Ibope aponta que Lula seria reeleito no 1º turno
Pesquisa Ibope divulgada hoje pelo Jornal Nacional mostra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição, com 47% das intenções de voto, seguido de Geraldo Alckmin (PSDB), com 21%. Nesta pesquisa, Heloísa Helena (Psol) obteve 12%, Cristovam Buarque (PDT), Luciano Bivar (PSL) e José Maria Eymael (PSDC) tiveram 1%. Rui Costa Pimenta não alcançou 1%. Votos brancos e nulos somam 8% e eleitores indecisos, 9%. A pesquisa foi encomendada pela Rede Globo e possui margem de erro de 2 pontos percentuais. Foram ouvidas 2.002 pessoas entre os dias 14 e 18 de agosto. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob número 13290/2006.
Saiba Mais em http://noticias.terra.com.br/eleicoes2006/
19/8/06 2:34 AM
Serra destila seu preconceito e ressentimento contra o povo.
Segundo ele, o caos no ensino paulista é porque "muita gente continua chegando..." em São Paulo. "Este é um problema."
Solicitado a explicar porque o ensino público paulista obteve resultados tão medíocres na última avaliação do MEC, o candidato José Serra respondeu: "Diferentemente dos Estados do Sul (primeiros colocados na avaliação), São Paulo tem muita migração. Muita gente continua chegando... Este é um problema".
Como não há notícia de que em São Paulo estejam chegando imigrantes da Alsácia ou do Turcomenistão - e os italianos já deixaram de chegar há muito -, conclui-se que, segundo Serra, a culpa pelo caos que é hoje o ensino público de São Paulo, é dos nordestinos. E o que é pior (!), eles "continuam chegando...".
Serra não esclareceu se o seu programa de governo prevê o fechamento das fronteiras de São Paulo aos nordestinos ou a deportação deles para seus Estados de origem. E, se algum leitor de boa-fé pensa que nós estamos exagerando, diríamos que exagerada é a intrínseca covardia de Serra. Pois, se ele acha que a chegada dos nordestinos é "um problema", deveria ter uma proposta para resolvê-lo - e não resta muita dúvida de qual poderia ser.
No entanto, houve época em que os nordestinos chegavam a São Paulo em número muito maior do que hoje, e nem por isso o ensino público de São Paulo sofreu qualquer abalo. Muito pelo contrário. Os nordestinos nunca foram um "problema" para São Paulo. Foram, inclusive, uma solução, quando o Estado arrancava industrialmente. Sem a mão de obra nordestina, seria impossível a colossal expansão da indústria paulista a partir de 1930.
Só débeis mentais e elementos dominados ideologicamente pela atrasada oligarquia antiindustrial e antinacional, com seus preconceitos, seu elitismo imbecil e sua decadência podem não percebê-lo.
ENCENAÇÃO
Mas esse é exatamente o caso de Serra. Não por acaso, foi somente depois que Serra, Alckmin e outros filantropos assumiram o poder em São Paulo que o ensino tornou-se uma deprimente encenação. Mas, certamente, a culpa é dos nordestinos, que, sabendo que o pessoal do Serra estava no governo, resolveram, só por birra, mandar seus filhos deixarem de aprender na escola o que antes aprendiam...
Somente no primeiro ano de governo dos tucanos, 8 mil funcionários foram demitidos na área estadual de Educação; apenas no primeiro semestre de 1996, houve fechamento de 77 escolas e 8.016 salas de aula. E o processo de fechamento de escolas continuou: no ano passado, 2005, depois de 10 anos de fechamento continuado, ainda conseguiram eliminar 14 escolas. Todos esses dados são do Centro de Informações Educacionais da própria Secretaria de Educação de São Paulo e da Apeoesp.
O resultado são as salas superlotadas, as escolas invadidas por quadrilhas de traficantes – os porteiros e demais funcionários que impediam que isso acontecesse foram demitidos -, nenhum controle disciplinar dentro da escola (os inspetores, em boa parte, também foram demitidos) e, para coroar a obra, a implantação de um sistema em que a aprovação dos alunos é automática, independente do que aprendam ou deixem de aprender – e é evidente que, com um sistema desses, nem o aluno tem interesse em aprender nem o professor de ensinar.
