Caos total em S. Paulo! E agora Alckimin? E agora PSDB?

Por Marcos Loures

SÃO PAULO - O governador Cláudio Lembo adiantou, na tarde desta segunda-feira, 10, que não aceitará ajuda de tropas federais para controlar a situação nos presídios e combater o crime organizado. "Sou grato ao presidente Lula e já aceitei ajuda de logística e informações, mas não quero força federal em São Paulo", declarou Lembo, em entrevista à Rádio Eldorado. O governador ainda não recebeu proposta formal do ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos. "Não é uma posição de vaidade, mas de realismo administrativo. Se nós preservarmos a nossa Polícia Militar e a Polícia Civil, tudo vai bem. Qualquer interferência externa vai criar entropia", argumentou. O governador afirmou que a Tropa Nacional é absolutamente desnecessária e que o Estado tem o controle da situação. "O que precisamos é de informação, porque, às vezes, o crime organizado é mais informado que a própria autoridade", disse Lembo. Ele contou que está fazendo reuniões para troca de informações com secretarias de segurança pública do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Quanto à situação dos presos em Araraquara, o governador acredita que tudo deva voltar ao normal depois da reforma, que deve durar seis meses. "Estamos tentando deslocar presos para outras penitenciárias, mas estamos tendo dificuldades para encontrar vagas." Lembo garantiu que os presos estão recebendo o mínimo para sobrevivência. No início da noite, Lembo recebeu o senador Eduardo Suplicy para discutir as reivindicações dos presos e dos agentes penitenciários de Araraquara. (Colaborou Camila Tuchlinski)11 -07 -06
Criminosos promovem 38 ataques em 11 horas em São Paulo
Criminosos promoveram, entre a noite de terça-feira (11) e a manhã desta quarta, ao menos 38 ataques em São Paulo, segundo balanço divulgado pelo governo Estadual. Os números se referem a ocorrências registradas das 20h às 7h e não incluem os ônibus queimados na capital, Grande São Paulo e litoral.De acordo com o balanço, quatro pessoas foram mortas no período. De acordo com informações da polícia, o número pode aumentar.Na zona norte de São Paulo, homens armados balearam o soldado Odair José Lorenzi, 29, na frente de sua casa, na favela do Boi Malhado, na Vila Nova Cachoeirinha, por volta da 0h10. A irmã do policial, Rita de Cássia Lorenzi, 39, saiu à janela após ouvir os disparos e também foi baleada. Ambos morreram.No Guarujá (litoral), três vigilantes foram mortos desde a noite de ontem. Um deles trabalhava no IML (Instituto Médico Legal), localizado no bairro de Morrinhos. Ele foi baleado ao atender a porta para os criminosos, que fugiram em bicicletas.Meia hora depois, um grupo de homens pulou o muro de um centro comunitário do mesmo bairro e matou outro vigilante a tiros. As duas vítimas trabalhavam para a empresa de segurança GP.Por volta das 5h, um grupo matou com um tiro no rosto o vigia da linha férrea, localizado na avenida Thiago Ferreira. Até as 8h, o corpo permanecia no local.Em São Vicente (litoral), o filho de um investigador da Polícia Civil foi baleado na noite de ontem e morreu no hospital.Na manhã desta quarta, um policial militar à paisana foi ferido a tiros na zona norte de São Paulo. Por volta das 11h30, ainda não havia detalhes sobre o caso.AtaquesOs novos ataques ocorreram após a prisão de Emivaldo Silva Santos, 30, o BH, acusado de ser o "general" do PCC na região do ABC. Ele foi preso no início da noite de terça, na rodovia Imigrantes, em uma operação conjunta das polícias Civil e Militar. Há suspeitas de que a prisão tenha motivado