duro da política brasileira. Um só parágrafo escrito por Beraba desnuda esse viés.
“Entre os dez comentários que recebi, quatro acham que o jornal é antipetista ou pró-PSDB. ‘Incomoda o eterno antipetismo, o eterno viés negativo de tudo que diga respeito ao PT e a Lula’, diz José Augusto. A pergunta de Celso Balloti vai na mesma direção: ‘Assumindo (...) que o tratamento dado aos petistas seja o correto, por que não houve o mesmo carnaval quando dos muitos e não menos cabeludos escândalos do governo tucano?’ Márcia Meireles acha que é ‘evidente o desequilíbrio na cobertura entre as administrações petistas e as de outros partidos’. Sylvia Manzano destaca a diversidade de assuntos tratados pela Folha, mas avalia que o jornal ‘quer a todo custo desqualificar o presidente Lula’.”
Na opinião do novo ombudsman, de bom o jornalismo previsível corresponderia a certas expectativas do leitor em termos de “assuntos, abordagens, serviços, até idiossincrasias. Oferece — ao menos busca oferecer — informações com os padrões a que se habituou”. Mas a previsibilidade, alerta Magalhães, pode também comprometer o jornal, que ficaria com poucas surpresas.
O impasse é que não existe jornalismo sem novidades. Em pelo menos dez línguas, por sinal, as palavras “notícia” e “novo” têm a mesma grafia. Arthur Sulzberg Jr., publisher do New York Times, é didático de sobra quando comenta o termo newspaper: “Os jornais não se definem pela segunda parte da palavra (paper = papel). Têm de ser definidos pela primeira parte (news = notícia)”.
Tucanismo
É ao se despreocupar com essa premissa da imprensa que a Folha de S.Paulo se perde. Um jornal previsível “não é curioso ou provocador. Soa tristonho, apático e sem graça”, afirma Mário Magalhães. “Ao primeiro olhar, reage-se a ele com a impressão de que se pode adiá-lo para mais tarde”. E não há nada mais velho, segundo Luis Fernando Veríssimo, do que o jornal de ontem.
A crítica de Magalhães coincide, nesse ponto, com a opinião de seu antecessor no cargo, Marcelo Beraba. Na última coluna que escreveu para o jornal, há uma semana, Beraba apresentou queixas dos dez leitores que mais contribuíram com mensagens para o ombudsman. Um dos leitores afirmava, em 2004, que a questão maior era de credibilidade. Ele até confiava na imprensa há três anos, “mas com um pé atrás, desconfiando muito”.
Agora o mesmo leitor volta a responder à pergunta e diz que já não confia “nada”. A Folha — que ao lado da revista Veja simboliza o que há de mais panfletário e conservador na chamada “imprensa de prestígio” — está doentiamente identificada com o núcleo duro da política brasileira. Um só parágrafo escrito por Beraba desnuda esse viés.
“Entre os dez comentários que recebi, quatro acham que o jornal é antipetista ou pró-PSDB. ‘Incomoda o eterno antipetismo, o eterno viés negativo de tudo que diga respeito ao PT e a Lula’, diz José Augusto. A pergunta de Celso Balloti vai na mesma direção: ‘Assumindo (...) que o tratamento dado aos petistas seja o correto, por que não houve o mesmo carnaval quando dos muitos e não menos cabeludos escândalos do governo tucano?’ Márcia Meireles acha que é ‘evidente o desequilíbrio na cobertura entre as administrações petistas e as de outros partidos’. Sylvia Manzano destaca a diversidade de assuntos tratados pela Folha, mas avalia que o jornal ‘quer a todo custo desqualificar o presidente Lula’.”