Legislação de mídia no Brasil precisa mudar, apontam jornalistas

Um diagnóstico da mída na atualidade do Brasil foi o tema debatido hoje durante o Encontro Nacional de Comunicação do PCdoB, em São Paulo, por jornalistas da mídia impressa, televisiva e de internet. Estiveram presentes à mesa de debates os jornalistas Raimundo Pereira, Laurindo Leal Filho e Claudio Gonzalez.

O primeiro a falar na manhã de hoje foi o jornalista Raimundo Pereira, da revista Carta Capital. Em sua exposição, falou de como a democratização da informação passou por processos históricos e sociais ao longo da História. "A democracia tem diversas etapas, da grega escravagista à atual, monopolista, passando pelas democracias populares, como as do Leste Europeu e a popular de base, da China".

Raimundo aponta o período entre o Renascimento e a Revolução Francesa como o começo da produção de jornais, "quando os jornais burgueses têm início". A imprensa da época da Revolução Francesa segue à de cunho industrial, inglesa, com o surgimento do Times em 1715.

Para ele, a The Economist (de 1843) é a principal e melhor publicação burguesa, enquanto o estilo de imprensa inaugurado pelos jornalistas-industriais Hearst e Pulitzer se caracterizam por publicarem notícias irrelevantes, de cunho popularesco, e é esse tipo de imprensa que inspirou a nossa mídia no século passado.

No Brasil, Raimundo aponta o jornal paulista A Província de S.Paulo como o primeiro jornal industrial do país, importante até a revolução de 1930 torpedear os modelos copiados de Hearst e Pulitzer, na ditadura Vargas, que assiste o início da Era Assis Chateaubriand.

"No segundo mandato de Vargas há a percepção do papel da imprensa pelo presidente, e o jornal Última Hora se destaca como a melhor publicação burguesa da metade do século passado", explica. A ditadura militar que se instalou depois do golpe de 1964 "interrompe o ciclo dessa imprensa e extermina fisicamente aqueles que se opunham a ela", conta, dando lugar à mídia que se alinha ao golpe e o venera.

Jornais que auxiliaram os militares são beneficiados, como a Folha de S.Paulo. O Estado de S.Paulo, que no início apóia o golpe, com o decorrer dos anos assume uma posição a favor da redemocratização. Vemos surgir, com o beneplácito da ditadura, a TV Globo, braço televisivo do jornal O Globo, da família Marinho. A redemocratização deixa cicatrizes profundas na mídia.

Raimundo afirma que o jornalismo popular deve se apoiar nos leitores e não nas organizações, já que a questão básica de um jornal popular é colocar em questão as idéias e formar o público. "Qual a idéia mais importante que se tem de vender a esse público? Explicar a mais-valia" ensina. Para Raimundo, é preciso fazer o leitor compreender que é necessário fazer uma mudança profunda, uma transformação revolucionária da sociedade. "A tarefa da imprensa popular é traduzir o significado da realidade econômica do sistema" no Brasil" aponta.

Artigo completo em:
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=14223

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