os crimes.Ao contrário da ação promovida em maio e atribuída à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), os ataques desta quarta --os maiores desde então-- atingiram também dois supermercados, lojas de carros e agências bancárias. Ônibus foram incendiados.Por volta das 3h, os criminosos atiraram e jogaram uma bomba incendiária contra um supermercado na rede Compre Bem na rua Condessa de São Joaquim, região da Bela Vista (centro de São Paulo). O artefato não explodiu, mas o fogo atingiu jornais próximos à entrada da loja.Segundo policiais militares da 1ª Cia do 11º Batalhão, bilhetes em folhas de papel sulfite foram deixados na entrada do supermercado, com recados: "contra a opressão carcerária".Em Higienópolis (também região central), criminosos atiraram contra um dos supermercados da rede Pão de Açúcar na rua Maria Antônia.ÔnibusÔnibus foram atacados, em diferentes pontos do Estado.Em Santos (85 km da capital), um ônibus da viação Piracicabana foi incendiado à 1h, na avenida Senador Dantas, próximo ao Canal 4. Um grupo de homens armados obrigou o ônibus a parar e ordenou ao motorista, sozinho no momento, que saísse. Em seguida, atearam fogo ao veículo, que foi totalmente destruído.Outros ônibus também foram queimados, dois em Santo André (ABC), um em Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo) e outros três na região de Pirituba (zona norte de São Paulo).Outros ataquesÀs 0h, uma base da Polícia Militar foi atacada a tiros na praia de Pernambuco, no Guarujá. Ninguém se feriu.Também no Guarujá, atentados atingiram duas lojas de automóveis, no final da noite de terça. Dois carros foram levemente danificados.Segundo os bombeiros, um carro --uma Brasília-- foi incendiado no bairro Santa Rosa. O fogo foi controlado rapidamente.No mesmo horário, dois jovens foram presos acusados de lançarem uma bomba caseira em um caixa 24 horas da avenida Ademar de Barros.A sede da 2º Distrito Policial de Suzano (região metropolitana), localizada na avenida Francisco Marengo, no bairro Miguel Baldra, foi metralhada por volta das 3h desta terça-feira. Aproximadamente 15 tiros atingiram as paredes da delegacia. O prédio estava vazio, já que não funciona no período noturno.Duas bases da Guarda Civil Metropolitana, na zona leste de São Paulo, também foram alvo de ataques. Um grupo de homens armados, em quatro carros, disparou tiros contra a sede do Comando Leste da GCM, na rua dos Têxteis, em Cidade Tirandentes, por volta das 2h20.Uma hora depois, o mesmo grupo disparou mais de 20 tiros contra outra base dos guardas, na praça Getúlio Vargas, em Guainazes. Segundo a GCM, na mesma área os criminosos roubaram cinco táxis para despistar a polícia e realizar novos ataques.Os criminosos também atingiram duas bases da Polícia Militar. Na Praça Rotary, em Santa Cecília (região central da capital), os tiros não chegaram a atingir a base. Já uma base móvel da PM, na rua Flavio Américo Maurano, no Morumbi (zona oeste), foi atingida pelos tiros.MaioNa maior série de atentados promovida pelo PCC, entre 12 e 19 de maio, o PCC promoveu uma onda de rebeliões que atingiu 82 unidades do sistema penitenciário paulista e realizou 299 ataques, incluindo incêndios a ônibus.Na ocasião, a onda de violência seria uma resposta à decisão do governo estadual de isolar líderes da facção criminosa em prisões.A partir de 28 de junho, os atentados passaram a atingir também agentes penitenciários. Desde então, cinco agentes penitenciários e um carcereiro foram mortos. Outros dois agentes sofreram tentativas de homicídio. Ontem, o filho de um agente foi morto na zona sul de São Paulo.

