A Missão Impossível de Serra Representar o "Pós-Lula"
Quem pensa que a pesquisa Ibope deixou tranqüila a oposição, engana-se redondamente! Isto porque os demo-tucanos sabem da difícil tarefa que terão pela frente, para tentarem convencer o povo de que o seu pré-candidato, José Serra, pode representar o “pós-Lula”, como ele vem dizendo em suas entrevistas e discursos. De acordo com os números do levantamento, nada menos que 65% dos entrevistados desejam a continuidade do governo Lula.
Ou seja: o desafio de Serra é tentar convencer os eleitores de que ele, que sempre esteve ligado ao ex-presidente FHC, é essa continuidade de Lula! Não é exagero dizer que se trata de uma tarefa hercúlea, visto que o mais natural é a população confiar na pré-candidata que o próprio presidente Lula escolheu: Dilma Rousseff (PT), que sempre esteve ao lado de Lula durante todo o seu governo. A petista, de fato, representa essa continuidade do governo Lula e não Serra, que foi figura de destaque no governo FHC.
Neste sentido, a intenção de votos mostrada nesse momento pela pesquisa – 36% para o tucano e 29% para a petista – pouca coisa quer dizer, posto que uma grande parte da população ainda não associa a imagem de Dilma ao presidente Lula. Esse quadro deve mudar bastante ao longo da campanha, especialmente após o início do programa eleitoral gratuito na rádio e na TV, quando Lula aparecerá então pedindo votos para a pré-candidata petista.
Maioria absoluta quer continuidade do governo Lula
Para se ter uma idéia, o Ibope mostrou que 83% dos entrevistados consideram o governo Lula ótimo ou bom, o que corrobora a tese de que o presidente é um fortíssimo cabo eleitoral para Dilma. Não é por menos que 65% dos entrevistados – a maioria absoluta – declararam querer a continuidade desse governo. E deve-se destacar que boa parte desses que querem a continuidade ainda não “colaram” a figura de Dilma à de Lula.
A oposição tenta, neste sentido, tapar o sol com a peneira, dizendo que a transferência de votos de Lula já se deu por completo e que de agora para frente é apenas com Dilma. Nada mais falacioso! Naturalmente, a pré-candidata petista tem que demonstrar, como está fazendo muito bem, que está preparada para o desafio de ser a próxima Presidente da República. Mas a oposição se auto-engana quando diz que a transferência de votos de Lula já está completa, quando na verdade ela ainda nem começou direito.
A verdadeira transferência de votos se dá de uma maneira mais perceptível a partir da terceira fase da corrida eleitoral, ou seja, a partir do dia 6 de julho, quando começa a campanha propriamente dita. Neste período, Dilma deverá cumprir suas agendas por todo o Brasil – já como candidata – e é mais do que natural que Lula esteja com ela em algumas atividades. Na quarta fase da campanha – a da propaganda no rádio e TV – a transferência de votos fica mais intensa!
Eleitor favorável a Lula deve votar em Dilma
De um lado, Serra não baterá em Lula – que fique claro: não porque ele não quer bater, mas sim porque ele não pode bater, dada a enorme popularidade do presidente. Neste sentido, restará ao tucano bater em Dilma, procurando desqualificar a ex-ministra e tentando convencer o povo de que ele é mais preparado com ela para “continuar” os avanços de Lula. Do outro lado, estará Dilma, com toda a competência de quem esteve ao lado de Lula no centro do governo, defendendo um projeto aprovado pela maioria absoluta da população.
E aí entra Lula: imaginem a reação do eleitorado quando o presidente, no horário eleitoral gratuito, pedir voto para Dilma, afirmando que ela é a sua candidata para a continuidade! Não há dúvidas de que essa expressiva parcela do eleitorado que aprova Lula tende a votar na petista. A lógica é simples: a população confia em Lula e, diante disto, a probabilidade maior é de que receba o voto aquele candidato que é apoiado por Lula – no caso, a petista Dilma Rousseff.
Percebe-se, dessa maneira, que os números das recentes pesquisas que colocam Serra ligeiramente à frente de Dilma não são suficientes para tranqüilizarem a oposição. Os demo-tucanos sabem da complexidade desse processo e se, por outro lado, apostam em “tropeços” de Dilma, pelo fato dela nunca ter disputado uma eleição, é grande a chance de “quebrarem a cara”. A ex-ministra vem se mostrando cada dia mais preparada e firme não somente para fazer uma eleição vitoriosa, como também para ser uma grande Presidente da República.
Fonte: Boteko Vermelho