Violência em São Paulo

Por: Marcos Loures

A violência que explode em São Paulo é o resultado de uma ausência crônica de uma política séria segurança pública, a exemplo do que temos no Rio de Janeiro.Os problemas crônicos desses estados estão associados à falta absoluta de uma política de recuperação de criminosos, além de um total e absurdo descaso com as comunidades mais carentes, reflexo de uma situação de desgoverno que se abateram sobre esses estados nos últimos anos.Em São Paulo, a formação de grupos organizados, sob a total inépcia e incompetência de um Governo sem compromissos com o desenvolvimento e salvaguardas sociais, totalmente ausentes nas duas últimas décadas, ou seja, durante uma geração inteira, totalmente perdida, sem futuro e sem esperanças.A proliferação de programas de televisão tipo mundo cão, que trazem as primícias de que "bandido bom é bandido morto", criando personalidades totalmente psicóticas, a ponto de se enaltecer a violência reacional à violência em si, ignorando as causas sociais ou delegando-as a um segundo plano irracional, estimula toda essa generalização e banalização da violência e, como temos visto ultimamente, a partir da falta de projetos e de investimento nessa área gerando "monstros" onde, na verdade, o que ocorre é a criação de fantasmas absurdos e sem nexo.O sistema correcional paulista é absurdo, sendo colocado em xeque a cada rebelião de menores, sendo a exploração midiática desses uma forma de estimulá-los.Nada me impede pensar que essa orquestração feita entre os meios de comunicação sobre uma monotemática teoria criadora do pânico generalizado como forma de angariar audiência a qualquer preço, seja um estímulo para a criação de "heróis" entre essa "brincadeira" de mocinho e bandido.Desde que o massacre do Carandiru ocorreu, e a impunidade decorrida deste, inclusive entre os principais executores, a impressão vendida pela imprensa é de que a luta pelo direito à cidadania é colocada como uma defesa da marginalidade, gerando uma reação extremamente conservadora e retrógrada, dos consciente ou inconscientemente seguidores do fascismo ditatorial que assolou esse país nos tempos nebulosos.A incompetência do Governo Estadual, principalmente nos últimos anos permitiu tanto o crescimento quanto a organização desses grupos organizados que aterrorizam há algum tempo os paulistas.A falta de políticas para a geração de empregos, e a propaganda emitida subconscientemente sobre São Paulo como o "paraíso" brasileiro, hiperinflacionou tanto o desemprego e subemprego quanto a população em si.O inferno paulista cada vez mais se torna visível.Outra coisa é o salário da Polícia Paulista, um dos menores do país, principalmente em relação ao caríssimo custo de vida desse Estado.A cultura paulista da "direitização" como solução para os problemas gerados pela mesma direitização econômica que cria verdadeiras castas, além do estímulo à rentabilidade e ao lucro a qualquer preço, é paradoxal, mas é o que se vende em São Paulo como a solução.Programas sociais, como os de Martha Suplicy foram abandonados em troca de umas obras faraônicas superfaturadas e "obras" sociais como a colocação de rampas, para expulsar os moradores de rua, sem dar outra alternativa para os mesmos.Quanto ao Rio de Janeiro, o que ocorre é mais grave ainda. Aliado à total falta de planejamento para o apoio social, temos o endeusamento do tráfico como o ideal para os meninos carentes e como proteção para as comunidades carentes.O poder paralelo no Rio de Janeiro está intimamente ligado à política, como vemos a poucos dias na associação entre ONGs, Poder e bandidos.Essa associação tem aspectos únicos, como o "pedir a bênção" aos bandidos para o simples fato de subir um morro.O poder dentro de poder; cujo braço expandido no Espírito Santo está sendo abortado e destruído, numa demonstração de que se houver vontade política isso é possível, hoje é mais importante que o poder de fato.Os governantes do Rio, em todas as suas esferas estão à mercê política e administrativa desse poder asfarquiano.A derrota franca e absoluta dos poderes constituídos nesses dois estados me trazem uma reflexão:A curiosidade de termos, entre os postulantes à Presidência da República, os dois administradores desses dois estados, nos últimos tempos!Geraldo Alckmin e Garotinho representam, portanto a ineficiência absoluta para o controle e a repressão ao crime organizado, em TODAS AS INSTÂNCIAS, desde a prevenção até o combate a esse.Deixa-me muito assustado o fato de que essa incompetência e inércia possam, um dia, administrar um país tão complexo como o Brasil.Quem não teve competência de arrumar o próprio quintal não tem a menor qualificação para resolver os graves problemas que afligem uma sociedade tão complexa quanto a nossa, onde a INJUSTIÇA SOCIAL é um cancro a ser derrotado.Ao se perceber pelos discursos utilizados pelos dois governantes "BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO", mote usado no Espírito Santo pelo grupo de José Carlos Gratz e que, graças a um governo mais lúcido, está sendo colocado longe do poder, a nível federal teremos o quê?A ultra direita reacionária e estúpida; fascista mesmo, representada pelos programas de "cunho popular", ou seja, olho por olho, dente por dente; enaltecedores dos abusos de autoridades, que conclamam a tortura, ao linchamento, à pena de morte, em resumo, a ausência do estado de direito, transgredindo todas as possíveis e pensáveis variantes que possam ser pensadas pela real democracia, assumiria o poder com esses candidatos!?A simples possibilidade de isso ocorrer é temerária e deve ter a repulsa de todos os democratas desse país!!Acordem para essa possibilidade e verão o quanto é drástico e pernicioso para o país essa hipótese!

