Yeda Crusius Delira e Aposta na Ficção
Na entrevista coletiva que concedeu nesta quarta-feira, a governadora Yeda Crusius (PSDB) fez uma nova incursão no universo da ficção. Yeda voltou a dizer que a transparência é uma das marcas de seu governo e que sempre procurou investigar as denúncias que pesam sobre ele. Até os bancos da Praça da Matriz sabem que a governadora vem movimentando fundos e mundos para evitar que as investigações avancem na Assembléia Legislativa. A CPI da Corrupção caminha com imensas dificuldades devido ao boicote promovido pelos deputados governistas. A relatora da Comissão Especial do Impeachment, Zilá Breitenbach (PSDB) decidiu arquivar o processo sem ter realizado uma única reunião para analisar os documentos que embasavam o pedido.
Yeda já está no terceiro secretário da Transparência. Os dois ex-ocupantes da pasta, Mercedes Rodrigues e Carlos Otaviano Brenner de Moraes deixaram o governo em rota de colisão com a governadora.
O chefe de gabinete da governadora, Ricardo Lied, é acusado de improbidade administrativa em uma ação movida pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público. A assessora direta de Yeda, Walna Vilarins, foi indiciada por corrupção passiva e formação de quadrilha pela Polícia Federal, por envolvimento em fraudes em licitações investigadas pela Operação Solidária. Yeda não instalou nenhum procedimento de investigação para apurar a conduta de seus assessores, apesar da recomendação de seu ex-secretário da Transparência.
As declarações da atual ocupante do Piratini sobre as providências que tomou diante da fraude no Detran não pisam o solo da realidade. Yeda Crusius passou praticamente toda a Operação Rodin reclamando do “clima big brother” e do pessoal “do lado de lá”, numa referência ao trabalho da Polícia Federal e do MP Federal. Em momento algum, condenou publicamente a conduta dos acusados de envolvimento com a quadrilha que fraudou o Detran. Em recente entrevista no Roda Viva, voltou a criticar o MP Federal, a PF e a Assembléia Legislativa.
A governadora só admitiu ter usado recursos públicos para mobiliar e reformar sua casa depois que a oposição trouxe as notas a público. Flagrada no episódio, voltou a responder que seu governo era marcado pela transparência e que era tudo legal. Nesta quarta-feira, o contador e auditor-geral do Estado, Roberval Silveira Marques, disse na CPI da Corrupção que as compras foram feitas para a ala residencial do Palácio Piratini. Ele não soube explicar por que foram parar na casa particular da governadora. Silveira Marques também admitiu que não sabia que as compras não constam da prestação de contas de bens adquiridos pelo governo, conforme informação do Ministério Público de Contas.
Na ficção que tenta vender à população, a governadora diz que apóia as investigações. Na vida real, sua base parlamentar trabalhou (e trabalha) para impedir qualquer investigação. Na vida real também, Yeda procura posar de vítima, apoiada por uma pesada operação publicitária que despeja milhões de reais nos meios de comunicação do Rio Grande do Sul. Operação esta, aliás, já questionada pelo Tribunal de Contas.
Assim, Yeda Crusius vai chegando ao final do terceiro ano de um governo marcado até aqui pelo autoritarismo, pela ausência de políticas públicas e pelas denúncias de corrupção. Essas parecem ser, de fato, as únicas marcas transparentes e reais de sua gestão.
Fonte: RSUrgente