Empregados Domésticos e o FGTS

Por Marcos Loures

Em primeiro lugar, temos uma coisa que deve ser analisada friamente: os empregados domésticos, assim como e qualquer trabalhador tem que ter seus direitos preservados e isso ninguém pode negar.O FGTS é direito de todo e qualquer trabalhador, isso é outra verdade inquestionável. Um direito que deveria ser universal para todos os trabalhadores.Agora, outra coisa que temos que pensar é a forma, por que e por quem essas mudanças na lei trabalhista foram propostas.A mudança súbita no pensamento dos representantes das oligarquias, como os Coronéis e os grupos ligados a um passado de semi-escravidão em que vive ainda boa parte do povo brasileiro, é interessante e sintomática.Quem, no passado recente, esteve no poder por décadas, de repente, passa a ter um discurso totalmente diverso da prática, enquanto poder e enquanto representantes de grupos dominantes.Isso é sintomático, remetendo a uma demagogia incrivelmente explícita.Durante as décadas em que estiveram no poder, em momento algum se lembraram de olhar para a cozinha, para a babá de seus filhos ou para o jardim, onde estavam seus fiéis e dignos trabalhadores.Temos notícia até de trabalho escravo praticado por membros do Congresso Nacional, e isso não interessou, em momento algum, seriamente aos "pares".Eu, particularmente, membro de uma classe média baixa, não possuindo nada além de uma Brasília 1978, pago salário, com carteira assinada e deposito o FGTS da minha secretária doméstica. Por isso, posso falar com toda a serenidade.Acredito que, grande parte das nossas secretárias, prefere ter o benefício da carteira assinada, o que é, inegavelmente, obrigação de todos os empregadores.Mas, com as características próprias da relação entre patrão e empregado, na relação doméstica, o recolhimento do FGTS e suas obrigações, levará a demissão em massa dos empregados domésticos.Não se pode onerar mais a classe média que já é altamente explorada pelos impostos que paga.Seria de bom tom, investigar-se quantos dentre os "novos defensores de direitos trabalhistas" pagam o FGTS de todos os seus empregados domésticos. Teríamos uma surpresa desagradável. O discurso que, na prática não funciona é pura demagogia. Ainda mais de onde vem tal discurso.Podemos observar que, pelo simples fato de um Governo, independente de qual for, ter uma proposta que aumentará o número de beneficiários da carteira assinada, para que o mesmo grupo que tinha as chaves do poder, tentar prejudicar, direta e indiretamente os setores mais necessitados da sociedade brasileira: a classe média e o proletariado. E com finalidades puramente eleitoreiras. Isso é um sinal da capacidade da tentativa de prejudicar o Presidente, sem se importar com o que quer que seja.Que se dane a classe média e os empregados domésticos.O que importa é "sangrar" o Lula. É isso que pensam os mesmos que nunca lutaram por direitos das classes sociais mais desvalidas e indefesas."Que bom se o Lula vetar, vamos poder acusá-lo de ir contra os direitos dos trabalhadores. E, se ele não vetar, que se danem os milhares de empregados demitidos e a classe média que pague a conta".Esse tipo de raciocínio, o mesmo usado no ano passado com relação ao salário mínimo de 380 reais, e com o reajuste dos aposentados no mesmo percentual do salário mínimo é, demagógico e eleitoreiro.Ao invés de aprovarem a unificação das arrecadações da Fazenda com a Previdência, o que permitiria a diminuição dos Impostos, já que inibiria a sonegação, tentam penalizar a classe média e o proletariado.Partindo de quem recebeu fortunas pelas "convocações extraordinárias" e custam à nação, mensalmente rios de dinheiro, isso é de péssimo tom.Para quem, a cada dia, através dos escândalos que pululam neste e em todos os governos, têm a imagem ligada à roubalheira e à corrupção, esta atitude chega às raias da hipocrisia.Conforme disse acima, sou favorável ao resgate da cidadania dos empregados domésticos, assim como o dos lavradores, mas isso passa, em primeiro lugar, pela formalização dos empregos nessas áreas.Aliás, sugiro que o benefício do FGTS se estenda aos lavradores, queria ver qual seria a reação da bancada ruralista, em sua maioria favorável a aprovação desse para os empregados domésticos.Não custa nada a classe média se lembrar desses fatos em outubro, muito menos o proletariado.FGTS para todos, inclusive para os lavradores, esse é o meu brado!Além, disso, a extinção de aposentadoria dos parlamentares, a não ser que tenham os 35 anos de prestação, comprovada de serviços. A economia que faríamos com esse novo tipo de sanguessuga, ajudaria a melhorar o salário dos "vagabundos" citados por um ex-presidente de triste passado.

