Fracasso de Audiencia

Por Marcos Loures

De O Globo, hoje: "Ao contrário do que a cúpula do PSDB esperava, a oficialização da candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência não conseguiu entusiasmar a militância do partido na festa preparada pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves. O auditório da ExpoMinas, com capacidade para 4.500 pessoas, em nenhum momento ficou lotado e durante o discurso de 19 páginas lido por Alckmin o público presente ficou reduzido quase que à fila do gargarejo".

A maioria das pessoas que empunhavam bandeiras de Geraldo Alckmin na convenção admitiu ter ouvido o nome do candidato tucano à Presidência pela primeira vez. Levadas a Belo Horizonte de ônibus, disseram que a viagem foi motivada pelas promessas de lanche grátis e de emprego na campanha.No meio da platéia, estava dona Jurema, uma senhora que acabou de adentrar a bela casa dos setenta anos.Politiqueira desde a juventude, daquelas que adora portar a bandeira de um candidato, levando com fé e afinco a "profissão" de cabo eleitoral.Participara, nos bons tempos, da campanha de Juscelino ao Governo de Minas e depois à presidência da república.Lembrava-se de Tancredo, Magalhães Pinto e isso a deixava arrepiada só de pensar.Trabalhara na campanha de Israel Pinheiro e depois tivera certa amizade com Rondon Pacheco; sendo amiga íntima de Itamar Franco e de Aécio Neves. E é por isso que fora para essa festa além, é claro, da possibilidade de "ganhar uns trocados" como experiente "caçadora de votos".Mineiramente, se aproximou de um conhecido e perguntou quem era o moço que ela devia apoiar.Esse também não sabia; mas, seu Juca, velho companheiro de comícios e de carreatas, mostrou o candidato.Era um careca narigudo, de óculos, parecido com aquele repórter da televisão que trabalha com aquela moça loura, grandona..."Mas esse moço não tem cara de político não, seu Juca. Como é o nome dele?""Geraldo". Respondeu o companheiro."Nunca ouvi falar. Ele fez o que?""Foi Governador de São Paulo"."Mas não era o Maluf?" perguntou dona Jurema."Isso faz tempo, esse é o atual."Olhando bem para a cara do sujeito, dona Jurema, desconfiada, ficou quieta.Esperar ele falar primeiro para depois julgar, quem vê cara não vê coração.Depois que o moço começou a falar, pausadamente, com aquele jeito de quem está cansado; dona Jurema, que era uma das primeiras da fila, foi se afastando, disfarçadamente.O cachorro quente com ki-suco que deram para o pessoal comer, não caiu bem, e a sonolenta fala do candidato, foram dando um sono tão profundo na velha senhora que, sem que ninguém percebesse, ela resolveu voltar para o ônibus e começou a dormir.Começou a se lembrar dos discursos inflamados de Juscelino que ouvira na juventude, foi dando uma saudade doida.E dormiu, e sonhou, e sonhou e dormiu.Quando acordou, duas horas antes, ficou preocupada. Será que o moço ainda estava falando?Olhou para o lado e viu que várias pessoas tinham seguido seu exemplo e voltado para o ônibus.Resolveu, então, voltar para o auditório a tempo de ouvir as últimas palavras do candidato.Profissionalmente, assim como quase todos que estavam ali, aplaudiu e cantou as hip hurras de praxe.Mas desta vez, ao contrário de tantas outras, saiu com a mesma impressão com a qual chegou.Aquele moço disse muito, falou muito e não disse nada."Aecinho, você me paga, colocar a gente numa furada dessas!" Pensou a setuagenária senhora.Mas, como o cachorro quente e o ki-suco, além da camiseta e do emprego estavam garantidos, nada falou.Afinal cavalo dado, não se olha os dentes, mesmo que o cavalo seja banguela!

