O Globo:Uma Verdadeira Piada

Três notícias de 'O Globo'. E um leitor angustiado...

Confesso que estou angustiado: acho que vou ter que voltar a assinar O Globo. Está ficando muito difícil deixar de ler um jornal tão hilariamente. Hoje, há três textos que valeriam os quase R$ 2 por dia da assinatura:

Por Ivson, no blog Coleguinhas, Uni-vos!


1. Nota do Ancelmo Gois desfaz do Nove-Dedos ao duvidar de que ele tenha lido Veias Abertas da América Latina, do Eduardo Galeano. A base para o deboche é que Lula teria aconselhado o Djalma Bom a não ler Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo, de Vladimir Ilitch Ulianov, mais conhecido como camarada Lênin. Pode ser que N-D não saiba o que está escrito em Veias e aconselhado o Bom a não ler a obra leninista, mas o que a nota mostra mesmo é que o Ancelmo não tem a menor ideia do que está escrito no livro do revolucionário russo (vou dar de barato que ele leu o do Galeano).

Esquerdismo é chato para caramba! Pior do que ele só Materialismo e Empirocriticismo, que é inominável e só terminei porque era tarefa partidária e sempre fui tarefeiro disciplinado (tá certo que li na versão portuguesa, mas mesmo em português do Brasil tenho certeza de que o suplício seria o mesmo). Já Veias Abertas, todo mundo sabe, é uma obra-prima não só pelo conteúdo, mas também pelo belo estilo de Eduardo Galeano. Assim, não há nada de errado ter lido este e não ter lido o outro — uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, Ancelmo;

2. Bem mais gozada é a matéria raivosa sobre a reportagem do El País a respeito da ideia de construir-se muros para cercar as favelas. A matéria do jornal espanhol contém muitos erros, é verdade, mas o que é aquele texto editorializado, rapá?! Fica patente que O Globo sentiu o golpe, pois, embora tenha falhas gritantes, o correspondente Francho Barón — e o magnífico José Saramgo antes dele — acertou em cheio no significado dos muros: são para separar de vez pobres do resto da sociedade carioca, partir irremediavelmente a cidade. Usa-se aquele discurso ambiental tão em voga para justificar um monte de sandices e segundas intenções para disfarçar o real objetivo do projeto, que — agora não há mais dúvidas, se é que elas existiam antes — é apoiado de corpo e alma pelo Globo.

Ah! Como recordar é viver, foi do El País a primeira matéria sobre o trabalho do fotógrafo francês JR, que registrou os olhares de pessoas do Morro da Providência após o assassinato daqueles três rapazes pelas tropas de ocupação do Exército. Como você deve lembrar, os olhos foram impressos em painéis gigantes e era visíveis da Praça 11, mas o pessoal do Globo só viu depois que a reportagem do El País começou a correr a internet. Ironia histórica: o trabalho de JR agora é atração oficial do Ano da França no Brasil, projeto apoiado pelas Organizações Globo.

3. Por fim, algo ainda mais engraçado. Matéria sobre o filme de José Joffily vem com o título Olhoz azuis. Primeiro pensei que a obra tivesse um título irônico, mas depois vi que era erro do jornal mesmo. Parece que finalmente aconteceu algo que já era de se prever: a falta de cuidado com o texto que caracteriza do Globo On line passou a contaminar também o jornal de papel. O problema é que, no mundo digital, dá pra consertar rapidinho, no analógico fica para a história.

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