BOMBA!Ambulâncias: Revista revela esquema com presidente do PSDB mineiro!
Por Marcosomag
A revista IstoÉ Dinheiro desta semana traz reportagem na qual revela novas empresas envolvidas nos esquemas de vendas superfaturadas de ambulâncias com recursos do Orçamento da União. A reportagem, intitulada "O caminho dos sanguessugas", mostra que uma das empresas, a Martier, de Curitiba, encaminhava ofícios às prefeituras apontando como "pessoa de sua confiança" o deputado Nárcio Rodrigues (PSDB-MG), que é também presidente de seu partido em Minas Gerais.A Controladoria Geral da União está investigando a empresa paranaense. O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), na última quinta-feira, de posse do documento que era enviado pela empresa às prefeituras, pediu à CPI das Ambulâncias que investigue o esquema. Os ofícios assinados pelos empresário Silvestre Domanski, dono da Martier, apontavam não só Nárcio Rodrigues, como também Tharsis Bastos, que em 1999 trabalhava com o deputado tucano. Tharsis é candidato a deputado estadual pelo PSDB de Minas Gerais. O deputado Eduardo Valverde (PT-RO) assinou requerimentos convocando Tharsis Bastos e Silvestre Domanski a deporem na CPI das Ambulâncias.
Abaixo, a íntegra da reportagem da IstoÉ Dinheiro, assinada pelo jornalista Octávio Costa "O caminho dos sanguessugas"
O resultado foi notável e inédito. Em menos de dois meses de investigação, chegou ao fim a CPI dos Sanguessugas, que implodiu a máfia das ambulâncias, comandada pela Planam, do empresário Luiz Antônio Vedoin. Apesar das intensas pressões, pessoais e políticas, 72 parlamentares foram denunciados pelo relator Amir Lando (PMDB-RO), na quinta-feira 10. Foi um número espantoso, pois incriminou nada menos que 12% dos 594 deputados e senadores que compõem o Congresso - fenômeno que jamais ocorreu em nenhum outro parlamento do mundo. No próximo passo, o relatório da CPI irá ao Ministério Público e aos Conselhos de Ética da Câmara e do Senado, aos quais caberá avaliar as cassações. A pergunta, agora, é se após o desfecho do caso o contribuinte pode dormir tranqüilo, com todos os focos de sangria do Orçamento estancados. A resposta parece ser negativa. Ao que tudo indica, o caso Planam é mais a regra do que a exceção. O ministro Jorge Hage Sobrinho, da Controladoria Geral da União (CGU), já abriu novas frentes de investigação na área da Saúde e começou a mapear esquemas comandados por outras empresas. Uma delas é a KM, de Pernambuco. Outra é a Leal Máquinas, de Belo Horizonte. Mas o grupo que mais chama a atenção da CGU, pelo porte e pela desenvoltura, é o Martier, do empresário Silvestre Domanski, de Curitiba. "Domanski era o principal concorrente da Planam", disse Hage à DINHEIRO. O que chamou a atenção da CGU, na verdade, não foi o fato de se disputar mercado com a Planam. A questão é que os métodos de atuação talvez sejam semelhantes, como mostra uma carta da Martier a várias prefeituras. Nela, Domanski, 50 anos, de origem polonesa, apresentava-se aos clientes potenciais - prefeitos de todo País - de forma escancarada. Ele oferecia consultórios médicos e odontológicos e apontava o nome do parlamentar que poderia aprovar a verba, através de uma emenda ao Orçamento. No caso específico, tratava-se do deputado Nárcio Rodrigues (PSDB-MG), "pessoa de sua confiança". Procurado pela DINHEIRO, Domanski revelou estar ciente da investigação, mas jurou inocência e disse que fechou a Martier em 2002. "Nunca fiz contato com parlamentares ou paguei propina para que apresentassem emendas do meu interesse", afirmou. "Meus contatos eram com as prefeituras." Hage, porém, diz que as investigações irão se aprofundar. "Domanski não fazia figuração e sua presença foi detectada em quase 300 municípios", revela o ministro. Se Domanski é inocente ou não, é tarefa para a CGU e a Justiça. Porém, a simples existência de empresas com o perfil da Planam e da Martier sinaliza que a fraude pode ser prosaica no atual sistema de emendas parlamentares. Um sistema que lida com nada menos que R$ 6 bilhões por ano - no caso Planam, que movimentou R$ 120 milhões, a propina era tabelada em 10%. Portanto, nada menos que R$ 12 milhões teriam sido distribuídos aos 72 parlamentares denunciados, o que dá uma média de R$ 166 mil. E o esquema pode ser ainda maior, porque Vedoin usaria empresas de fachada, como a Klass, a Santa Maria e a Frontal, para dar ar de legalidade às licitações. Hoje, a CGU, do ministro Hage, já volta sua mira para além da Saúde. Também investiga desvios nos programas de inclusão social, principalmente na Baixada Fluminense, que envolvem ONGs e OSCIP, organizações de interesse público, e também o Programa Nacional de Transporte Escolar. Uma das saídas, para evitar a criação de novas máfias, seria o fim das emendas individuais, que transformam os parlamentares em corretores de interesses paroquiais - são os "vereadores federais". Hage, porém, é realista e entende que o Congresso dificilmente abrirá mão desse poder, que em alguns casos é usado de forma até legítima. "A saída é reforçar os instrumentos de controle", diz. Se depender de Hage, os ratos do Orçamento que se cuidem."
Do site oficial do PT nacional (http://www.pt.org.br).