Do Socialismo de Resultados

Por Marcos Loures

Uma coisa necessita ser analisada neste período pré-eleitoral.Temos um grande vencedor se consolidando a cada dia, e um grande derrotado, se não for feito algo com urgência.Paradoxalmente os dois sempre andaram juntos e, durante um bom tempo se confundiam de forma quase que monocromática.O vencedor, Lula, a cada dia se apercebe disso e busca para ter as condições mínimas para governar, o apoio em outras siglas que não somente o PT, esse sim, o provável derrotado nessa eleição.O PT paga o preço por seus erros contínuos, desde o início das denúncias contra o caixa 2, atabalhoadamente feito.A mea culpa e a prometida limpeza ética, ficaram a meio caminho; a partir do momento em que, todos nós sabemos que não houve mensalão e sim um caixa dois; mas, com a falta de combatividade e reação mais sólida do partido, para a população, com a ajuda da Mídia, restou a certeza da existência da corrupção.A mentirosa afirmativa de que "estávamos frente ao maior esquema de corrupção da história" foi a "verdade" que se solidificou para a opinião pública.Lula saiu dessa crise praticamente ileso, mas o PT não. Esse ficou com a marca da corrupção nas costas e, como a virgem que é pega em flagrante se torna mais visada que a prostituta usual, ao PT restou esse estigma.Erros de estratégia a parte, temos um caminho longo a percorrer até a recuperação da sigla ou, pelo menos que a surpresa provocada associada à ira dos outros partidos e grupos, seja dirimida.Pois bem, com tal fato esclarecido, temos um grande problema pela frente: Lula está agindo, e só lhe resta agir assim, com total independência em relação ao Partido.Hoje ele é muito mais representativo que o PT e disso não tenhamos dúvida.Não só Lula se apercebeu disso, mas o PMDB e setores mais progressistas do PSDB também, e sabem tanto quanto o Presidente, que para manter a governabilidade pelos quatro anos que virão, deverá haver, pelo menos informalmente, uma aliança em torno de um projeto.A aproximação entre Lula e Serra, Quércia, Aécio e outros líderes oposicionistas deve ser vista com os olhos de quem se apercebe da sabedoria desta decisão.O afastamento de FHC e Aécio e Serra, e do PFL do PSDB é sintomaticamente uma alusão a esta verdade que se apresenta límpida e clara.Não podemos e nem temos cacife para julgar qualquer ato de Lula neste instante, já que por nossa culpa, definharemos nas próximas eleições; mas, sobreviveremos.Nosso restabelecimento moral e ético depende somente de nossas atitudes de agora para frente.O SOCIALISMO necessita dessas alianças para continuar a ser instituído no Brasil e para isso, necessitamos dessa espécie de "Socialismo de resultados".Nesse país de instabilidade partidária, e de falta de clareza com relação aos ideais de cada partido e mesmo falta de coerência, podemos imaginar, nesse período, numa possibilidade de amadurecimento partidário.A formação de blocos entre os partidos, com um grupo socialista típico, formado pelo PSOL e setores mais à esquerda de alguns partidos, outro grupo desse "socialismo de resultados" e um terceiro grupo formado pelo PFL e congêneres, nos dá a nítida impressão de que o país estará amadurecendo.Ao PT, caberá um papel importante, mas não fundamental nesse novo mandato de Lula, cuja base aliada deverá ser ampliada dentro de uma linha mais ideológica do que com os PLs, PTBs, PPs e "aparentados".Com a minimização do poder de FHC e de outros dentro do PSDB, este também deverá se afastar do PFL e, talvez no que pensávamos ser impossível, se aproximar cada vez mais do PT e do grupo socialista do PMDB.Esse quadro é o que pressinto; posso me enganar, mas creio que esta nova realidade partidária do país trará muitas surpresas.O que sei é que Lula se aproxima, e não lhe resta outra alternativa, dos grupos mais afinados com o PT, dentro do PMDB e do PSDB.Quem viver, verá!