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2 comentários

  • MARCOS LOURES  
    13/6/06 6:46 PM

    Realmente, conforme todos os oposicionistas dizem, Lula sabia. E falo mais, não somente sabia como sabe.
    Como também a maior parte da população lúcida deste país sabia das dificuldades que o Governo encontraria, após tanto tempo de desgoverno e entreguismo, feitos sob a desculpa de “enxugar a máquina” administrativa.
    Tivemos nos oito anos de FHC tal avalanche de atitudes contrárias aos interesses da população brasileira que, o resultado de tal política governamental foi catastrófico. O aumento das dívidas interna e externa, e a perda do controle estatal de grande parte do maquinário estatal, entregue a preço de banana para o capital privado.
    Outra coisa que Lula, com certeza sabia é a gigantesca desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres, fruto de uma política escravagista onde o povo sempre foi vitimizado pelos mesmos desgovernos anteriores, preocupados em manter as benesses das elites econômicas mantendo um salário mínimo absurdamente pequeno e com o crescimento do nível de empregos ínfimo.
    Mais uma coisa que Lula sabia era da necessidade de reformas importantíssimas para o crescimento do país, como um todo.
    Lula sabia, como todos nós também, que o potencial deste país é gigantesco e que somente com o investimento no seu povo poderemos ter uma sociedade mais justa.
    Lula também sabia que somente com a educação poderemos ter uma melhoria da qualidade de vida do proletariado, por isso temos o PROUNI, o FIES, o FUNDEB, os investimentos nas escolas técnicas federais e o aumento de vagas nas universidades federais, além da criação de novos estabelecimentos e cursos.
    Lula com certeza sabia que o novo milênio terá como grande problema, o problema energético, portanto os investimentos nessa área foram flagrantemente maiores e mais bem sucedidos do que nos desgovernos anteriores; inclusive com o incremento do biodiesel, entre outras soluções.
    Lula sempre soube que a miséria de um povo se mitiga, primeiramente com melhor alimentação e, ao transformar o fome zero ou bolsa família num programa mais eficiente, conseguiu alimentar mais dignamente 95 por cento das crianças desse país.
    Lula por certo sabia que somente com melhoria de salário e de estrutura dos professores e das escolas públicas, teremos uma melhor qualificação dos alunos e, por conseguinte maiores horizontes.
    Dá-me a certeza desse fato de que Lula sempre soube que somente o povo poderá mudar os destinos deste país, e por isso este foi priorizado; todos os dados sociais deste governo são positivos.
    Agora, sobre o dito “mensalão”, me desculpem, isso merece uma análise mais coerente e lúcida.
    Em primeiro lugar, quando o próprio denunciante isentava Lula do fato deste ser participe da confecção desta “arapuca”, isso é explicito.
    Outra coisa, as investigações sobre o “mensalão”, demonstram claramente que o caixa 2 dos partidos aliados é a única alternativa plausível; ou querem me fazer crer que aliado compra aliado.
    Essa forma de atuação seria inédita e estúpida, tão estúpida quanto à afirmativa insensata de que isso seria possível.
    Compra-se adversário, ora Bolas!
    Mais um detalhe que chama a atenção é a ausência do ineditismo do esquema, utilizado anteriormente pelo Caixa 2 tucano e mineiro.
    Roberto Brant e Eduardo Azeredo, fazem parte dos “40 ladrões” indiciados pela CPI dos correios, além do Clesio Andrade.
    Confere?
    Então, quando Geraldo fala sobre isso chama o ex-presidente e senador do seu partido de ladrão, além do ex-ministro de FHC, Roberto; sem falar do vice-governador de Minas, aliado de Aécio Neves.
    Mais uma coisa que me chama a atenção é o fato de que se imputarmos a Lula o conhecimento de um esquema de caixa 2, devemos imputar a FHC o conhecimento do mesmo esquema com relação a Eduardo Azeredo, estendendo tal fato ao Governador Alckmin, enfim a todos os políticos que fizeram campanha nas eleições de 1998 pelo PSDB e pelo PFL.
    O esquema do “mensalão” foi sepultado na Câmara dos Deputados na absolvição da quase totalidade dos deputados envolvidos neste esquema.
    PORTANTO, SOBRE O QUE INTERESSA AO PAÍS, LULA COM CERTEZA SABIA DE TUDO, AGORA COM RELAÇÃO AO CAIXA 2 OU MENSALÃO SE OS APEDEUTAS PREFERIREM, NUNCA NINGUÉM IRÁ COMPROVAR SE SABIA OU NÃO SABIA, TANTO QUANTO FHC A QUEM ACUSO, A PARTIR DE AGORA, DE SABER DO “MENSALÃO” MINEIRO DE 1998.

  • MARCOS LOURES  
    14/6/06 12:51 PM

    Penso no maio das mães,
    Com seus filhos massacrados
    Pior que fossem mil cães
    Nos gritos desesperados
    De quem tombou na batalha
    Os mortos pela navalha

    D’incompetência d’estado
    Deixando esse povo refém
    Do grito desesperado
    Respondido por ninguém
    Desse povo abandonado
    Tratado qual fosse gado.

    Penso nas camas vazias
    Nos olhos sem amanhã
    Nas teresas e marias
    Vivendo a vida malsã
    Esperando por seus filhos
    Perdidos, fora dos trilhos.

    A mãe dos soldados mortos
    Sem perdão e sem por que
    Na visão dos homens tortos
    Tentando sobreviver...
    As mães que sempre sofreram
    Que as esperanças perderam.

    Sem poder nem apontar
    Os olhos para os culpados
    Que vivem para ocultar
    Os desmandos desgraçados
    Que tentam sempre esconder
    Teimando no negar ver

    Que os erros mais singulares
    Cometeram, sem perdão.
    Assassinando seus pares
    Provocando a reação
    De todos quantos conhecem
    As dores que elas padecem.

    As mães desses inocentes
    Quatrocentos que tombaram
    Nas ruas, pelas serpentes.
    Que no fundo assassinaram
    A todos sem exceção
    Por terrível omissão.

    Penso no pranto sofrido
    Dessas mulheres perdidas
    No terror tão desmedido
    Que carregou tantas vidas
    Me diga meu Deus por que
    Tanta dor pra se viver...

    Nos uniformes vazios
    Dos soldados e operários
    Nos olhos, trágicos fios.
    Que ligam aos mandatários
    Dos criminosos cretinos
    De todos os assassinos.

    Dos Pilatos que, omissos.
    Permitiram tal chacina
    Com seus olhos tão mortiços.
    Trouxeram lá da Argentina
    A visão das mães da praça
    Nessa dor que não disfarça.

    Nossas pobres mães paulistas
    Também carregam seu fardo.
    Procurando pelas listas
    Onde esteja assinalado
    O nome de seu rebento
    Carregado pelo vento...

    Se, nesse dois mil e seis,
    Teceram essa mortalha;
    Última, seja essa vez.
    Que não repita a batalha
    que nossas mães brasileiras
    não merecem tais bandeiras.

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