Esperança Virando Realidade - Canto II
Por Marcos Loures
Nas vilas periféricas, favelas,
A vida se demonstra mais cruel,
Quem pintou dos subúrbios belas telas,
Não tem noção sequer desse escarcéu.
Tantas pessoas boas moram nelas,
Porém se distanciam deste céu
Cantado por poetas e cantores...
Coexistindo as flores, muitas dores...
Injustiças parecem muito fortes,
Distâncias gigantescas entre vidas,
Parecem bem distintas várias sortes.
Caminhos tortos levam despedidas;
São diferentes rumos, sinas, nortes,
As lágrimas iguais são bem sortidas...
Se morre baleado, ou prisioneiro,
D´outra forma, escraviza o brasileiro...
Nossas grandes cidades são infernos!
Na discriminação, o nordestino,
Vestidos pobremente sem ter ternos,
Soam como se fossem desatino,
Famintos sertanejos... Dos modernos
Prédios, os escultores.
Um menino, Sete anos, já conhece muito bem
Como é dura essa vida...
Ser alguém, Pensava esse moleque sonhador.
As laranjas vendendo na cidade;
Vicente de Carvalho, sim senhor,
Logo o trazem de volta à realidade...
Estudar, trabalhar, ser um doutor.
Poder subir, viver na claridade...
Mãe está esperando lá me casa...
Mas, quando acorda, a vida tudo arrasa!
Jogando futebol, sonho acalenta.
Quem sabe jogaria no seu time.
Mas um corintiano, tudo agüenta,
Não há nada no mundo que se estime
Mais que a vitória firme nos noventa
Minutos. A derrota é como um crime,
Teimosamente nunca campeão,
Assim vai se treinando um coração!
Periferia, fera que devora;
Os sonhos são perdidos na poeira.
A morte violenta que se aflora
Em cada esquina. A gente brasileira
Pobre, vai conhecendo assim nest´ hora,
O quanto que é cruel, triste bandeira...
Iguais, no sofrimento, aos do sertão,
São irmãos nessa mesma escravidão!
As laranjas maduras do menino,
Vendidas pelas ruas, dúzias, centos...
Muitas vezes azedam o destino;
Outras tantas, trazendo ensinamentos,
Demonstrando que a vida, sol a pino,
Pelas lutas se transforma, novos ventos...
Nessas mãos tão pequenas, tanta luta.
No caderno, no lápis, força bruta!
Nas batalhas do pai, estivador;
Nos carinhos da mãe mulher zelosa,
A vida acaricia, traz o odor
De alegrias cheirando a flor, a rosa...
Aprender, conhecer que só o amor,
Uma força maior, misteriosa,
É capaz de vencer dificuldades.
Dar, ao final do túnel, claridades...
No Rio de Janeiro, capital
Do país, bem distante do menino,
Em meio aos festejos, carnaval,
Um homem batalhava seu destino...
Trazia nos seus olhos, brilho tal,
Legando ao nosso povo novo tino.
Serpentes perseguiam o velhinho,
Espremiam, deixando-o sozinho...
Quem lutara feroz, estava só...
O poder se tornara uma desgraça,
Quem fora bem mais forte dava dó,
O povo ia perdido pela praça...
Pouco a pouco apertavam forte nó,
Aumentavam criavam nova farsa.
O Brasil, choraria com certeza
A perda de quem fora fortaleza!
Encurralado como fora um cão,
Não vê outra saída mais honrosa.
Aquele que passara, furacão;
Deixando a vida, passa a ser u´a rosa
A brilhar. Verdadeiro coração
Batendo fortemente.
Dolorosa História... Nosso herói, Getúlio Vargas,
As minhas emoções, vozes... Embargas...
Outro herói, Tiradentes... Temos poucos;
Na verdade, esperanças são bem raras...
Liberdade traz gritos belos, roucos,
As nossas lutas sempre foram caras.
Alguns sangrados vivo; outros loucos,
As noites mais escuras serão claras,
A mensagem virá do nosso povo.
Do nosso sofrimento, vem o novo!
Zumbi lá dos Palmares. Liberdade.
O negro, nordestino, índio e pobre,
Nos trarão, com certeza, a claridade.
De tanto sangue e lutas, terra cobre,
Sabermos, bem de perto, essa verdade.
Pois antes que, de novo, o sino dobre,
É preciso lutar, sem descansar.
A vitória final, irá chegar!
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