Esperança Virando Realidade - CANTO VI
Por Marcos Loures
A noite escura tantas vezes matou,
Tantas vezes torturas e lamentos,
Nas sangrias terríveis e tormentos,
Que um belo dia a noite clareou.
O povo adormecido, levantou
E viu que a noite nunca seria eterna.
Liberdade renasce cria perna
E começa de novo a sussurrar,
Num gemido; difícil segurar
A manhã renascendo, mansa terna...
Em São Paulo, o menino aparecendo...
Presidente sindicato, liberdade!
Gritando o nosso povo, na cidade
As flores vencerão! De novo tendo
A possibilidade renascendo,
O sol que já raiou brilhando forte.
Não temendo dor, guerra nem a morte,
Acorda a nossa pátria mãe gentil.
De novo a liberdade no Brasil!
Os dados são jogados com a sorte...
Os que se foram, voltam...São heróis,
O povo num só canto nas diretas,
Nas lutas por justiça, velhas metas.
Unidos representam u´a só voz!
Quem dera não voltasse noite atroz...
Quem já sofreu não quer essa tormenta!
Coração solidário não agüenta
A dor de se saber sozinho assim...
A noite que morreu, fugindo enfim,
Novos brilhos o céu tão belo ostenta!
As greves por melhores condições,
Trabalho e salário fábricas fechadas,
As mãos pesadas forças mal amadas,
Armadas não conseguem, nos portões,
Conter voz operária. Multidões
Andando pelas praças reivindicam
Direitos esquecidos, modificam
Relações de trabalho escravagistas,
Nos palcos os cantores e artistas,
Nas escolas, vitórias se edificam...
As bandeiras de luta são vermelhas...
Estrelas no céu voltam a brilhar.
A multidão cansada de esperar
Nas ruas e nas fábricas, centelhas...
Cansados de tais lobos, as ovelhas
Resolvem, simplesmente ir para a luta.
Não temem nem sequer a força bruta.
O povo já prepara sua couraça.
A mesma voz que cala, se amordaça,
Não se omite mais, entra na disputa!
O menino lutando então é preso...
Garras apodrecidas o pegaram,
Amordaçar o povo enfim, tentaram...
Mas o povo não cede, vai coeso.
Quem se sentia frágil, indefeso,
Não teme mais nefastas, más chibatas
Nas novas circunstâncias, novas matas,
Vida raiando bela, esperançosa,
A ditadura podre, vergonhosa,
Morrendo aos poucos, restos, lixos, latas...
Eurídice, menino está na cadeia,
Teu guerreiro, Luis, aprisionado...
Um passarinho livre, engaiolado.
A noite escurecendo já preteia
O horizonte na brasa que incendeia!
Eurídice, seu Lula, seu garoto...
Jogado pelos ratos desse esgoto
Vergonhoso que fede, ditadura.
Eurídice mãe, zelo de ternura,
As dores que vieram, não suporta.
A noite prendeu Lula, deixou morta
Guerreira maltratada, vida dura!
Olhos fechados, noite violenta...
A guerra começando, não termina.
A vida do menino, sua sina.
As correntes ferozes, arrebenta.
Na luta que não pára, sempre aumenta.
No dia que promete renascer,
As batalhas difíceis de vencer.
Lutando todo dia, a liberdade,
Parece inda distante realidade.
O novo dia tarda, vai nascer!
Igreja, sindicatos, estudantes.
A luta na harmonia se fez santa.
Vontade de mudar, o povo canta!
Os tempos que não param são mutantes.
Os livros reaparecem nas estantes!
Vermelhos são os olhos que choraram
Vermelho o sangue que já derramaram!
Vermelhos nossos sonhos de vingança;
Vermelha passa ser a esperança!
Vermelhos nossos dias se contaram!
Estrelas no céu, brilhos mais fortes...
Estrelas no mar, belas e sensíveis.
Estrelas nossos sonhos impossíveis.
Estrelas guias, rumos, metas, nortes...
Estrelas divinais nos darão sortes...
Estrelas radiantes lá do céu.
Estrelas nos cobrindo, doce véu.
Estrelas envolvidas de ternura,
Estrelas representam a bravura.
Estrelas avermelham meu dossel!
Nasce nova esperança, um novo sonho!
Noites nunca jamais serão iguais.
No fundo dessa noite brilha a paz!
De novo poderemos ter risonho
O dia que passamos, tão medonho!
Num novo canto, belo amanhecer,
Num novo dia, novo alvorecer.
Estrela avermelhada, nosso guia.
Estrela ressurgida, poesia!
Nascendo nova estrela no PT!