Rice elogia Lula e afirma que poderia ter nascido brasileira
Por: Marcos Loures
DE WASHINGTON
A disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez pelo posto de líder latino-americano ganhou uma jogadora de peso. No esforço mais evidente até agora de mostrar sua opção pelo brasileiro sobre o venezuelano na queda-de-braço que se seguiu às nacionalizações na Bolívia, Condoleezza Rice elogiou o programa educacional do Brasil e chegou a dizer que seus ancestrais poderiam ter sido brasileiros. "Eu sei que o presidente Lula, do Brasil, tem dado grande ênfase à educação", afirmou a chanceler norte-americana em discurso na sexta-feira, cujo íntegra só foi tornada pública anteontem à noite. Ela participava do encerramento do ciclo "Espaço EUA -Vanguarda Latina 2006", no Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Washington."Quando estive no Brasil, recentemente", continuou, "tive uma conversa muito interessante sobre afro-brasileiros porque, é claro, meus ancestrais poderiam muito bem ter acabado no Brasil, em vez de no Alabama. Fazia parte do comércio transatlântico de escravos. E, ao olhar como essas diferentes populações estão começando a afetar seus ambientes domésticos, enxergamos o que é melhor sobre a democracia, mas, mais importante, sobre a democracia multirracial".A secretaria de Estado, que vem sendo questionada por ter sido surpreendida pelas decisões recentes do presidente boliviano, Evo Morales, e por fazer parte de uma administração que deixou a América Latina em segundo plano por conta da chamada Guerra ao Terror, fez um mea culpa: "Eu quero estar mais presente no continente, porque essa é a nossa vizinhança", disse, "um lugar com o qual dividimos fronteira".Segundo Rice, o principal problema da região hoje em dia "é que os governos democráticos estão tendo dificuldade em cumprir o que prometeram à população, e a população está ficando impaciente". "Quando os cidadãos perguntam "o que a democracia está fazendo por meus filhos e por minha família e por meus anseios", nós temos de ter uma resposta para isso", declarou.Como prova de sua preocupação, disse a secretária de Estado, a administração de George W. Bush teria "dobrado" a ajuda oficial para a América Latina, e essa ajuda, mais a expansão da zona de livre comércio e de oportunidades na região, "não levam em conta a posição dos governos no espectro político".No domingo, analistas haviam criticado na Folha o órgão do governo norte-americano por sua falta de política para o continente.A análise dessa notícia postada acima deve ser feita com muito cuidado, porém parece clara se analisarmos do ponto de vista norte americano sobre a América Latina nos dias de hoje.Em primeiro lugar, temos em Lula a figura conciliatória e verdadeiro contraponto lúcido à Chavez, com uma capacidade de diálogo maior e de, prestem atenção, SEM SER SUBALTERNO, ter uma contrapartida mais lúcida com relação ao Governo Bush.Rice, como todos sabemos é o cérebro que a natureza negou a Bush, portanto traduz fielmente o que pensa os Estados Unidos, verdadeira Rasputin de saias, eminência parda do Governo Bush.Lula representa o socialismo inteligente, sem radicalismos desnecessários, mesmo assim firme nas atitudes como na ruptura pacífica com o FMI, nas posições claras com relação a OMC e o protecionismo dos subsídios na Europa e EUA, além de sua política social de resultados invejáveis, além do sepultamento sutil da A L C A. Isto demonstra claramente que não haverá intervenção americana pró ALCAmin, como temíamos e suspeitávamos, mesmo que esse se ofereça qual "donzela" da Praça Mauá, como no caso da oferta de reiniciar a A L C A; além do canto da sereia das privatizações, mesmo que sejam da PETROBRAS e até, não duvidem da internacionalização da Amazônia.Muito interessante este aspecto da eleição que se aproxima, eu nunca iria imaginar postar isso um dia:O operário que tirava o sono da Regina Duarte e de dezenas de "assustados" brasileiros que, fraudando o país, sob os auspícios de FHC, detonaram a economia do Brasil, com a gigantesca evasão de divisas; hoje é muito mais aceitável aos olhos dos EUA, SENDO MAIS DESEJÁVEL QUE A PRÓPRIA DIREITA, pois essa, o que poderia fazer se ganhasse as eleições no Brasil, seria aumentar a liderança radical de Chavez.Hugo é um grande companheiro, mas sua visão de socialismo ainda remete aos tempos onde o radicalismo era a única opção, com sutis, mas importantes diferenças do socialismo de Lula de bases mais sólidas e menos conflitantes.Não se é necessário destruir para reconstruir, sendo mais fácil e inteligente a reformulação, mesmo que se utilizem medicamentos diversos para se atingir a cura, o importante é a cura.A política, aparentemente neoliberal de Lula, é no fundo uma genial adaptação de um medicamento esdrúxulo com resultados efetivos na distribuição de renda e diminuição da miséria.Outra coisa que me espanta é essa capacidade de Lula de contemporizar diversidades, creio que treinada na dura oficina diária com o PT e suas várias vertentes, muitas vezes aparentemente antagônicas.Quem diria que o WASP norte americano iria "torcer" para uma vitória do nosso operário, independente, mas sensato. Eu creiam-me, me espanto cada vez mais com LULA, esse gênio que, na sua simplicidade tem o poder de agregar as mais diversas tendências desse mundo globalizado.Já Alcamin, fragilizado por si só, não contava com essa, acostumado à subserviência aos yankees, mesmo "ofertando" os bens do povo, a submissão e o que fosse necessário, não conseguiu sensibilizar os americanos.
