Presidente da CTEEP é flagrado em conluio com a colombiana ISA
Fonte: Horadopovo
Cinco meses antes do governo de São Paulo doar a da CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) para a “colombiana” Interconexión Eléctrica S/A (ISA) o então presidente da ex-estatal, José Sidnei Colombo Martini, viajou para a Colômbia para se encontrar com os donos da empresa que açambarcaram a CTEEP no dia 28 de junho por apenas R$ 1,193 bilhão, o que corresponde a 7,5% do valor real da empresa (R$ 16 bilhões).
A denúncia chegou às mãos do Ministério Público do Estado anonimamente e continha uma série de documentos e cópias dos comprovantes de embarque, o recibo de hospedagem no Hotel Sheraton de Bogotá e um relatório da viagem feito por Martini, em 2 de fevereiro. O MP teve acesso também a um ofício do secretário estadual de Energia, Mauro Arce, dirigido ao chefe da Casa Civil, Arnaldo Madeira, em que ele solicita o afastamento do presidente da CTEEP para viajar à Colômbia “por orientação e interesse do governo do Estado de São Paulo”. Todos os documentos serão anexados ao processo movido pelo promotor de Justiça Saad Maslun para investigar as irregularidades do processo de doação da Transmissão Paulista. Além de Martini, Mauro Arce também será convocado pelo MP para prestar esclarecimentos sobre o motivo da viajem.
NEGOCIATA
As privatizações realizadas pelos tucanos, tanto no governo federal como estadual, já foram alvo de denúncias de cobrança de propinas para o financiamento do caixa 2 de campanhas eleitorais. Exemplos como a propina cobrada por Ricardo Sérgio de Oliveira – ex-caixa de campanha de Fernando Henrique e José Serra – que, segundo o senador Antônio Carlos Magalhães, cobrou R$ 90 milhões do consórcio Telemar para favorecê-lo na privatização da telefonia e a denúncia que recebeu US$ 15 milhões para montar o consórcio que açambarcou a Vale do Rio Doce, demonstram que um dos principais interesses das privatizações é o recebimento de vantagens financeiras para os políticos que comandam o processo.
Na maioria das vezes, os grupos que “ganham” os leilões são acertados anteriormente. A estatal é, então, subavaliada para garantir a fatia a ser repassada para o agente privatizante. É exatamente esta suspeita que recai sobre a privatização da CTEEP. Ou seja, a empresa – que é responsável por um terço da transmissão da energia elétrica consumida em todo o país – foi privatizada com R$ 600 milhões em caixa. Seu patrimônio é avaliado em R$ 16 bilhões e ela foi vendida por R$ 1,193 bilhões. Além disso, surge agora a denúncia de que o presidente da empresa se reuniu com os futuros “compradores”. Um roteiro que segue à risca a cartilha de privatização do PSDB.
Ao tentar justificar a sua viagem, Martini disse que foi fazer uma explanação dos dados da empresa e que não divulgou nenhum dado que já não estivesse no site da estatal. Entretanto, duas questões ficam no ar: se os dados já existiam na internet, por que ir até a Colômbia para levá-los? E qual o motivo das outras empresas que participaram do leilão não terem tido o mesmo tratamento? Essas são algumas das questões que os envolvidos tentarão responder.
Martini e Mauro Arce são duas figurinhas carimbadas no ninho tucano. Arce participou ativamente com Geraldo Alckmin da privatização do setor energético. Já Martini tem uma estreita relação com o ex-governador de São Paulo, tanto que foi o responsável por parte dos aníncios na revista do acupunturista de Alckmin, o médico Jou Eel Jia.