PSDB, PNLB ou PSNB?
Por: Marcos V. Manarinno
Me lembro das noites impossíveis, das madrugadas passadas em torno de uma mesa, idealizando um mundo novo, tendo como companheiro um copo de cerveja ou uma tulipa de chopp, na noite carioca da década de 80.
"Amigos mortos, amigos sumidos assim, pra nunca mais..."
Escondida em cada copo, a perspectiva do beijo da namorada e da ilusão de uma nova esperança, a cada final de semana, a noite era comprida e docemente embalada pelos cantos libertários e pela intensidade dos sonhos, proporcionais ao tamanho das desilusões.
Ao entrar na faculdade, em 1980, um dos primeiros atos foi participar do enterro da secretária da OAB, vítima da ultradireita; dessa mesma que explodiu um carro no Riocentro, naquele show inesquecível do primeiro de maio.
No ABC paulista surgia o líder sindical, Lula, barbudo e cabeludo, incendiário e genial; paralelo ao Solidariedade polonês, também libertário.
Na anistia, o retorno de Leonel Brizola, festejado e lançado a governador do Rio, combativo caudilho, adoravelmente ditatorial e polêmico, tempestade na antiga monotonia política carioca de amaralistas e chaguistas.
O PT surgia, tímido e paulista, mas pegando o sotaque carioca se tornou tão combativo que encarou o Brizolismo na Cinelândia vulga "Brizolândia".
Tempos lúdicos e românticos, de um sonho distante, comum a todos nós, socialistas.
Quando éramos simples adolescentes encantados com os testemunhos dos mais velhos, comunistas perseguidos, nos livros que líamos, muitas vezes escondidos, o idealismo fez muitos de nós sonharmos com o comunismo, inclusive eu; amante do PCdoB, partido de glória e guerra, da minha querida Jandira Feghali, exemplo de luta e de revolucionária.
O tempo passou, o Collor roubou uma eleição, filhote da ditadura, caçador de maracujás e, cria do sistema Roberto Marinho de comunicações, forjador do maior engodo desse país; apoiado pela FIESP de Mario Amato - a Regina Duarte da época...
Surge Itamar - "Maluco beleza", o plano real, ACM fora do poder e, erro maior de seu governo - a "criação" do monstro FHC, o maiior estelionatário da história desse país.
Me lembro da Lilian Ramos, é o Itamar não tinha mau gosto não...
FHC, aí a história muda de rumo e de cor.
Houve um momento, na época da escolha do sistema de governo, em que o PSDB se aproximou do PT, tentando uma aliança pró parlamentarismo; mas como o PT é um partido de base democrática e essa optou pelo presidencialismo republicano, houve uma cisão, mas não ideológica, já que houve alianças históricas entre os dois partidos, principalmente em São Paulo, onde o malufismo era um inimigo comum.
Porém, estranhamente, o PSDB ao invés de se aproximar do PSB ou do PDT, se entrega de braços abertos e, o que é pior, se subjuga ao que havia de mais podre na política nacional, o PFL.
Tivemos, com essa aliança espúria, o rumo político e econômico brasileiro totalmente desviado para o "neoliberalismo" o que quer dizer capitalismo selvagem e entrega do patrimônio público ao capital estrangeiro.
A história desse conluio desgraçado quase leva o país à falência econômica e social.
O que a gente, naquela mesa de bar nos já longínquos anos oitenta, não sabia é que os mesmos que saudávamos como libertadores foram os mesmos que nos colocaram dentro da jaula do tigre esfomeado.
Os que alimentaram nossas ilusões foram, eles mesmos, responsáveis pela entrega do patrimônio nacional que, nem mesmo a ditadura, ousara fazer.
O mundo inteiro hoje se inclina para o socialismo, isolando cada vez mais o "neoliberalismo" norte americano, a Itália foi um dos últimos refúgios de apoio ao modelo yankee, representado no BRASIL, quem diria, pelo PFL e pelo PSDB.
É triste ver o que fizeram de uma ala do MDB autêntico, de lutas e ideais; até onde foram levar isso?
A atuação do PSDB é um desrespeito aos mortos em nome da liberdade, é um desrespeito às vítimas da luta pelo socialismo, e, na verdade, um desrespeito ao próprio PSDB, que deveria mudar seu nome para PNLB, partido do neoliberalismo brasileiro ou PSNB, partido da submissão aos norteamericanos do Brasil.
Seria mais coerente retirar A SOCIAL DEMOCRACIA do seu nome, isso seria pelo menos um sinal de respeito aos que lutaram ou, pelo menos sonharam.
6/5/06 7:49 PM
O EVANGELHO SEGUNDO MATHEUS – APÓCRIFO
Nesse início de milênio, têm surgido vários evangelhos apócrifos; o mais recente escrito em linguajar tupi-guarani, foi encontrado no norte fluminense e, segundo estudos cienítficos, apresenta características ímpares, sendo que nas suas traduções para o português, apresenta sinais de que tenha sido escrito recentemente, o que é interessante pois pode demonstrar algumas lições interessantes.
Nesse texto, cuja tradução iermos apresentar em seguida, temos uma idéia da messianificação de um homem, Matheus, que se apresentava como o ungido de Deus, quase que um Novo Messias, capaz de salvar, curar e operar milagres tanto individuais quanto coletivos, através da utilização de mecanismos humanos para a transformação do homem tanto no caráter físico quanto moral.
O texto que se segue é uma aproximação do original, já que não dispomos de tradutores mais fiéis, já que o dialeto utilizado é da tribo dos goitacazes, que ninguém sabia, era talvez a única a se utilizar de papiros, coisa que acreditamos, tenha sida introduzida por Matheus; o Pequeno.