Mas, segundo Serra, a culpa é dos nordestinos. Por que justamente dos nordestinos? Por que Serra não escolheu, para transformar as vítimas de seu crime em culpados, os japoneses, os italianos ou os gregos?
Primeiro, porque os nordestinos têm menos dinheiro. E, de acordo com seu ideário, quem não tem dinheiro não é gente. Até hoje ele não fez nada na vida senão bajular banqueiros, monopolistas estrangeiros, magnatas da especulação e outros picaretas cuja única - digamos assim - virtude, é amealhar dinheiro à custa de arrancar o couro do povo. Serra sempre detestou pobres, a começar pelo pai, aliás, um imigrante, embora italiano. Não por acaso, esqueceu de mencioná-lo na biografia que colocou em seu site de campanha.
ESCRAVAGISTAS
Segundo, porque, como dissemos aqui há alguns meses, tucanos, udenistas e outros degenerados são visceralmente escravagistas. É verdade que não têm escravos, mas não porque não tenham vontade de tê-los. Isso, aliás, só os deixa mais histéricos, racistas, preconceituosos e, sobretudo, ressentidos contra quem trabalha. Em suma, têm a mentalidade de um sinhozinho.
O que são os nordestinos e seus descendentes em São Paulo? Trabalhadores, dos operários nas fábricas aos garçons nos restaurantes e porteiros nos edifícios. São gente que trabalha para cuidar de seus filhos, gente que luta para sobreviver e ter uma vida digna. Assim, Graciliano Ramos retratou - naquela que é, talvez, a maior cena da nossa literatura, o final de "Vidas Secas" - o nordestino Fabiano em sua caminhada para o Sul.
Mas isso é exatamente o que Serra detesta neles: sua qualidade de trabalhadores, isto é, de povo, sua capacidade de acreditarem na vida e no país. Não faz parte do modo de ser tucano a afinidade pelo trabalho. Todos eles – pelo menos os que importam – tentaram e tentam enriquecer rapidamente, à custa de destruir o patrimônio nacional, público e privado, embolsando as comissões milionárias desses negócios tenebrosos. Ou seja, sem trabalhar. Alguns eram ociosos professores universitários num dia e viraram banqueiros no outro dia. Outros, tiveram parentes – por exemplo, o sr. Gregório Preciado, casado com uma prima de Serra – que de repente viraram intermediários do negocismo com a propriedade pública, depois de perpetrar, impunemente, um golpe contra o Banco do Brasil.
Serra e seus correligionários acham desprezível a atividade laboriosa. São, verdadeiramente, laborfóbicos. Entre os que realmente mandam alguma coisa no PSDB, quantos já trabalharam? Quantos, algum dia, se sustentaram pelo trabalho e não pela encenação charlatanesca?
Mas é sintomático que Serra queira atribuir aos migrantes nordestinos a culpa pela destruição no ensino, exatamente no momento em que temos um presidente nordestino, que veio para São Paulo, estudou na escola pública paulista, trabalhou nas fábricas paulistas - e se orgulha disso, recordando os ensinamentos de sua mãe, de que um homem não pode baixar a cabeça e aceitar que lhe botem uma canga.
RACISTA
É compulsivo, nos tucanos e espécimens assemelhados, o delírio racista de que o nosso povo é vagabundo, preguiçoso, estúpido e não merece educação nem respeito. Ou seja, o delírio do escravocrata. Ora, por que o Estado tem de gastar dinheiro com o ensino do povo, se esse dinheiro poderia estar indo para os cofres dos potentados que eles bajulam, e dos quais mordem algumas migalhas? Mas, por que eles acham isso do povo, ao mesmo tempo que detestam o trabalho e o trabalhador? Exatamente por isso: porque eles é que são vagabundos, preguiçosos e estúpidos.
Elementos desse tipo, como Serra, são inseparáveis de sua canga mental – política, ideológica e moral. Querem ser senhores de escravos porque, precisamente, não há quem tenha mais alma de escravo, de serviçal, de lacaio, do que eles.
Original de Carlos Lopes, da "Hora Do Povo".
Por Marcosomag.