Recordar é Viver...

Por: Rita de Cássia Tiradentes

Chegaram-me notícias fresquinhas de uma pequena cidade de Portugal, Barra da Vila Alta, com um caso inaudito, mas de reflexões necessárias.Na pequena aldeia lusitana, havia um motelzinho pequeno e afastado do centro da cidade, como todo motel deve ser; bastante discreto para que os moradores da pequena cidade e de seus arredores pudessem "divertir-se" sem maiores complicações e com o sigilo que as travessuras merecem, ainda mais num local tão conservador quanto o Trás os montes portugueses; já que com os tempos modernos, os atos detrás dos montes ou dos matos estavam se tornando muito perigosos ou mesmo arriscados.Pois bem, num desses atos condenáveis de oposição ao prefeito, Luiz Silva, um de seus principais adversários, o vereador Ontário Netos, acusado de ter sua campanha política associada ao crime organizado e ao tráfico de drogas, num ato de total irresponsabilidade e vingança absurda, ofereceu ao9 dono do Motel Nossa Senhora de Fátima, os serviços de um cidadão, Francis Ildo, conhecido como bravateiro e fofoqueiro pelos seus vizinhos, na aldeota de Piau, distante do TRÁS OS MONTES.Assim que começou a trabalhar no Motel, Ildinho começou, a mando do seu patrão, Ontário, a anotar todas as placas de quem entrava no recinto e a que horas foi e, se possível, com quem.O secretário Municipal de Finanças, Antoniel Palhoça, homem pobro, de caráter extremamente íntegro, homem admirado por todos, muito bem casado, pai de um par de filhos muito queridos por todos, havia sido incluído por parceiros de bandidagem de José dos Anjos, traficante barra pesada, que estava associado, segundo dizem a Ontário, numas denúncias sem comprovação de corrupção.Na Câmara dos Vereadores municipal, aberto um processo de investigação sobre o caso, Ontário, ao ser acusado por um bedel local, de que haveria provas contra si, num ato tresloucado, resolveu agir.Num belo dia, Ildo, sem nenhuma comprovação, disse que havia encontrado o Secretário das Finanças, ele mesmo, Antoniel Palhoça, entrando com um carro dentro do motel e, para espanto de todos inclusive do Secretário, dirigindo o próprio carro.Isso era de se espantar, pois, o dito secretário não sabia dirigir, mas isso são detalhes...A placa do automóvel, ao ser averiguada pelos investigadores, causou uma imensa surpresa.A que Ildo tinha anotado não pertencia ao Secretário e sim, pasmem à digníssima mãe do vereador...O problema é que a História tomou outros rumos, o Secretário se demitiu, com o intuito de salvaguardar a honra pessoal, Ontário ficou meio sem rumo, mas continua vociferando asneiras a três por quatro.Ildo virou herói municipal e Joaquim Manuel, amante da mãe do vereador, tira melecas do nariz....

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1 comentários

  • Anônimo  
    18/5/06 7:04 PM

    O fato me fez lembrar de um texto do Stanislau Ponte Preta, no Ultima Hora, na época da ditadura.
    Vou tentar resumir o texto:

    Um agente do DOPS há muito tempo desconfiava de um vizinho. Ele achava (e quem acha não sabe nada, penso eu) que o vizinho era comunista. Para mostrar serviço para os chefes do departamento, ele passou a seguir o vizinho. O sujeito, toda tarde, saia de casa e se dirigia para um certo edifício. O agente do DOPS, muito perspicaz - como todo agente da polícia política - deduziu logo que o sujeito estava marcando um ponto num aparelho (para quem não havia nascido ainda, era um encontro marcado com companheiros militantes num lugar qualquer). O tira rondou o prédio durante um mês e aí comunicou o fato aos chefes. Todo o departamento marcou uma batida sob a orientação do agente. Todos estavam loucos para entrar no apartamento e apanhar os comunas ateus e apátridas (outras expressões da época).
    Quando a porta foi arrebentada e a turba policial entrou, com o agente à frente, encontraram a mulher do agente e o vizinho agarrados na cama.

    Bem, algumas semanas depois, o Ponte Preta foi envenenado quando participava de um evento, ou show, num teatro de Niterói. Esteve doente durante alguns dias, apenas. Era só um gracejo em cima dos torturadores do DOPS mas os panacas não gostaram.

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