Durma com essa PSDB/PFL, por essa nem o eterno "slave" FHC esperava!
16/5/06 3:02 PM
O mundo cão e o complexo de Aquiles.
A violência que imperou em São Paulo nesse maio demonstra o poderio do crime organizado, numa demonstração de poderio assustador.
A mídia paulista tem muita influência sobre os efeitos geradores desse espetáculo de força associado á fragilidade dos órgãos de segurança desse estado.
A falência da segurança pública em São Paulo tem várias causas, alguma óbvias, como o descaso das autoridades tanto com relação à repressão quanto as origens primórdios de cunho social, claramente explícita nos guetos sem defesa e sem presença efetiva do Estado.
Falarmos disso pode parecer lugar comum, e muitas vezes o é; porém não faz mal nenhum lembrarmos do quanto à sociedade, como um todo e o Governo Estadual particularmente são responsáveis por esse caos.
A falta de perspectiva das crianças e dos jovens paulistas merece total atenção de quem quiser analisar esses fatos.
Ser pobre em qualquer lugar do Brasil é difícil, mas em cidades como São Paulo, onde a discriminação contra a miséria é inerente, no fechar a porta do carro ao se aproximar a criança miserável vendendo balas, fazendo malabares, pedindo esmola, no proibir a entrada dos mais humildes pelo elevador social, nos milhões de cães de guarda e nos guardas de segurança particular, prontos a humilhar e expulsar a miséria dos núcleos burgueses, como se a miséria fosse um cancro contagioso.
As castas paulistas são histórica e extremamente preconceituosas.
A formação de tribos e de grupos em sampa, diferentemente do que ocorre no Rio de Janeiro, por exemplo, onde o asfalto e o morro se misturam frequentemente desde os bailes funks até as rodas de pagode, passando pela praia e pelo aterro do Flamengo, território democrático de ricos e pobres, pretos e brancos, favelados e moradores de condomínios de luxo.
Agora, em São Paulo essa realidade é bem diferente, há a constante e “necessária”
formação de ilhas com espaços abismais entre si, entre vários tipos de pessoas, com violenta discriminação.
O fato de São Paulo ter vários e vários casos de violência extrema de origem racista, entre castas e contra grupos como os nordestinos, mendigos, gays, entre outros, demonstra que o caráter de agressividade paulista é impar no Brasil, chegando às raias do absurdo total, desvairado mesmo...
Na Paulicéia temos todos os tipos e gêneros de grupelhos neonazistas e excludentes, que não se suportam e não conseguem conviver, podemos observar isso até nos campos de futebol.
O Estado Paulista é, em essência, elitista e preconceituoso até em atitudes menores, como a criação de rampas nos viadutos para a exclusão dos desvalidos dali.
Esses tipos de atitude são agressivos e geram, por si só, uma reação de exclusão para com e dos grupos majoritários em termos populacionais e minoritários quando o assunto é poder, tanto econômico quanto social.
Essas disparidades geram, por si só, uma terrível diferenciação entre conterrâneos e seres humanos.
Ser pobre em São Paulo é ser discriminado a todo o momento, do semáforo ao restaurante, passando pelos Shoppings da vida.
Imaginar um cidadão humilde, trabalhador, num restaurante burguês paulista, é pensarmos nos chineses dentro da China pré maoísta.
Portanto, sob esse cenário, temos o início do processo de desfiguração social e moral desse povo, pobre povo.