Governador recusa ajuda de tropas federais em São Paulo"Sou grato ao presidente Lula e já aceitei ajuda de logística e informações, mas não quero força federal em São Paulo", declarou Cláudio LemboCamila Rigi

Essas duas notícias demonstram que há uma urgência absoluta de uma intervenção federal no Estado de São Paulo.Não cabe outra solução, sob o risco de se transformar o estado mais rico do país num novo Iraque. As justificativas de que o Estado tem condições de resolver sozinho os seus problemas de Segurança Pública não têm mais embasamento.O Governo Estadual se mostra inoperante desde o começo da crise, a bem da verdade, bem antes dela. Desde a formação do PCC, passando pela crise nas FEBEMs e pelas denúncias de conivência das secretarias ligadas à segurança e aos presídios, a partir do fato de que há fortes indícios de que foram avisadas e negociaram para que houvesse o término da primeira etapa desses ataques.A estrutura do PCC se aproxima da Máfia, com penetração em todos os níveis da estrutura de poder paulista. Passando por um bem montado esquema de distribuição de poder, inclusive com ações coordenadas e bem feitas.O embrião deste esquema surge com as rebeliões do começo dessa década, tendo tido a vergonhosa ausência de resposta séria pelo governo paulista.A cada dia, percebemos que a ineficiência deste estado, e sua ação, no mínimo suspeita, por total falta de atitude, sendo omisso em todos os níveis, é a principal fomentadora dessa situação insustentável.Quando Cláudio Lembo diz que não precisa de ajuda federal, tenta, de qualquer modo, evitar que se respingue a crise nos candidatos ligados à coligação ao qual pertence. A possibilidade do Governo Federal, através dos mecanismos que tem, de resolver essa situação, apavora a cúpula tucana e pefelista.Isso, a bem da verdade, é um verdadeiro crime contra a população paulista. Essa é a verdadeira vítima, estando a mercê de um Estado fraco e preocupado mais com um desgaste político do que com a segurança e a integridade de sua população.Vergonha! A cada assassinato, cada vez mais se clama por Vergonha!Nunca poderia imaginar que a unidade mais importante da nação estivesse abandonada desta forma.A intervenção federal se torna a única saída para mitigar o sofrimento e a angústia desse povo, abandonado à própria sorte, no fogo cruzado entre o crime organizado e a soberba de autoridades incompetentes desde o nascedouro até a explosão dessa crise sem par na história nacional.E o povo, refém desse absurdo, não pode fazer nada; a não ser dar uma resposta a essa situação com seu voto. Execrando essa mesma "elite branca" que tomou conta do estado nos últimos doze anos.No começo da crise, previamente anunciada e avisada ao poder público, tivemos o assassinato em série de policiais, somente cessando, ao que tudo indica, com acordos selados entre os grupos rivais, ou seja PCC e Governo Estadual.A polícia, revoltada, promoveu um Carandiru a céu aberto, com mais de trezentos mortos.E o Estado, omisso em ambas as situações, se disse capaz de resolver.Agora, o reinício dos ataques demonstra o quanto o DESGOVERNO CRÔNICO QUE SE ABATEU SOBRE SÃO PAULO É CRIMINOSO.
INTERVENÇÃO JÁ!