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2 comentários

  • MARCOS LOURES  
    5/6/06 11:17 PM

    Tucano é barrado em forró
    RECIFE - Forró. Esse era o ritmo oficial do evento, mas bem que os versos cantados pelo músico Eduardo Dusek, na música "Barrados no Baile" - de autoria de Eduardo Dusek e Luiz Carlos Góes - serviriam como uma luva para ilustrar a saia-justa vivida pelo presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, na madrugada de ontem, durante a visita à festa que marca a abertura dos festejos de São João no município de Petrolina, no sertão pernambucano.
    Sem a identificação necessária para o ingresso a uma área vip (uma marca luminosa carimbada na pele) e não sendo reconhecido pelos seguranças, Alckmin foi obrigado a aguardar, por cerca de cinco minutos, do lado de fora do cordão de isolamento, tempo suficiente para que seu anfitrião, o ex-prefeito da cidade, Guilherme Coelho (PFL), acionasse a coordenação do evento, garantindo a liberação da entrada do tucano.

    O candidato catapora ou sarampo, se preferires, mais uma vez sente na própria pele o seu poder de identificação com o povo.
    Ao tentar se aproximar desse ser estranho e complicado o tal do povo, o representante das oligarquias sulistas, como nas outras vezes em que manifestou o desejo de tentar demonstrar a sua identificação com os pobres, deu mais uma de suas “mancadas”. Imaginando a cena, tento transcrever o que ocorreu.
    Estamos em Petrolina, Pernambuco, cidade famosa pelo fato de ser separada de sua irmã baiana, Juazeiro, pelo Rio São Francisco.
    Os festejos de São João estão correndo a toda, a cidade toda animada, o povo dançando, e a alegria contagiando a todos dentro do local onde ocorre a festa de abertura.
    O forró (for all) está empolgando toda a população e os turistas que chegam para se divertirem.
    Como todas as festas, tem muito bicão tentando entrar nos locais mais invejados, principalmente na área VIP.
    O segurança, como não podia deixar de ser, fora instruído a não permitira a entrada desses bicões ou penetras se quiseres.
    Ao sentir a presença daquele cidadão, meio careca, de óculos, com tanta cara de forrozeiro como um participante da festa do chopp lá de Blumenau, e sem o carimbo que identifica as autoridades, nem pestanejou.
    -Sujeito, onde você pensa que vai?
    Ao que o tucano respondeu:
    -Vou entrar, fui convidado pelo Guilherme Coelho, o senhor conhece?
    -Ele eu conheço, mas quem é você?
    -Sou Geraldo Alckmin...
    -Geraldo o quê?
    - Candidato tucano à Presidência!
    - Tucano eu sei que tu é, seu bicão! Agora, se você é ou não é candidato à Presidência do clube isso não é problema meu não, visse macho!
    - Sou candidato à Presidência da República! Reagiu Alckmin indignado.
    - Seu moço, candidato a presidente que eu conheço é o Lula, o senhor conhece ele?
    - Claro que sim!
    - O senhor é do lado dele?
    - Claro que não!
    - O senhor quer entrar aqui?
    - Claro que sim!
    - O senhor acha que vai entrar?
    - Claro que sim!
    - Claro que não, claro que o senhor não vai entrar não!
    - Porque que eu não vou entrar?
    - O senhor é contra o Lula, pernambucano arretado! Aqui o senhor não entra não!
    Nessas alturas, eis que surge o ex-prefeito da cidade, salvando as aparências.
    Ao ser indagado porque que não havia deixado o moço entrar, o segurança saiu-se com essa:
    - O senhor entenda, estou aqui cumprindo ordens. Me proibiram de deixar entrar bicão. Vem esse narigudo aí, me fala que é tucano e tucano não é bicho bicudo?
    Depois fala que é inimigo do Lula, o senhor queria que eu fizesse o quê?
    Ao que, disfarçadamente, o ex-prefeito diz ao segurança:
    - Pede desculpa pro homem.
    O segurança, educadamente e sem querer causar mais nenhum atrito, se dirige ao candidato e fala:
    - Senhor Aidimim, o senhor me desculpe, mas eu só estou cumprindo ordens. Me mandaram proibir a entrada de desconhecidos e eu só estava obedecendo. Mas agora eu já sei quem é o senhor.
    O senhor é do partido do Seu Fernando né?
    Alckmin responde aliviado: - Claro, o senhor conhece ele bem?
    O segurança, sem pestanejar responde rápido:
    - Eu lembro dele quando ele era Governador de Alagoas, minha mãe é de Maceió...