Pois bem, aliado a isso temos uma série de desgovernos no Estado de São Paulo, onde coube um Paulo Maluf, entre outros, o que não é nenhum exemplo de honestidade, e o melhor dentre todos quando o assunto é demagogia.
Nos últimos 16 anos, o que se viu em São Paulo, foi o poder da burguesia, da mesma burguesia quatrocentona que tem o nariz de cadáver assombrando todos os que não vieram dessa oligarquia que ainda recende à república do café com leite.
Esses novos coronéis de terno e gravata, com empresas na Bovespa, com o orgulho em alta e a moral nem sempre, com a chave do capital e afastando-se da porta do Céu em cada ato, do mesmo pessoal que disse que abandonaria o Brasil se o Lula fosse eleito, e que quando esse o foi, utilizando-se dos mecanismos permitidos por Fernando e sua Gang, escoaram para fora do Brasil mais de uma centena de bilhões de dólares.
Essa mesma elite apodrecida em vida, confeccionada nas butiques parisienses e italianas e na sua filial paulistana, criou um verdadeiro abismo social, gigante que discrimina e elimina a todos.
Pois bem, temos, além disso, tudo uma imprensa “popular” de aspecto asqueroso e, em troca de audiência, com um discurso extremamente nazista e de incompetência tanto intelectual quanto moral, donos de um moralismo enviesado e formadores de “opiniões” totalmente fantasiosas e tresloucadas.
O pior não é nem a venda de uma imagem ABSURDA da luta dos humanistas pelos direitos do proletariado à CIDADANIA, mentirosamente e criminalmente colocada como DIREITOS HUMANOS É IGUAL A DIREITOS DE BANDIDOS.
As afirmativas dessa imprensa de baixíssima qualidade sobre esse assunto são de extrema IGNORÂNCIA que se for proposital é criminosa e se for por desinformação são de maior gravidade ainda, pois o microfone dado a essa turma faria mais sentido se colocado nas bocas dos cães de guarda das casas das Madamas dos Jardins.
A colocação dessa imprensa sobre a insegurança de sampa é de uma maneira tal, sensacionalista e discriminatória que gera dois fatores: o pânico da população, principalmente entre as donas de casa que não saem à rua, e o aumento do poder de fogo da marginália, ou a ambos, formando uma associação muito grave.
O calcanhar de Aquiles da população pelo que essa turma vende não é o DESGOVERNO que tomou conta de São Paulo nessas últimas décadas, mas sim a Polícia colocada como corrupta e fragilizada.
Embora muitas vezes tenhamos visto a Polícia em atos comprometedores e enfraquecida como nesses últimos dias, ela é o mecanismo principal de defesa da cidadania da classe média, mas, muitas vezes o agente de repressão e de corrupção sobre as populações mais carentes, vitimizada de novo pelos agentes que a deveriam proteger e, infelizmente, tendo entre seus representantes, na maioria das vezes, pessoas oriundas das mesmas classes sociais mais baixas.
Quando vemos, na venda da imagem de uma fragilidade do poder e no poderio do crime, temos um efeito avassalador.
Para se ganhar audiência, vale tudo, mas tudo mesmo.
Essa imprensa prostituída e vendida aos interesses de seus patrocinadores, criou uma situação insustentável em São Paulo, transformando a todos em reféns imaginários de um poder paralelo.
As bases da cidadania são atacadas todos os dias, em cada afirmativa preconceituosa, impensada e muitas vezes canalha dessa turma.
“Os direitos humanos são os responsáveis por isso!”
Essa afirmativa boçal muitas vezes é repetida e vomitada, mesmo por pessoas com maior capacidade coecertiva.
Vítimas de distorções abjuradas sobre um assunto tão importante quanto à cidadania, os papagaios de pirata repetem essas aceiras sem analisar o que representa isso.
A FALTA DE GARANTIAS AOS DIREITOS HUMANOS É, NA VERDADE O CALCANHAR DE AQUILES DE SÃO PAULO, ENQUANTO OS POBRES FOREM TRATADOS COMO PODRES E ESCÓRIA, A BURGUESIA PAULISTANA IRÁ SOFRER DO PÂNICO DISSEMINADO E SE SENTIRA A MERCÊ DO MONSTRO QUE ELA MESMA CRIOU, E É MANTIDO “INTELECTUALMENTE” PELO JORNALISMO MUNDO CÃO, QUE TANTO APAVORA AOS ASSUSTADOS CIDADÃOS DE BEM E AGRADAM À MARGINALIDADE PAULISTA.