AddThis Social Bookmark Button

2 comentários

  • Anônimo  
    14/5/06 11:26 PM

    Do suicídio da Veja.
    Nessa última edição, a revista Veja declarou a sua morte, tanto no fator credibilidade quanto em um futuro próximo, no fator econômico.
    A publicação desairosa de um dossiê sem nenhuma comprovação, baseado nas informações fornecido por um contumaz bandido, ligado a todos os tipos de falcatruas no mercado financeiro, contra autoridades democraticamente estabelecidas, não só ofende a todos os brasileiros, como também demonstra o caráter venal e absurdamente inconseqüente de um bando de “jornalistas” condenados ao descrédito e ao esgoto histórico.
    Muito interessante a tentativa desse órgão de “informação”, tentar fazer um jornalismo neo-udenista, nos remetendo ao Carlos Lacerda de triste memória, porém ao contrário deste, mais parecidos com um fantasmagórico Cavaleiro da Triste Figura malévolo.
    Nas suas quixotescas atitudes, esse panfleto pró liberal, perdeu totalmente o senso de ridículo, ao se demonstrar totalmente afastado do real sentido de JORNALISMO, na sua DIGNA ACEPÇÃO.
    O desenrolar dessa história que culmina hoje, se inicia nas dívidas gigantescas do grupo Abril, impagáveis mesmo, o que o tornou sensível e, pior subalterno mesmo dos ideais de seus patrões.
    A que já foi “a revista de maior circulação” no país de longa data vem em um declínio moral e editorial impar na história do jornalismo moderno brasileiro,
    Remete-me à Manchete e à Editora Bloch, porém essas foram extintas graças ao final da ditadura militar onde, com subserviência absoluta, eram porta-vozes informais, trazendo-nos as idéias de um “Milagre econômico” e de um Brasil “gigante”, puramente fantasioso, aliados ao Amaral Netto e a um Flávio Cavalcanti da vida.
    O crescimento vertiginoso da Veja em substituição à Manchete e ao falecido “O Cruzeiro”, das décadas de 60 e 70, gerou uma perspectiva positiva à época, porém o desvirtuamento de sua trajetória, ainda mais com o surgimento de outras revistas como a Isto é e a Senhor, na década de 80, tendo como a produção da revista Época da Globo, parcial, porém mais lúcida; resultaram nesse espectro que perambula pélas bancas de jornais e está sendo oferecido como moeda de compensação pela Abril, nas assinaturas de outras revistas.
    Recordo-me de momentos onde a imprensa brasileira apresentou algumas belas páginas, como no caso da receita de bolo da capa do Estadão, do velho Jornal do Brasil, do indefectível Pasquim de Jaguar, Ziraldo, Dines entre outros...
    Outras páginas merecem destaque na batalha pela democratização como os Cadernos do Terceiro Mundo e A HORA DO POVO, com sua forma totalmente genial, por ser irreverente de trazer os desmandos do poder.
    A Veja, enlameada e trafegando pelo pântano da política, com sua visão (sem trocadilho) deturpada propositadamente, míope e estrábica da verdade, se tornou o que há de mais abjeto no jornalismo brasileiro.
