Tucano é Barrado em Forró
Por Marcos Loures
RECIFE - Forró. Esse era o ritmo oficial do evento, mas bem que os versos cantados pelo músico Eduardo Dusek, na música "Barrados no Baile" - de autoria de Eduardo Dusek e Luiz Carlos Góes - serviriam como uma luva para ilustrar a saia-justa vivida pelo presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, na madrugada de ontem, durante a visita à festa que marca a abertura dos festejos de São João no município de Petrolina, no sertão pernambucano. Sem a identificação necessária para o ingresso a uma área vip (uma marca luminosa carimbada na pele) e não sendo reconhecido pelos seguranças, Alckmin foi obrigado a aguardar, por cerca de cinco minutos, do lado de fora do cordão de isolamento, tempo suficiente para que seu anfitrião, o ex-prefeito da cidade, Guilherme Coelho (PFL), acionasse a coordenação do evento, garantindo a liberação da entrada do tucano.
O candidato catapora ou sarampo, se preferires, mais uma vez sente na própria pele o seu poder de identificação com o povo.Ao tentar se aproximar desse ser estranho e complicado o tal do povo, o representante das oligarquias sulistas, como nas outras vezes em que manifestou o desejo de tentar demonstrar a sua identificação com os pobres, deu mais uma de suas "mancadas". Imaginando a cena, tento transcrever o que ocorreu.Estamos em Petrolina, Pernambuco, cidade famosa pelo fato de ser separada de sua irmã baiana, Juazeiro, pelo Rio São Francisco.Os festejos de São João estão correndo a toda, a cidade toda animada, o povo dançando, e a alegria contagiando a todos dentro do local onde ocorre a festa de abertura.O forró (for all) está empolgando toda a população e os turistas que chegam para se divertirem.Como todas as festas, tem muito bicão tentando entrar nos locais mais invejados, principalmente na área VIP.O segurança, como não podia deixar de ser, fora instruído a não permitira a entrada desses bicões ou penetras se quiseres.Ao sentir a presença daquele cidadão, meio careca, de óculos, com tanta cara de forrozeiro como um participante da festa do chopp lá de Blumenau, e sem o carimbo que identifica as autoridades, nem pestanejou.
-Sujeito, onde você pensa que vai?
Ao que o tucano respondeu:
-Vou entrar, fui convidado pelo Guilherme Coelho, o senhor conhece?
-Ele eu conheço, mas quem é você?
-Sou Geraldo Alckmin...
-Geraldo o quê?
- Candidato tucano à Presidência!
- Tucano eu sei que tu é, seu bicão! Agora, se você é ou não é candidato à Presidência do clube isso não é problema meu não, visse macho!
- Sou candidato à Presidência da República! Reagiu Alckmin indignado.
- Seu moço, candidato a presidente que eu conheço é o Lula, o senhor conhece ele?
- Claro que sim!
- O senhor é do lado dele?
- Claro que não!
- O senhor quer entrar aqui?
- Claro que sim!
- O senhor acha que vai entrar?
- Claro que sim!
- Claro que não, claro que o senhor não vai entrar não!
- Porque que eu não vou entrar?
- O senhor é contra o Lula, pernambucano arretado!
Aqui o senhor não entra não!
Nessas alturas, eis que surge o ex-prefeito da cidade, salvando as aparências.Ao ser indagado porque que não havia deixado o moço entrar, o segurança saiu-se com essa:
- O senhor entenda, estou aqui cumprindo ordens. Me proibiram de deixar entrar bicão. Vem esse narigudo aí, me fala que é tucano e tucano não é bicho bicudo?
Depois fala que é inimigo do Lula, o senhor queria que eu fizesse o quê?Ao que, disfarçadamente, o ex-prefeito diz ao segurança:
- Pede desculpa pro homem.
O segurança, educadamente e sem querer causar mais nenhum atrito, se dirige ao candidato e fala:
- Senhor Aidimim, o senhor me desculpe, mas eu só estou cumprindo ordens. Me mandaram proibir a entrada de desconhecidos e eu só estava obedecendo. Mas agora eu já sei quem é o senhor.O senhor é do partido do Seu Fernando né?
Alckmin responde aliviado:
- Claro, o senhor conhece ele bem?
O segurança, sem pestanejar responde rápido:
- Eu lembro dele quando ele era Governador de Alagoas, minha mãe é de Maceió...
