Os Alquimistas estão chegando, ou como transformar titica em ouro

Por: Marcos Loures

Vemos, nesses dias, uma reedição das épocas antigas, onde os neo-alquimistas tentam fazer o milagre da transformação de titica em ouro.O interessante desses novos "feiticeiros" é a ausência da utilização dos cadinhos antigos, das misturas de pós, essências, extratos; coisa de há muito abandonada, principalmente pela ausência de resultados no passado.Como sabemos, desde os tempos da Paracelso, nunca foi obtida essa fórmula espetacular.Porém, em pleno século 21, com toda a modernidade desse mundo globalizado, tive notícias extremamente confidenciais, vindas de São Paulo, que um novo grupo de alquimistas se reuniu para tentar essa espetacular novidade.A fórmula ainda não circula em nenhum órgão de informação, nem nos rádios, televisões, jornais nem pela Internet, embora haja entre nós quem perceba que está sendo feita esta tentativa.Obtive, por amizades que mantenho em sampa, algumas informações que, apesar de serem sigilosas, repasso para vocês nesse artigo.Esse amigo meu, ao indagar sobre o fato de que ao se utilizar de titica eles poderiam comprometer a experiência, já que o material é de péssima qualidade.A essa indagação, responderam que, infelizmente era esse o único material disponível no momento da elaboração da experiência.Um papel extraído, às escondidas, do quartel general dos alquimistas dá a perfeita noção de como eles pretendem, com este experimento, realizar tal milagre."Se pega a titica ressecada, que nesses casos é inodora, insossa, praticamente informe e inócua, acrescente temperos vários, como sal, açúcar, pó de jenipapo e folhas de chuchu".Após essa mistura, coloca-se para ferver, o que é muito difícil já que essa mistura raramente esquenta, mas se tiver sorte conseguirás alguma ebulição.Após a fervura, a titica fica entranhada com um fermento natural, de demorado efeito e de ação duvidosa, porém, em alguns experimentos anteriores, quando a titica foi importada de Alagoas obtivemos um resultado efêmero, mas de efeito devastador.A atual, por ser paulista e ter, mais consistência, pode ter um resultado melhor.O resultado depende de outras variáveis também, como a necessidade de termos que extrair sangue de lula em quantidade bastante grande para transfundirmos para a mistura.O difícil é que esse molusco, lula, é muito resistente e acostumado a tomar pancada sem derramar muito sangue, além de ser muito comum e ter boa fama entre os seus parentes e amigos, entre eles, o polvo.Conseguido isso, através de uma nova tática, a difamação e a calúnia, através de propaganda nos principais meios de comunicação, já que isso é absolutamente indispensável para a sangria do crustáceo, faça então uma rede de intrigas e fofocas.Monte um circo de horrores, envolvendo galinhas, palhaços, leões, qualquer coisa que possa destruir; lembrando-se sempre de sangrar o máximo que puder.Após essa sangria e essa transfusão, coloque a titica em evidência, tentando torná-la popular, transmudando-a em uma coisa mais digerível, embora o jeito de chuchu continue, tente congelá-la, já que vivemos num país tropical, possa ser que ela pelo menos refresque no calor da batalha.É claro que essa mistura, embora essencialmente nobre em relação à titica alagoana, já que, como dissemos foi extraída de aves criadas com alimentação mais nobre, tipo caviar, champagne, uísque escocês legítimo, croquetes , salmão, trutas e tretas entre outros alimentos mais nobres, precisa ser apresentada com um gosto mais popular, valendo a pena usarmos buchada de bode, coxinha de botequim, etc.Leve a titica a eventos populares, tipo carnaval, enterro de bicheiro, festa de padroeiro, exposição agropecuária, por exemplo. Já que desta forma, ela se torna mais conhecida."E aí teremos a titica transformada em ouro."As últimas notícias que tive foram desalentadoras. A mistura, aparentemente não deu certo.Desconfiam que o erro fosse de origem.Afinal, ela foi extraída, ao contrário da nordestina que veio de gato; essa foi "cultivada" por tucano!

AddThis Social Bookmark Button

0 comentários

Postar um comentário