    Porém isso me apresenta com bons sinais, sinais de mudança.
    A atuação da Veja irá precipitar a formação de mecanismos auto-reguladores da Imprensa, ser responsável para ser livre, e não ao contrário, ser irresponsável nessa liberdade.
    A um democrata como eu me assusto a censura, porém também me assusta a inconseqüência a que podemos ser submetidos a qualquer momento. A suspensão do direito de circulação ou o pagamento de pesadas multas indenizatórias poderiam inibir esses desmandos feitos, criminosamente em nome de uma coisa SAGRADA, a liberdade de imprensa.
    A utilização de órgãos de imprensa para a divulgação de locais de venda de cocaína é um crime, isso é uma unanimidade; porém a divulgação de listas SEM COMPROVAÇÃO, mesmo que admitida, ou seja, a priori, caluniando e difamando alguém também não é crime?
    Que pesos são esses e que medidas são aquelas?
    As que espero, com toda franqueza são as mais duras possíveis para podermos, nesse amadurecimento da democracia, coibir e exterminar esse tipo de atitude CRIMINOSA e assumidamente Criminosa de um órgão de IMPRENSA seja qual for e em nome do que e de quem for.
    Esse extermínio moral e provavelmente físico dessa revista é de vital importância para que surja disso tudo uma nova Imprensa, com os aspectos que todos queremos, ou informativo, com lisura e clareza, ou formativo, com a mesma clareza na confecção de idéias e de opiniões.
    O que não podemos é continuar nessa “ditadura” dos maus profissionais dessa sagrada profissão – o JORNALISMO.

  • Anônimo  
    15/5/06 2:55 AM

    Diante do caos do PSDB em SP, Lula deveria decretar "estado de defesa".

    Enquanto um perdido governador Cláudio Lembo diz na televisão que "está tudo sob controle" (dos marginais, é claro), o Presidente Lula deveria atropelar FHC/Alckmin/Lembo e decretar o "estado de defesa" no estado de SP.

    Conforme o artigo 136 da Constituição Federal "O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho Da República e o Conselho De Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional".

    Um problema político seria a presença do ex-presidente FHC no Conselho Da República, que certamente seria contra uma intervenção federal em SP, pois esta demonstraria a falência da política de segurança pública do PSDB em SP nos últimos 11 anos. No Conselho De Defesa Nacional, composto por ministros do governo atual e presidentes da Câmara e do Senado Federal, o Presidente Lula não teria problemas para aprovar o estado de defesa.

    Mesmo com um provável uso político da medida pelo PSDB, que alegaria ser fruto de pirotecnia eleitoral do Presidente Lula, este deveria colocar o Exército e a Força Nacional De Segurança nas ruas de São Paulo. Seria aplaudida inclusive pela Polícia paulista, que foi desmantelada nos anos tucanos em SP, e está sendo trucidada por verdadeiros destacamentos de marginais, nas ruas deste importante estado da federação.

Postar um comentário