  • Anônimo  
    6/6/06 10:31 AM

    Minha filha, tua trilha e teus passos soam como esperança, para quem, na dança da vida, aflito perdeu o rumo, muitas vezes sozinho, outras pelo caminho, muitas passarinho...
    Minha mão alcançando a criança que ficou no passado, me deixa o gosto amargo do chimarrão da saudade.
    Do vinho amargo do tempo, esquecido na adega da alma.
    Mas tentei, na minha manhã, lutar pelo teu brilho, nada consegui; a liberdade distante, a cada instante a menina não poderia, não saberia e no domingo da vida, a semana nunca chegava.
    Eu te amava tanto, no pranto esquecido pelas curvas da existência, pedi clemência, perdi paciência e naufraguei minhas lagrimas no baú de tantas espreitas, pelo rancho fundo das esperanças.
    Renasci no universo, em meus versos e nos teus encantos.
    Mas meu pranto foi precoce, a ausência remove o que fora luz.
    A terra escurecida, a rádio ecoando um canto triste que ouviu do peito do poeta.
    A seta que aponta o prumo e o norte, afogada pelos laços das estranhas entranhas de um futuro sem lastro, vazio, ao acaso, puro ocaso, fazendo caso de tantos erros, quanto berros, aterros e fraudes.
    Minha sorte escrava, na lava que encrava e perversa a clava de tantas lutas em vão.
    No colchão de pregos dos sonhos, meus medonhos e vagos lagos de ardentes lavas, onde lavo os meus pecados.
    Perdoe o canto de quem, entre tantos e tantos foi tão pouco. Tampouco podia ser.
    A mão calejada abraça teu corpo.
    No copo da partilha, meu gole foi pouco, se tive.
    A enxada restando quieta, calada, me traduz a insuficiência, na doença que nos devora.
    Agora e sempre, desde os primeiros dias, as mãos vazias traduzem a colheita.
    Nas filas intermináveis, nas chagas aumentadas a cada não.
    Na sede desse sertão real e imaginário, Calvário e martírio.
    Mártir, não quero nem almejo, quero o benfazejo beijo da brisa da igualdade; entre campos e cidades, entre travessas e favelas, barracos e mansões, corações de marés de dignidade, essa tal felicidade.
    Minha filha perdoe o pai e o país, ser feliz é só promessa.
    A hora sempre foi essa, nunca poderia ser outro dia, adiada eternamente.
    O éter na mente inebriando e impedindo a realidade atroz como algoz e carrasco. No asco que produzem minhas vestes, meu cheiro e minha boca; bem sei que nunca perdoados.
    Os retalhos doados pela caridade e pela coagulados no peito, sem jeito e sem forma. A forma onde fomos feitos imperfeitos e disformes, nos informes dos jornais somos quase nada mais que animais; quando tanto, somos cifras sem cifrões.
    Vida sem enganos e sem esperas, transfiguradas nos teus olhos, sem brilho, minha amada.
    Que bom que se pudesses ser filha da partilha da partida, estrelar.
    Mas, não posso nem quero consolo, quero ação.
    Coração sob a couraça, o cheiro da cachaça inebriando, o dia raiando, o povo chegando para um adeus, sem ar de Deus, mas fazer o quê?
    No sertão de cidadania que invadiu esse nosso canto, todos os cantos, alimentado pelo sangue dos desgraçados, pelos abandonados, como eu e como o corpo inerte e sem vida, tão ávido pela vida como qualquer um.
    Primeira filha de um berrante que “vingou”, no meio de tantos que se foram, da mesma forma.
    A manhã renasce e com ela a sina, de trabalho e de suor, que o patrão nunca pode esperar o mundo roda e a roda da sorte nunca, nem na morte pára de girar, estou tonto, a cabeça gira, a dor aspira e expulsa.
    A repulsa pela sorte, pela morte, pela solidão, num canto vão, esquecida.
    A manhã surgida, a menina enterrada, a enxada, a estrada e o renascer.
    Renascer da morte a cada dia, da morte da esperança, na dança cruel da verdade.
    Meu Pai perdoe esse lamento, bem sei que agüento como meu pai suportou.
    A sina se repete, a cada nascente, a cada poente, tudo me remete à verdadeira lição do Cristo que, com carinho, multiplicou e dividiu o pão.
    Pena que ninguém entenda, por mais que o Padre fale, por mais que o Pastor recomende, não há quem se emende e passe a perceber.
    Que o verdadeiro amor permite a divisão.
    Concebe a humanidade numa unidade, com humildade quem sabe, na humana idade de amanhã, isso possa ser realidade, a real idade da digna idade, da DIGNIDADE!

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