A pressão da mídia corporativa
Por Luís Brasilino
A mídia conservadora brasileira não se intimidou com o revés sofrido no segundo turno das eleições presidenciais. Enquanto setores da esquerda mais próximos ao presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva comemoram a derrota imposta à grande imprensa, esta nem bem esperou a apuração acabar para iniciar uma nova batalha. Dessa vez, em torno da condução da política econômica do país.
"A mídia tentou derrubar o Lula e agora resolveu fazer o ministério dele. Não é só isso. Querem arbitrar sobre qual é a política econômica que ele tem que fazer", observa o economista José Carlos de Assis, editor do site Desemprego Zero. Para ele, entretanto, o mais importante é o compromisso assumido pelo presidente de fazer o país crescer 5% por ano.
É exatamente esse compromisso político para o segundo mandato que preocupa a elite conservadora e, por extensão, a grande imprensa. Evidentemente, não se pode bater de frente com uma meta dessas e proclamar-se contra o crescimento. Sendo assim, surgiu um plano econômico que passou a permear as páginas dos maiores jornais do país.
A proposta seria assim. Apenas cortar juros não é suficiente para fazer uma economia se desenvolver. Tais recursos , sugere a grande imprensa, aliás mesma proposta do tucano Geraldo Alckmin, na campanha presidencial, viriam do corte de gastos públicos para ter sobra de caixa e, assim, reduzir a carga tributária. Pagando menos impostos, os empresários teriam mais dinheiro para investir e, assim, reanimar a economia. É o choque de gestão de Alckmin.
Manipulação
Ou seja, a imprensa conservadora promove um plano para deixar tudo como está. "A mídia brasileira é muito ardilosa. Ela reflete bem o que é a nossa burguesia", comenta o jornalista Altamiro Borges, editor da Revista Debate Sindical. Ele compara a elite tupiniquim com a venezuelana que, aos primeiros sinais de contrariedade a seus interesses, tentou um golpe de Estado, mal-sucedido, contra o presidente Hugo Chávez, em abril de 2002. "A burguesia brasileira não dá o jogo por vencido, não vai para a confrontação direta. Tenta enquadrar por meio da cooptação para, num segundo momento, adotar uma postura de linchamento", analisa.
Para ele, a mídia comercial também adotou como alvo a política externa, pressionando para uma reaproximação do Brasil com os Estados Unidos e a União Européia. Em paralelo, quer que o governo endureça a relação com a Venezuela e a Bolívia. Também impede debates sobre a concentração do poder midiático. "Não querem discutir o papel da mídia no Brasil. Não aceitam debater a criação de um canal público, aberto e de qualidade. Não aceitam o fortalecimento de meios alternativos de comunicação. Não aceitam discutir a questão das verbas publicitárias do Estado", afirma.
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