6/6/06 11:54 AM
"É assistencialismo para quem toma café de manhã, almoça e janta e ainda joga metade da comida fora, que sobrou. Mas, para quem vive a pobreza neste país sabe o que significa uma criança tomar um café com pão com manteiga, sabe o que significa uma criança tomar um copo de leite, sabe o que significa uma criança ir dormir com a sua barriga cheia. Quem vive fazendo política só na capital ou na universidade ou quem fica fazendo política só em Brasília, não tem dimensão do Brasil real que nós enfrentamos." Luis Inácio LULA da Silva
Seu moço, por caridade
Escuta esse povo sofrido
Que vive nas tempestade,
Trabaia quar desgraçado
Pelos mata e nas cidade.
Esse povim sem parage,
Vivendo sem amparage
Dos home de capitár.
Eles chinga nóis de tudo
Quanto ruim há no mundo.
Chama nois de vagabundo
Que nois semo anarfabeto
Que nois semo cachacero,
Que num pode dá denhero,
Pra móde sobreviver,
Essa raça de safado
Desses pobre desgraçado
Que róba mais que ladrão.
Eles conta a mentirada
Pois num cunhece uma inxada
Nem sabe o valô da gente,
Pru mais que o mundo comente.
Nóis num passa de pilantra
Nossos fío, qui nem pranta
Num percisa de comida.
Essa gente é convencida
E não cunhece nois não
Não sabe o valô da vida
Sufrida nesse sertão.
Nem anda nesses comboio
Quar boi em canga marcado
Que anda dependurado
Nesses trem cá da cidade.
Nos otromóve eles passa,
Nem percebe os coletivo
Cheios desse bicho vivo
Que eles cunhece pur massa;
Trabaindo todo dia
Pra pudê dá mordomia
Presses homê, prus dotô
Nóis semo quem aproduz
A cumida que eles come
Apois veja, a própra luz
Que alumia bem os home
Se num fosse os disgraçado
Se num fosse o seu trabáio
Já tava tudo apagado,
Queria ver nos atáio
Dessa vida, vivo táio,
O rumo que eles tomava,
Quem sabe se eles paráva
Nus beco onde a gente véve
Onde não há quem se atreve
A chamar de residença
Chei de criança e doença,
Pra podê tê consciença
Da vida que leva a gente
Dexava nois té contente
Preles pudê aprender
Que num basta sabê lê
Pra se dizê sabedor
Que é percizo munto amô
E bem sei, que só merece
Amor, quem se conhece
Que num sabe conhecê
Aquele que nunca viu.
Portanto, moço seria
De munta serventia
O sinhô pode passá
Pobreza só pur um dia
Pra mode valorizá
O trabái de nossa gente
Quem sabe, ansim seu dotô
Havéra de valorá
Esse povo brasilero
Ia aprender mais, garanto
Que nos livro lá da escola
Nóis só presta em feverero
Ou se for craque de bola
Aí vanceis acha bão
Inté pága pra nus vê.
Nossas fía mais bunita
Tumbém serve pra vancê
Nas buate mais perdida
Mais se incontra pra valê
Com home de capitar
Pra servi de companhia,
Mas mar amanhece o dia
Tudo vorta como era antes
Dispois vem esse disprante
De chamá di inguinorante
O povo mais umiádo
Nois tudo semo safado
Na vóis desses doutô
Se esquece que nois é home
Nem percebe se nois come
Se nossos fío tem fome
Isso nem lembra o sinhô
Na hora dos seus projeto
Nois semo tudo uns inseto
Sirvimo pra atrapaiá
Sirvimo pra trabaiá
Pra alimentá os dotô!
Intonces já me vô indo
Pros sertão to retornando
Pras favela vô saino
Meu tempo ta se acabano
Vo vortá pro meu roçado
Ou então pro meu serviço
Passa dia mês e ano
O carro num anda, enguiço,
Já faiz tempo tá parado.
Mais ficaria contente
Se oceis perduasse a gente
Num custa perdão pedido
Perdoa por ter nascido
Um fío meu lá em casa
Que, pros óio dos doutô
Foi feito por descuidado
Nasceu fruto do pecado
Da inguinorança da gente
Mais me dexô bem contente
Esse meu menino amado
Que é fruto de munto amô.
Que nois pobre, tombém ama
Embora oceis me parece,
Num cridita nisso não
Nóis tudo fais nossa prece
Nóis tombém somo cristão.
Fíos do mesmo Sinhô
Que morreu, naquela Cruz
Que foi feito cum amô
E era pobrinho, Jesus.
Então pense por favô
Nu munto que se ensinô
O Pai de todos os home
Dos que come e que tem fome
De todos sem distinção
Que nois tudo nessa vida
Por mais que seja doída
Por mais que seja distinta
Diferente em sina e tinta,
NOIS SEMO TODOS IRMÃO!