Mídia Paulista e o Escândalo das Emendas Parlamentares
Escrito por Guina
em 7 de out. de 2011
(Blog Transparência São Paulo)
"Conforme as informações vão aparecendo, de duas uma: ou o governo Alckmin é conivente com a corrupção no caso da liberação de recursos de emendas parlamentares, ou então estamos assistindo a uma total incapacidade de gestão pública, também passível de investigação."
A pauta básica do escândalo
(do Observatório da Imprensa, por Luciano Martins Costa)
Os jornais paulistas finalmente começam a sair do imobilismo diante das denúncias de falcatruas na Assembléia Legislativa. Na edição de quinta-feira (6/10), a Folha de S.Paulo publica reportagem sobre uma emenda parlamentar destinada a financiar uma construção na cidade de Lourdes cuja utilidade ninguém sabe explicar. Nem o deputado que obteve a verba, nem o prefeito da cidade, muito menos o governo do estado.
Esse é provavelmente o modelo de obra que representa o esquema de propinas denunciado pelo deputado estadual Roque Barbiere, do PTB.
O mistério em torno do barracão avança pela reportagem adentro. A funcionária da prefeitura encarregada das licitações, que supostamente contratou a empreiteira que está fazendo a obra, também não sabe, os operários ignoram e os moradores desconhecem. A Folha indica que há outros “barracões” espalhados pelo estado, mas oficialmente ainda não se registram sinais de qualquer movimento das autoridades no sentido de investigar a denúncia de que parlamentares cobram propina para destinar recursos a prefeituras através de suas emendas ao orçamento.
O jornal lembra que os deputados podem apresentar emendas no valor total de até 1% do orçamento, o que dá a quantia de R$ 188 milhões por ano.
Jornalismo declaratório
O Estado de S.Paulo publicou,em 23 de setembro, que o Ministério Público Estadual havia sido alertado para a gravidade das declarações de Barbiere, mas até agora não foram divulgados dados da investigação.
Segundo os jornais, o governador Geraldo Alckmin resolveu falar mais incisivamente sobre o assunto, mas não apresentou uma resposta. Apenas voltou a cobrar, desta vez com mais ênfase, que o deputado denunciante apresente os nomes dos colegas que recebem propina.
Barbiere já havia declarado que não irá citar nomes, porque isso não é necessário: basta o governo rastrear as emendas solicitadas por parlamentares fora de suas bases eleitorais.
Mas há uma diferença enorme no tratamento que os dois principais jornais do estado dão à manifestação de Alckmin. A Folha coloca a fala do governador num canto de página. O Estado de S.Paulo faz da declaração sua manchete principal do dia.
Não há como dissimular: essa decisão editorial indica que, seja qual for o desenrolar das investigações, se houver investigação, o Estadão procura blindar o governador.
"Conforme as informações vão aparecendo, de duas uma: ou o governo Alckmin é conivente com a corrupção no caso da liberação de recursos de emendas parlamentares, ou então estamos assistindo a uma total incapacidade de gestão pública, também passível de investigação."
A pauta básica do escândalo
(do Observatório da Imprensa, por Luciano Martins Costa)
Os jornais paulistas finalmente começam a sair do imobilismo diante das denúncias de falcatruas na Assembléia Legislativa. Na edição de quinta-feira (6/10), a Folha de S.Paulo publica reportagem sobre uma emenda parlamentar destinada a financiar uma construção na cidade de Lourdes cuja utilidade ninguém sabe explicar. Nem o deputado que obteve a verba, nem o prefeito da cidade, muito menos o governo do estado.
Esse é provavelmente o modelo de obra que representa o esquema de propinas denunciado pelo deputado estadual Roque Barbiere, do PTB.
O mistério em torno do barracão avança pela reportagem adentro. A funcionária da prefeitura encarregada das licitações, que supostamente contratou a empreiteira que está fazendo a obra, também não sabe, os operários ignoram e os moradores desconhecem. A Folha indica que há outros “barracões” espalhados pelo estado, mas oficialmente ainda não se registram sinais de qualquer movimento das autoridades no sentido de investigar a denúncia de que parlamentares cobram propina para destinar recursos a prefeituras através de suas emendas ao orçamento.
O jornal lembra que os deputados podem apresentar emendas no valor total de até 1% do orçamento, o que dá a quantia de R$ 188 milhões por ano.
Jornalismo declaratório
O Estado de S.Paulo publicou,em 23 de setembro, que o Ministério Público Estadual havia sido alertado para a gravidade das declarações de Barbiere, mas até agora não foram divulgados dados da investigação.
Segundo os jornais, o governador Geraldo Alckmin resolveu falar mais incisivamente sobre o assunto, mas não apresentou uma resposta. Apenas voltou a cobrar, desta vez com mais ênfase, que o deputado denunciante apresente os nomes dos colegas que recebem propina.
Barbiere já havia declarado que não irá citar nomes, porque isso não é necessário: basta o governo rastrear as emendas solicitadas por parlamentares fora de suas bases eleitorais.
Mas há uma diferença enorme no tratamento que os dois principais jornais do estado dão à manifestação de Alckmin. A Folha coloca a fala do governador num canto de página. O Estado de S.Paulo faz da declaração sua manchete principal do dia.
Não há como dissimular: essa decisão editorial indica que, seja qual for o desenrolar das investigações, se houver investigação, o Estadão procura blindar o governador.