Carlos Abicalil: “PSDB tenta evitar que seja demonstrado o modelo que partiu da campanha de Minas em 98”
Em entrevista ao HP, o deputado Carlos Abicalil (PT/MT) contestou as declarações do relator da CPMI dos Correios, Osmar Serraglio, sobre um suposto acordo para não cassar parlamentares e disse que ele estava tentando “ocupar o hiato da mídia” para aparecer. Abicalil afirmou ainda que foi desmontada a tese do mensalão, que existe uma diferença entre os recursos intermediados por Marcos Valério para o PT e para o PSDB, de que o primeiro é de origem privada e o segundo tem origem pública, e que o ex-tesoureiro de Azeredo, Cláudio Mourão, e o lobista Nilton Monteiro devem comparecer à CPMI.
“O deputado Osmar Serraglio está aproveitando o hiato de mídia para poder ocupar espaço. Eu não vejo outra razão além dessa”, afirmou Carlos Abicalil (PT/MT). O deputado ressaltou que “o PSDB tenta de todo modo evitar que seja demonstrado o modelo e que tudo parte da campanha de Minas Gerais em 1998. Fato, inclusive, comprovado com a autenticidade feita pela Polícia Federal no documento (relatório do ex-tesoureiro de Eduardo Azeredo, Cláudio Mourão, sobre a campanha de 1998), já identificado naquele caso R$ 90 milhões, 124 políticos e 12 partidos”.
Sobre a possibilidade do PT apresentar um relatório alternativo no final da CPMI, Abicalil afirmou que “até este momento, não há uma deliberação sobre um novo relatório. A cada documento que é apresentado como sendo do conjunto da CPMI, sem deliberação, manifestamos as nossas divergências, como é o caso do que o relator chamou de ‘balanço das atividades em 2005’. Para começar, aquele balanço é multiplamente parcial”.
“MENSALÃO”
“O relator afirma que houve mensalão para a compra de votos, quando todos os partidos que depuseram na CPI e no Conselho de Ética desmontam essa tese. Quando se verifica os índices de votação nominal, se observa que em 96% das votações o PFL votou com o governo, mostrando que é um contra-senso a afirmação que eles fazem. Essas pontuações que eu estou fazendo já foram tornadas públicas, seja na oportunidade da apresentação do relatório parcial do deputado Fruet, feita no mês de novembro, seja no chamado balanço apresentado pelo Serraglio. Portanto, no nosso entendimento, não se trata de nenhum trabalho paralelo, oculto, ou que não vislumbre em cada apresentação a manifestação explícita e em plenário, documentadamente ao relator e aos demais membros da CPI”, destacou o deputado.
Abicalil ressaltou ainda que “o chamado balanço de 2005 não foi produzido, ele é um documento de 411 páginas, 40 telas aproximadamente, são eslaides apresentados como balanço, e as outras todas são documentos em poderes da CPI sem qualquer avaliação do relator. Portanto, eu não posso chamar de relatório. Então, nós estamos nos preparando para fazer o debate, evidentemente, apresentando a cada sessão as alternativas e contribuições a serem colhidas. Esperamos que o relator as absorva. Senão, há várias alternativas ao final: o voto no texto do relator, emendá-lo, fazer destaques em separado, ou apresentá-lo como alternativa”.
AZEREDO
Sobre o fato de o caixa 2 de campanha de Eduardo Azeredo ter sido financiado com dinheiro público, o parlamentar disse que “isso consta no inquérito aberto pelo Ministério Público de Minas Gerais. Constava, inclusive, na ação que o Mourão ingressou contra o Azeredo e foi retirado no início de junho. Até o presente momento, o caso do Marcos Valério intermediando recursos para o PT e para outros partidos não se confirmou. Até este momento, não há presença de dinheiro público. Pelo contrário, ao perceber, por exemplo, a existência dos contratos com as três telefônicas controladas pelo Daniel Dantas e o dinheiro da Usiminas, o somatório desses recursos supera os R$ 54 milhões transferidos ao partido. Se nós somarmos os empréstimos tomados de maneira reiterada aos bancos Rural e BMG, de igual modo, nós poderíamos reafirmar, diferentemente do relator, que a fonte dos recursos era privada. Os diagnósticos que a CPI já dispõe aponta para que os recursos possam ser, de fato, empréstimos cobertos por estas empresas privadas que formalizaram contratos com a DNA e a SMP&B. Em relação ao passado, o fato de 1998, essa questão do enduro (Enduro da Independência) financiado com dinheiro do governo de Minas Gerais e pela Cemig já compõe processo em estágio avançado de apuração pelo Ministério Público de Minas Gerais e reitero que constava também no processo que o senhor Cláudio Mourão moveu contra o Eduardo Azeredo e que foi retirado de maneira intempestiva”.
Em relação às movimentações financeiras efetuadas pela SMP&B São Paulo, que possuía um contrato com a Telesp, no então governo Mário Covas, Abicalil disse que “existem elementos que levantaram a suspeição em relação a Telesp porque há uma série enorme de movimentação bancária com destino não identificado. Isso consta da quebra de sigilo, um volume grande, expressivo de saques na conta da empresa de publicidade, na SMP&B em São Paulo. Sem identificar os destinatários. Nós cobramos do relator a investigação destes detalhes. Os saques podem chegar a R$ 42 milhões em valores da época e nós desejamos a identificação dos destinatários. Para nós é estranho justamente que um valor nesse montante tenha passado pelas empresas sem identificação”.
“Essas coisas nós teremos condições de esclarecê-las todas tão logo a CPI volte a ter o plenário em funcionamento, que está previsto para esta semana. São assuntos que interessam a toda a população brasileira, a nós, em particular, mas que dizem respeito à satisfação que temos que dar à sociedade”, afirmou.
“Na minha opinião, a CPI tem elementos suficientes para elaborar um relatório consistente, que esteja em torno da questão dos contratos dos Correios. O caso da Skymaster já está suficientemente diagnosticado, com indícios bastante consistentes e provas da movimentação financeira dos contratos desde 2000. No caso do banco Rural, compreender quais são as formas das contratações dos empréstimos, primeiro ao PT e depois à DNA e para a SMP&B, do jeito que foram feitos. No caso do BMG, nós estamos verificando que ele não só tomou providências de cobrança como ele requalificou em cada etapa o risco dos contratos realizados, seja com o PT, que foi pago, seja com as empresas do Marcos Valério”, ponderou Abicalil.
JORNAL HORA DO POVO

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