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1 comentários

  • MARCOS LOURES  
    13/7/06 7:17 PM

    Temos visto, nos últimos dias, um aprofundamento sobre os sistemas de cotas nas Universidades.
    O aspecto que se discute é com relação à utilização do fator racial enquanto fator preponderante para essa cotização.
    Discordo, profundamente, de tal parâmetro para se analisar o benéfico sistema.
    Vivemos num país onde, historicamente, os negros foram alijados da participação a qual teriam direito tanto na colonização quanto na distribuição de terras e de benefícios, desde a abolição da escravatura.
    Obviamente essa discriminação, chegada ao extremo de se colonizar as novas terras com imigrantes vitimizados por períodos de crises econômicas nos seus países de origem em detrimento da gigantesca população negra e mestiça que havia no Brasil, nessa época, é uma das maiores mazelas e dívidas do Brasil com a população negra.
    Pior, muito pior é a situação dos descendentes dos indígenas, alijados e mortos em suas próprias nações.
    Até aí, tudo bem, concordo plenamente que é importante e urgente se fazer tal resgate, mas há um aspecto que não podemos negar: a experiência feita nos Estados Unidos não cabe no Brasil, onde temos uma realidade muito diversa.
    Partindo-se do pressuposto que lá havia uma política oficial de discriminação e segregação, a população negra enfrentava não somente das injustiças indiretamente relacionadas como, também, de uma segregação oficial e odiosa.
    Se nos lembrarmos de Malcom X e Luther King, veremos que há grandes diferenças entre o momento histórico e as motivações entre esses e Ganga Zumba, por exemplo.
    A escola pública foi sucateada e destruída pelas décadas de desgovernos e políticas elitistas com relação à educação, isso é inegável.
    Sou de um tempo onde se havia uma escola pública não somente de bom nível, como também extremamente desejada pela classe média e, nas cidades pequenas, pela própria elite dominante, branca, mestiça ou negra.
    O início de uma revolução com relação à qualidade do ensino público, é uma verdade alentadora, com a melhoria, tanto das condições físicas, quanto técnicas, a partir da implantação das Leis das Diretrizes Básicas do saudoso Darcy Ribeiro.
    Obviamente, isso demandará tempo para que surta o efeito desejado.
    E, nesse meio tempo, e tão somente nesse meio tempo, defendo exaustivamente a política de cotas para os ESTUDANTES DO ENSINO PÚBLICO, associados a uma análise sócio-econômica já que, nas cidades pequenas, em muitas delas, somente temos o ensino público, tanto para as elites quanto para o proletariado.
    Até porque, temos a possibilidade de alguns cursarem a escola pública num período e, no outro, fazerem seus cursos pré-vestibulares particulares.
    Não vejo a defesa dessa tese, como uma idéia racista ou não. Não consigo conceber que a raça, ainda mais num país onde temos tantos matizes e raças quanto possíveis, possa ser critério justo de seleção para preenchimento de cotas.
    Outra coisa que me deixa preocupado é com relação aos critérios utilizados para se distinguir o que é negro ou afro descendente e o que não é; pelos critérios norte-americanos, a alva e loura cantora Mariah Carey é tida como negra, embora isso seja, fenotipicamente e geneticamente, de uma absurda heresia.
    O branco, neto de negros ou de brancos é, pela genética, recessivo em todos os quatro genes que dão à tonalidade da pele.
    Corremos o risco de criarmos os branco-negros, e os branco-brancos, coisa tão absurda quanto indecente.
    Cursei a minha faculdade na UFRJ, uma das poucas em que poderia estudar, filho de professores de ensino médio e fundamental, já que não dispunha de dinheiro e o crédito educativo era uma figura de retórica no longínquo 1980.
    Minha esposa, Rita de Cássia, filha de lavradores, branca na tez, trabalhava durante o dia numa Escola para, depois de viajar mais de cinqüenta quilômetros, cursar pedagogia em uma faculdade particular.
    Isso não é o ideal, longe disso, mas sinto que, se mantivermos a cotização racial, exemplos como o de Rita terão que ser repetidos no dia a dia, sem a esperança da justiça que, somente ela, igualará os seres humanos.
    Estudamos, eu e Rita, em escolas públicas, com dez anos de espaço entre a minha época e a dela, em realidades diversas, eu em Muriaé, cidade do interior de Minas, com seus cem mil habitantes, e ela num distrito de Ibitirama, Santa Martha, nos grotões capixabas.
    Outra coisa que precisa ser avaliada é a infeliz idéia do Senador Paulo Paim, a da proibição de se matricular nas Universidades Federais quem tiver condições econômicas de pagar um curso superior.
    Discriminação de um lado e do outro não levam a lugar nenhum.
    Como, via de regra, as Universidades públicas são tidas como a excelência do ensino superior no país, essa atitude coibiria alguns dos melhores alunos, tanto pobres quanto ricos, de estudarem nestes centros.
    Uma idéia que poderia ser analisada seria a de implantarmos centros de estímulo a crianças superdotadas, com o incentivo governamental para que essas, independente da origem social, tenham o desenvolvimento de suas genialidades estimuladas.
    Tal experiência já existe em alguns países e, mesmo no Brasil, como as APAEs.
    Qualquer atitude em relação à cotização deve ser analisada sob o parâmetro socioeconômico e por tempo determinado, o tempo necessário para se elevar a qualidade do ensino público.
    Concordo com Cristovam Buarque quando afirma que esse deverá ser um compromisso entre todos os políticos brasileiros, pois a educação, assim como a saúde e a segurança pública são os bens primordiais de qualquer povo, assim como o alicerce para se formar uma nova sociedade mais justa.

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