Alckmin e o Dr. Fantástico

Por Odair Rodrigues

Cientista alemão, trabalhando para os EUA depois da 2º guerra mundial, o Dr. Fantástico é um dos conselheiros do presidente durante a Guerra Fria. No contexto da história contada por Kubrick, o Dr. Fantástico aconselha o presidente Muffley (também interpretado por Sellers) em um momento que a terceira guerra mundial pode ser detonada por um general estadunidense enlouquecido.
O filme, com seu humor sombrio, traduz a paranóia do país de Bush que sempre busca um inimigo para guerrear e/ou, quando não encontra, inventa motivos para bombardear o quintal dos outros.

O que nos interessa aqui é o Dr. Fantástico e seu cacoete pela semelhança com uma figura do cenário nacional. Assim como o personagem de Kubrick, o ex-presidente FHC não consegue esconder seu passado identificado com uma prática ideológica rejeitada por vários povos. Na obra cinematográfica o nazismo é rejeitado, no nosso contexto político, o neoliberalismo.
Fernando Henrique Cardoso foi infeliz ao justificar sua confissão de privatista com o que considera um cacoete.

Argumento falso

O tal cacoete citado por Fernando Henrique tem um sentido mais amplo do que ele desejaria. Mas e a tal frase salva por uma vírgula?
Fosse um texto escrito, haveria o benefício da dúvida. Afinal, muitas vezes nesse espaço cometemos um erro de digitação ou pontuação pela urgência da escrita.
Por outro lado, o ex-mandatário do país falseou o uso da vírgula em sua argumentação. Vírgula é um sinal gráfico, visual e se refere à escrita, não à oralidade.
O costumaz desmentido de FHC, além de seus freqüentes comentários pseudo-intlectuais, já o desacreditaram. Até mesmo Alkcmin não o quer mais por perto devido a indiscreta presença desse Dr. Fantástico da política nacional.
De fato o príncipe das socialites tem vários cacoetes. Um deles é verbal que hora desanca o povo, hora seus aliados. Botocudos, vagabundos, fracassomaníacos, saudosistas do getulismo, foram alguns dos adjetivos dirigidos aos brasileiros e ao movimento popular durante seu governo.
Atualmente sua incontinência frasal tem como vítima seus companheiros de privataria, que tentam a todo custo desvincular a imagem de um passado de entreguismo do patrimônio público. Graças ao confesso cacoete do pouco apreciado FHC, o PSDB/PFL não tem tido sucesso em sua empreitada. A cada frase do tucano-mor, lá se vão alguns pontos do autoritário Alkcmin.
Outro cacoete da versão brasileira da rainha Maria Antonieta (http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Antonieta) é o autoritarismo. Aqueles que lutaram contra a Ditadura Militar, os que foram às ruas pelas Diretas Já e os milhares pelo Fora Collor sentiram uma revolta inominada em maio de 1995: FHC ordenara a ocupação, pelo exército, das refinarias petrolíferas em greve.
O gesto intolerante tomado por um governo democraticamente eleito, despertou um sentimento de traição nos movimentos sociais. Naquele momento, o tucanato deixou evidente que nada nem ninguém ficaria em seu caminho no projeto de privatizar o país.
Sob a promessa de um capitalismo humanista e generoso, os carniceiros da privatização entregaram o patrimônio público a troco de migalhas. Desemprego, apagão, dengue, malária, miséria, alta concentração de riquezas, aumento da violência no campo e na cidade, submissão aos especuladores estrangeiros foi o que recebemos.
Lideranças foram perseguidas, demitidas, vigiadas e presas durante os 8 anos de Fernando Henrique no governo brasileiro. Aplicou, no Brasil, a receita da criminalização dos movimentos populares aprendida com Margaret Thatcher, exterminadora dos sindicatos britânicos.
Simultaneamente à violência contra o próprio povo, ajoelhou-se diante do imperialismo estadunidense através de inúmeros acordos que colocariam nosso destino à mercê de irresponsáveis como Bush, não fosse a política de soberania do governo Lula.
Eis que agora, no pleito presidencial, retorna como tragicômico conselheiro do homem da Opus Dei. Porém seus cacoetes o desmascaram diante do povo mais informado e politizado apesar de uma grande mídia desmoralizada.
Se o Dr. Fantástico não consegue controlar seu braço, FHC não controla a língua.
E nós não esquecemos com facilidade como querem fazer acreditar os civitas, frias, marinhos e mesquitas.

Do Portal Vermelho

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