Uma estrela Com Cheiro de Esperança

Por Marcos Loures

A vitória de um cidadão vindo das camadas sociais mais exploradas do país, com experiências de vida ligadas à miséria e fome no seco interior nordestino e depois na periferia dos grandes centros, quando migrou para o "Sul Maravilha", nas eleições para a Presidência da República de um dos países mais ricos do mundo, líder de um bloco econômico importante como a América Latina, já surpreendia o mundo em 2002.
O interessante disto tudo é que, esse cidadão de origens humildes e proletárias passou a ser visto como referência de bom senso e de capacidade extrema de conciliação e de diálogo, sendo respeitado por líderes tanto de primeiro quanto de enésimo mundo.
Visto sob uma ótica errônea, era tido como um radical inflexível e um ignaro, incapaz, algo que beirava ao esdrúxulo.
Esta visão foi logo substituída por outra, a de um líder nato e, coisa rara, com experiência de vida num dos países mais injustos do planeta, mesmo sendo um dos mais ricos.
A vítima do coronelismo impregnado no Nordeste e, a posteriori, das oligarquias econômicas do Sudeste rico e injusto, passou, com conhecimento de causa, a ser observada com uma ótica diferente.
Todo líder é amado e odiado na mesma e antagônica medida.
Com Lula não é diferente. Ele é amado e respeitado e odiado e visto com despeito por vários outros.
Há uma coisa que concordo plenamente, Lula tem trinta por cento de votos sob QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA da mesma forma que é rejeitado por outros tantos por cento.
Isso, da mesma forma que ocorre com Lula, ocorre com qualquer outro líder.
Entre esses extremos, temos os quarenta por cento que aprovam ou desaprovam de forma mais independente.
Foram estes que o elegeram há quatro anos e o reelegeram agora, em 2006.
Não foi fácil, aliás, foi extremamente difícil e somente o fato da idoneidade moral e a capacidade de liderança deste líder foram capazes de dar sustentação ao homem, principalmente ao homem, acima de qualquer figura partidária ou ideológica.
A pressão exercida pelos trinta por cento de anti-Lula, apoiados por uma imprensa burguesa e, muitas vezes, odiosa, ultrapassou os limites do bom senso e da serenidade.
Somente a força de um líder inconteste poderia fazer com que este suportasse, quase que isolado, esta pressão.
Em um dado momento, Lula estando só, voltou seus olhos para quem o elegeu e para o sentimento que moveu este povo à sua direção: A esperança.
Ela mesma, distante tantas vezes do coração deste povo sofrido e massacrado mas que, diante das medidas vistas como populistas, mas de cunho Popular em sua base, sobreviveu e se transformou paulatinamente numa realidade que esboça um retrato de Brasil melhor.
Os erros cometidos por neófitos despreparados para o poder, demonstram que um partido de homens, feitos por homens não é uma instituição sacra e acima do bem e do mal.
O PT, nas suas origens era formado por muitos sonhadores e poucos ou quase nenhum oportunistas.
Havia uma brincadeira que dizia que o PT tinha muito louco mas poucos ladrões.
Com o inchamento necessário para se tornar competitivo, o partido aceitou várias pessoas sem olhar passado, presente ou ideologia, abrindo as portas para muitos oportunistas.
O duro não é a formação de um caixa dois, mas sim a aceitação sistemática de alguns políticos de sua prática, dando razão a uma parte dos trinta por cento que não aceitavam Lula.
É óbvio que ficou aquele aspecto da prostituta falando da ex-virgem que posava de vestal.
Mas o PT não tinha o direito de fazer isso, todos menos o PT.
Na sua mea culpa e autoflagelação à Opus Dei, o PT se isolou de Lula e, ao contrário de quem pensa que o protegeu, o abandonou.
Houve um momento em que Lula condecorou o inepto e inexistente Severino Mensalinho...
Isso não passava de um sintoma da solidão a que foi legado pelos autofágicos petistas.
Porém, com a força do líder e seu amadurecimento tanto quanto homem quanto político, Lula se reergueu das cinzas e passou a dominar totalmente o cenário político nacional.
E fez isso contra todos e contra tudo.
Quase às vésperas da eleição, outra vez o partido apronta mais uma lambança. E coloca em risco, novamente, a reeleição de Lula.
Outra vez, o líder ressurge e carrega vigorosamente todos os seus aliados e devasta os oponentes. Devastação absoluta pois ao repetir a votação da primeira eleição demonstra que a ESPERANÇA NÃO FOI FRUSTRADA.
Agora, no segundo mandato, já devidamente vacinado e fortalecido, passará a ter uma atuação mais independente e, obviamente mais libertária.
O fato de ser um democrata afasta qualquer tentativa de mudança de regras eleitorais, a não ser o provável final da reeleição, cujo advento custou ao país muito mais do que possamos imaginar.
Provavelmente nos tenha custado bens importantíssimos como a CSN, a Vale etc...
Mas isso é passado e temos que olhar para a frente, para o brilho de uma estrela no final desta estrada, não somente uma estrela vermelha mas muito mais que isso, uma estrela multicor e com os brilhos dos olhos do povo faminto e da criança que espera e anseia por um futuro de glória.
Uma estrela auriverde, que a "brisa do Brasil beija e balança"... Uma estrela com cheiro de esperança!

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