Derrotar os paulistas

Por Eduardo Guimarães

Sou paulista, paulistano (designação de quem nasce na capital paulista), nascido numa maternidade que existe até hoje numa das esquinas da avenida Paulista. Amo minha São Paulo. Meus pais eram daqui, bem como meus avós, bisavós, tataravós... Enfim, São Paulo é minha terra e não saberia viver em outro lugar deste país. Contudo, não tenho como negar que, apesar de ser responsável pelo exponencial desenvolvimento brasileiro no século passado, São Paulo abriga a elite que escraviza o Brasil.
Os jornalões paulistas, no início do século passado, começaram a forjar a incapacidade que se vê hoje dos paulistas de pensarem por si mesmos. O paulista é escravo de sua imprensa, controlada por um punhado de famílias que gostam de chamar a si mesmas de “quatrocentonas”. É patético. A elite paulista é patética. É gente riquíssima como só há em poucas partes do mundo; ratazanas de sacristia cínicas ao impensável com suas exibições tediosas de “cristianismo”; madames gorduchas com seus penteados esquisitos e seus maridos ostentando panças enormes que flanam por bairros “nobres” como o dos “Jardins” com seus carrões blindados, fazendo cara de nojo para as crianças pedintes nos semáforos. Odeiam os pobres, odeiam os nordestinos, chamam-nos de “baianos”.
Ser governada por um nordestino migrante é a morte para a elite paulista. Baba de raiva ao ver que não é mais suficiente ela controlar os votos dos pobres tanto das regiões centrais quanto da periferia das cidades paulistas, induzindo-os, por meio dos meios de comunicação que controla, a votarem de acordo com o seu desejo.
Nasci no meio dessa gente. Convivi com ela a vida inteira. Freqüentei os mesmos clubes, os mesmos restaurantes, os mesmos espaços desde que nasci. Talvez por isso a despreze tanto, porque a conheço - por ter nascido nesse meio poderia ser um membro dessa elite se não tivesse me dado conta de quem era, do que representava para este país em termos de oprimi-lo e espoliá-lo o quanto é possível, sonegando impostos, explorando migrantes de outras regiões ao pagar-lhes salários de fome etc. E não me venham com a história de que São Paulo paga impostos. Paga porque tem que pagar. Não faz favor nenhum ao país. E paga menos do que deveria.
O Brasil deve derrotar São Paulo em 29 de outubro. Deve, finalmente, colocar meu Estado em seu devido lugar, ou seja, o de apenas mais um Estado da Federação e não o seu dono e dono da vontade de todos os brasileiros. Por isso, como paulista, paulistano, nascido na avenida Paulista, peço ao Brasil que derrote São Paulo, onde uma elitezinha ridiculamente pequena controla até a respiração da massa empobrecida que mal e porcamente sobrevive nas franjas de suas cidades desiguais ao inimaginável.

De Blog Cidadania

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