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2 comentários

  • MARCOS LOURES  
    7/7/06 10:30 PM

    Antonio Carlos da Serra Neves Maia - por enquanto...
    Por Marcos Loures 06/07/2006 às 22:20


    Sobre o dia a dia de um certo Geraldo...


    Esqueçam o que ele disse
    Em menos de 48 horas, o candidato Geraldo Alckmin deu o dito pelo não dito.

    Na última segunda-feira, entrevistado no programa Roda Viva da TV Cultura, ele disse que era favorável à reeleição para cargos executivos. Disse que as regras eleitorais não devem mudar a todo instante, no que tem razão. E que se for eleito presidente não mexerá um dedinho para acabar com a reeleição.

    Então o mundo desabou na cabeça de Alckmin. A declaração dele disse repercutiu muito mal dentro do PFL - e pior ainda dentro do PSDB.

    José Serra em São Paulo e Aécio Neves em Minas Gerais são os dois maiores cabos eleitorais de Alckmin. Ou melhor: poderão ser. E os dois dormem e acordam todos os dias pensando em disputar a eleição presidencial de 2010.

    Alckmin sabe disso. E sabe também que Serra e Aécio não suarão a camisa para derrotar Lula se ele, Alckmin, não se comprometer em acabar com a reeleição. Do contrário, a reeleição de Lula será mais conveniente para Serra e Aécio.

    Devido às pressões que recebeu, Alckmin recuou. Garantiu ontem que foi favorável à reeleição, sim - foi, não é mais. E que a reeleição está longe de ser uma questão programática.

    Pegou mal. Que candidato é esse que muda facilmente de opinião em prazo tão curto?

    Duvido que Serra e Aécio acreditem nele.

    Alckmin será obrigado a assumir de maneira convincente o compromisso de acabar com a reeleição se quiser a ajuda de Serra e de Aécio para vencer Lula.

    Assim Geraldo vai acabar ficando louco.
    No começo, vinha o Dr. Alckmin, feliz da vida com a vitória na convenção que não houve no ninho tucano.
    Avisou a todo mundo que conhecia que iria ser candidato à Presidência da República, deu entrevistas aos jornais, eufórico.
    Mal reparara no carequinha que saía, meio de banda, com uma cara de poucos amigos. Nem percebera que certo quarentão, com ares de playboy, observava tudo lá em cima da montanha, com caras de quem comeu e não gostou.
    Sobraram os agrados do Velho Sociólogo, com seu sorriso escancarado, com o imutável aspecto de quem comeu chuchu e fingiu que era pavê.
    No começo, tudo às mil maravilhas, ia o nosso amigo comemorando com a sua esposa, a bela Lu, mas...
    Logo de cara falou em Choque de Moralidade. Pois é, não é que os canalhas vieram falar de um negócio na Nossa Caixa, coisa pequena, daquelas que a gente esquece. Mas, ao descobrir que quem abriu o bico foi o Afanásio, logo ele, Afanásio, amigo do Ratinho, defensor do “bandido bom é bandido morto”, veio com essa história. Paciência, cada um tem o Roberto Jéferson que merece...
    Aí, passam uns dias e vem a história dos vestidos da Lu. É duro, a gente nem percebe que o closet da patroa tá cheio de roupa. Geraldo sempre foi um sujeito muito discreto, nada de mexer nas roupas da mulher...
    Mas, tudo bem, a gente perdoa, vamos em frente.
    Passam uns dias e o japa, aquele da acupuntura, que tem negócios com o menino, coisa boba... Mas, vai o pessoal e vasculha e descobre que uma estatal tava fazendo propaganda na revista do colega. Quê que isso tem demais? “Enquanto eu não era candidato, ninguém falava disso...”
    Passam uns dias e aquela brigaiada danada dentro do parceiro PFL. Vem fofoca de lá, fofoca daqui, até encontrarem o meu partner.
    Não foi muito do seu agrado não, mas fazer o quê? Logo o responsável pelo “apagão”, o pessoal começou a pegar no pé- virou dupla caipira “Apagado e Apagão”, pelo menos esqueceram um pouco esse negócio de Chuchu, isso é muito chato...
    Pois bem, chega maio, foi dar uma voltinha a New York, sabe como é, passear por lá pra ver se o FHC apresenta alguns parceirinhos, essas coisas.
    Não é que o PCC resolve aprontar das suas? Vem o chato do Lembo me ligando pra pedir ajuda. “Se vira, o Governador não é você?”
    Aí, o desgraçado vai correndo atrás do Lula.
    Não se pode nem mais viajar em paz?
    Falar em viagem, fizeram Geraldo passear montado em jumento, quase caiu, fizeram comer comida baiana, buchada de bode, uma mistureba que acabou em piriri. Tá achando que o estômago é de ferro?
    Passa um tempo e, como não conseguia decolar nas pesquisas, mudaram o nome do camarada – agora é Geraldo. Acaba Gegê, das candongas.
    O chato do Lembo não percebeu que, se ele não conseguiu agir contra os aprendizes da Febem, ia controlar o PCC? Só o Lembo pra ter uma idéia dessas!
    Geraldo, novo nome, mesma cara, mesmo jeito, agora teve que aprender a ofender os outros.
    Camarada pacífico, pacato, de repente começou a xingar todo mundo.
    Até de ladrão andou chamando os outros, quem te viu quem te vê!
    Outro dia, tomou bronca do Padim Toninho, “VOCÊ ESTÁ PROIBIDO DE FAZER CAMPANHA PARA O SEU PARTIDO NA BAHIA”.
    Baixou a crista e ficou quieto...
    Agora, feliz da vida, foi chamado para o “Roda Viva”, na TV Cultura.
    Pois bem, foi falar que era a favor da reeleição. Achou que tava agradando o Velho Sociólogo, o pai da idéia. Mas, que nada, outra vez tomou bronca. Dessa vez do playboy das montanhas e do careca paulista.
    Aí teve que se desdizer “Eu achava que era a favor, mas agora acho que não sou mais”. Pediu ajuda aos universitários e pensou: “Até o final da campanha, eu vou ter que fazer tanta coisa e mudar tanto que, no fim de tudo, acho que meu nome vai ser Antonio Carlos da Serra Neves Maia, isso por enquanto...”.

