Investidores Contestam Repasse de R$ 2 Bilhões da Nossa Caixa Para o Governo de São Paulo
A recente operação financeira que transferiu aos cofres do governo de São Paulo nada menos que R$ 2 bilhões para investimentos começa a sofrer contestações. Trata-se da "compra" da folha de pagamentos do Estado pela Nossa Caixa, anunciada no último dia 27 - desde então, as ações do banco estatal chegaram a cair 20%, uma evidência de como o negócio foi mal recebido pelos investidores.
A Nossa Caixa, que é controlada pelo governo paulista, decidiu aceitar a proposta, feita pelo mesmo governo, de pagar R$ 2,08 bilhões pelo direito de manter as contas bancárias de cerca de 1,1 milhão de servidores públicos. O prazo do contrato é de cinco anos - ou seja, para não ter prejuízo com a operação, quitada à vista, o banco terá de "arrancar" cerca de R$ 380 por ano de cada correntista, na forma de taxas, juros de empréstimos e outras operações.
Desde o anúncio da medida, a Comissão de Valores Mobiliários, órgão que regula as Bolsas de Valores, abriu cinco processos decorrentes de reclamações de investidores da Nossa Caixa - o exato teor dos processos é sigiloso. Um dos investidores, o gestor de investimentos Rodrigo Glatt, vê o negócio como "uma operação leonina, em que o governo do Estado se apropria de recursos para financiar suas obras". Glatt escreveu um artigo sobre o assunto, que pode ser lido abaixo.
Em declarações publicadas pelo site "Business News Americas", o presidente da Nossa Caixa, Milton Luiz de Melo Santos, negou ter sido pressionado pelo governo do Estado a abrir os cofres do banco. "Não houve pressão do Estado. O governo estadual estabeleceu um preço que estava dentro da nossa escala e nós concordamos", afirmou.
O mesmo site, citando um analista de mercado do Deutsche Bank, informou que a previsão de lucro da Nossa Caixa caiu de R$ 492 milhões para R$ 168 milhões em 2007 e de R$ 558 milhões para R$ 127 milhões em 2008. Depois de cair 20% nos últimos dias, as ações do banco se recuperaram levemente. Até ontem, a perda acumulada desde o anúncio do acordo se reduziu para 12,5%.
A Nossa Caixa voltou às páginas dos jornais nos últimos dias não apenas por causa do acordo com o Estado, mas também porque a Justiça concedeu um mandado de segurança à oposição que garante a abertura de uma CPI, na Assembléia Legislativa, para investigar o uso político do banco no governo de Geraldo Alckmin (PSDB).
O escândalo derrubou o jornalista Roger Ferreira, responsável pela área do comunicação do governo na época. Ferreira, porém, voltou ao governo na gestão Serra, conforme revelou o Jornal Folha de SP no último sábado.
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