“Naquela tarde do dia do nascer do sol amarelo e vermelho, no primeiro mês das chuvas, recebi um recado de Deus para que comunicasse ao povo através do linguajar dos tambores a boa nova da volta do Senhor, personificado nos meus seguidores, senhores da verdade e do reino divino.
Começaria, assim, minha missão numa pequena aldeia, onde os índios acreditavam no meu guia, o homem que estaria abrindo as portas para o crescimento da nossa missão restaudora da moral e dos bons costumes, o grande Brisa, homem complexo de história confusa, mas líder nato, com quem aprendi a criar fatos novos para chamar a atenção sobre os meus propósitos, inclusive, a utilizar a palavra para convencer sabendo, mais que tudo que os meandros da política, melhor caminho para a chegada ao poder; são, muitas vezes, mais complexos e nem sempre tão éticos, mas válidos para a realização da missão que me foi imposta por Deus.
Eleito cacique da pequena aldeia, meus primeiros passos rumo à vitória final, estavam deflagrados; sendo absoultamente necessário que eu, evitando um conflito maior no futuro com Brisa, eliminasse esse do meu caminho.
Mas, para isso, eu necessitava de um apoio dos meus companheiros, fiéis apóstolos, numa associação com outro grupo de índios, os beneditinos, povo que morava na aldeia principal da tribo, lá no litoral.
Feito isso, consegui a liderança da aldeia e da tribo; em seguida, como parte de minha missão, era importante eu isolar tais lideranças, para assumir, isoladamente o controle da tribo para atingir o meu intento de evangelizar toda a nação tupi-guarani.
O Deus me protegeria e me tornaria, custasse o tempo que custasse, o principal líder dessa nação, podendo, com a graça de meu Pai celestial, atingir o objetivo maior, derramar as minhas mãos messiâncias sobre todo o povo.
Imediatamente, afastei do poder o povo da aldeia litorânea e o líder Brisa, me tornando a maior liderança da tribo.
Na minha primeira tentativa de chegar ao comando, ao cacicato da nação tupi-guarani, dei o azar de, me deparar com o líder Lual, homem carismático que, ligado a facções eclesiásticas diversas, conseguiu ganhar o governo da terra tupi.
Tendo sido perseguido pelos inimigos de Deus, ou seja, meus inimigos, ainda consegui, com facilidade, fazer da minha companheira, a líder da aldeia litorânea.
Com o cresciemento da minha campanha fui, aos poucos, me tornando mais forte, acreditando ser capaz de modificar o pensamento de meu povo; povo esse sofrido e necessitado de milagres tanto do corpo quanto da alma, e essa era a minha missão.
Com o meu discurso sobre a família, coerentemente feito, a partir do fato de minha companheira ser a atual líder da tribo, estava em franco crescimento popular.
Porém, todo homem de Deus é perseguido por demônios, e esses, descobrindo alguns pequenos pecados, tentaram me atingir e, num primeiro momento, tentaram e até conseguiram me proibir de tentar conseguir o poder da nação tupi.
Mas, ao pagar uma multa irrisória, consegui a minha autorização para chegar ao poder.
Minha campanha ia de vento em popa, comecei a ter aceitação entre os líderes de outras tribos e estava já vislumbrando a possibilidade de, mesmo que não fosse agora, mesmo que fosse depois, atingir o meu sagrado destino.
O líder Lual estava muito forte e, num ato do qual me arrependo amargamente, tentei fazer uma aliança com o grupo dos arerês-tucanos, outra tribo que queria o cacicato maior, o domínio das terras tupis.
Me propus até, ingenuamente, a aliar-me a eles para derrubarmos esse líder forte, mas sem a missão divina, coisa exclusiva de minha trajetória.
Porém, um dia, ao ser feita uma consulta aos índios, o meu postulado ter sido demonstrado mais aceitado do que o dos arerês-tucanos, eis que esses me armam uma cilada e, cruelmente me atingem pelas costas.
Desesperado, tentei um suicídio lento, doloroso e amargo; isso me foi fatal.
Os inimigos de Deus venceram e, se Matheus, o pequeno, não se tornou o novo messias, os principais culpados são eles, os arerês-tucanos, filhos do demo e enviados por Satanás para destruir o representante do povo de Deus e da família...”
O achado desse papiro demonstra que desde idos tempos; ainda não se pode precisar a data, a religião não deve ser associada à política de forma direta.
A religião é uma atitude política porém ELA É DIVINA.
A política é um mecanismo HUMANO, mesmo que seja bem utilizada em prol da melhoria da vida do povo.
A mistura dessas duas atitudes É IMPOSSÍVEL a nível de mecanismo para a melhora do povo.
Ou se apodrece a religião nessa associação, ou se torna a política, um fator de ENDEUSAMENTO que gera os ditadores, os “Messias”, os donos da verdade, em suma, gera o ABSURDO DO FANATISMO RELIGIOSO associado com a DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA E A INTOLERÂNCIA ENTRE OS HOMENS.
A história está plena de exemplos dessa atitude.
Passando pelo fanatismo japonês, dos kamikazes e samurais, pelo exemplo dos muçulmanos e judeus, irlandeses , hutus entre outros na história moderna e centenas de casos na história antiga.
Esse documento merece uma análise profunda para que esses erros não sejam cometidos mais.
Não creio na veracidade desse Evangelho, mas deve ser guardado para evitarmos os falsos psrofetas, os donos da verdade e da religião.MAR