  • MARCOS LOURES  
    7/7/06 10:31 PM

    Tucanolândia - capítulo 1 - Projeto Sivam
    Por Marcos Loures 06/07/2006 às 18:29


    Recordar é viver, eu ontem sonhei com você ou do pesadelo...



    O esquema já estava montado, não fora difícil convencer o embaixador a entrar com a influência que tinha sobre o Governo daquele país do terceiro mundo. Famoso pelas transações que envolviam sempre desvio de verba para corrupção do governo.
    Sempre, desde a década de sessenta, a tão falada “caixinha” era sistematicamente usada pelo sistema público, desde os mais baixos escalões, para que desse andamento aos processos até aos mais altos, com finalidades várias, desde ganho de processos sem licitação até construções, através de empreiteiras, de obras públicas e de projetos “de segurança nacional”.
    Esse era o caso, havia necessidade da proteção do espaço aéreo, já que a republiqueta tinha uma vasta floresta e precisava de um sistema de vigilância abrangente.
    Obviamente, o ministro da aeronáutica daquele país estaria envolvido nas negociações, embora não se possa afirmar que sabia de alguma coisa.
    O empresário em questão, chefe do cerimonial da Presidência da República, utilizou-se do cargo, com ou sem o consentimento do presidente, isso também são especulações, para fazer a negociata.
    A questão é que a empresa ganhou, sem licitação, o contrato que ultrapassava um bilhão de dólares.
    Isso mesmo, um bilhão de dólares, coisa de se espantar!
    O Presidente, ao saber do fato, demitiu os envolvidos ou forçou-os a pedir demissão. Gesto nobre, porém, como veremos a seguir, um tanto estranho...
    Uma outra empresa ganhara o contrato para a instalação e desenvolvimento de softwares para o projeto, mas, como fraudara e falsificara guias de recolhimento da previdência social, foi afastada. Após isso, a empresa entrou em falência, mas ressurgiu com outro nome de fantasia e arrebatou tudo de novo.
    Um bilhão de dólares para um país pobre é dinheiro que não acaba mais, assustando até o presidente da maior economia do mundo, quando soube da “bagatela”.
    O que poderíamos esperar de um homem sério, desejoso de proteger o capital nacional? A apuração e punição dos fatos, obviamente...
    Ao se instalar uma comissão do congresso para analisar e punir, o que se viu, para espanto de todos, foi o esvaziamento dessa comissão. Ficando todos impunes...
    Somente os habitantes daquela terra “abençoada por Deus”, ficaram a ver navios. E, pior, em plena selva amazônica...

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