O PT e as cidades pequenas

Por: Marcos Loures

Nasci numa cidade de mais ou menos cem mil habitantes, na Zona da Mata mineira, Muriaé, onde passei meus primeiros quinze anos, acompanhando, sorrateiramente, o que estava acontecendo no caldeirão político brasileiro, graças ao fato de ter nascido em uma família italiana, vinda da Calábria, onde fora vítima das mesmas discriminações que o nosso nordestino sempre sofreu no Brasil.Pelo outro lado, filho de um professor vindo de uma pequena cidade próxima de Muriaé, filho de um mecânico e de família humilde que, nos dizeres das oligarquias muriaenses era "lambari de enxurrada"; precocemente levado à direção de um indesejável colégio estadual.Digo indesejado pelo fato de que a Educação era, em Muriaé, dominada pela Igreja, tanto no Colégio Santa Marcelina, ligado às Irmãs Marcelinas, quanto no Colégio São Paulo, ligado a Igreja Católica.Essas origens me permitiram ter uma visão mais crítica da realidade dos discriminados e, o ensinamento de que, somente pela Educação poderia reverter esse quadro.Ao mudar-me para o Rio, estudei durante um ano num colégio de classe média alta, na Tijuca, bairro típico da classe média carioca.Depois, fiz minha faculdade na UFRJ, em pleno caldeirão das tentativas de redemocratização.Após o termino da faculdade, fui para uma cidadezinha no interior de Minas próxima ao Espírito Santo, onde resido até hoje.Isso me dá a possibilidade de avaliar o Partido dos Trabalhadores, nas três realidades diversas.Na cidade de porte médio, na cidade grande e nos grotões desse país.Uma coisa que pude observar nesse período é que, mais difícil do que ser petista é ser aceito pelos grupos que monopolizam o partido nesses locais.O PT se porta como um partido exclusivista e cartorial tendo, em muitas das vezes, caráter personalista, sendo tão contraditório quanto qualquer outro partido.Tentei, em Espera Feliz, sem sucesso, me filiar ao PT local, numa forma de poder ajudar a tentar que o partido elegesse seu primeiro vereador na história da municipalidade; em vão.Todas as vezes que me aproximava do Partido, a promessa de "vamos mandar a ficha de filiação", morria no vazio.O partido, na cidade está ligado ao sindicato dos trabalhadores rurais e, em alguns momentos, serviu de base de apoio de outros partidos, mas, ao contrário de Lula que venceu e vencerá com mais de setenta por cento dos votos, o PT nunca chegou a míseros dez por cento do eleitorado; nunca elegendo, portanto nenhum vereador nos seus quase trinta anos de história.Noutro município, Guaçui, apesar de ter dentro dos quadros, um dos maiores expoentes do sindicalismo capixaba; João Jose Sana o partido tampouco representa força política.Rita, minha esposa, ao presenciar e cobrar de João coser, atual prefeito de Vitória, porque este apoiava um candidato das oligarquias locais, percebeu que o mesmo foi ludibriado pelas lideranças locais, COMPROMETIDAS COM ESSA MESMA OLIGARQUIA, utilizando-se do partido como se fora um partideco de aluguel qualquer.Isso gerou a sua debandada para o PCdoB, que presidiu por alguns anos e, junto com ela, de vários companheiros.Nas últimas eleições, o PT lançou candidatura própria numa cidade próxima, tendo como principal articulador, político ligado ao GRUPO DE JOSE CARLOS GRATZ, inclusive denunciado e condenado.Esse é o PT das pequenas cidades. Um partido como qualquer outro, com o agravante de, quando não coopta, exclui e, excluindo ou cooptando, se torna dos grandes partidos nacionais, talvez o de menor expressão nesses grotões.Mudar essa realidade se torna urgente e necessária, vital mesmo, para que possa ter a expressão de um PMDB nas pequenas cidades.E isso se torna a pedra fundamental para o verdadeiro nascimento de um Partido mais representativo e mais abrangente.Suas origens se estabeleceram nas cidades de médio e grande porte e conquistar, definitivamente, as cidades pequenas, é condição essencial para a implantação universal do SOCIALISMO, em todas as suas instâncias.Enquanto isso não ocorrer, corremos o risco de tocarmos o coração, mas não conquistarmos a alma do brasileiro.
Coisa que, com perfeição, Lula conseguiu.

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3 comentários

  • Anônimo  
    30/5/06 3:47 PM

    A MUSA DO VERÃO
    Uma análise das pesquisas eleitorais para a presidência da república me permite fazer uma análise sobre as tendências de votos, principalmente em relação aos “redutos” de cada candidato ou partido.
    Em primeiro lugar, uma coisa que é notória deve ser vista como ponto de partida para essa análise.
    Temos um terço do eleitorado fiel a Lula, que vota e sempre votou e votará em Lula; temos outro terço que nunca votaria em Lula e um terço que irá decidir a eleição, qualquer eleição onde Lula participa ou participará.
    Comecemos pela rejeição de Lula, essa se mantém dentro da previsão dos 30 e poucos por cento que nunca votariam nem votaram nele.
    Poderia se imaginar que Alckmin deveria crescer absurdamente dentro dessa faixa de eleitorado, mas, por rejeição cumulativa, ou por incapacidade de convencimento ou por um passado de ineficiência deflagrado na crise de autoridade em São Paulo, este não consegue nem preencher esse espaço “vazio”.
    Outro aspecto que chama a atenção, é o fato do voto da “intelectualidade” de Ipanema ou do Baixo Leblon, ter se virado em grupo para a candidatura de Heloisa Helena. E isso faz com que ela tenha a percentagem de votos esperada pela representatividade deste grupo, conhecido pela visão “esquerdista” sem conhecimento de causa.
    Não quero fazer e nem devo fazer críticas, mas a Senadora herdou esses votos e só. Não conseguiu sequer “tocar” o coração e nem a alma do proletariado, em nome de quem pretende falar.
    Já Roberto Freire e Cristovam Buarque mantêm a inexpressividade absoluta com que adentraram a corrida presidencial, como se fossem as Minardis do passado.
    Nem por milagre podem alçar vôos maiores que 2 por cento do eleitorado, somados...
    Enéas está sendo substituído pelo voto nulo, provável vice-campeão dessa eleição.
    Esse fenômeno da grande expressão desse anticandidato, o nulo, demonstra nem tanto a insatisfação com Lula, mas sim, e com muito mais vigor, a insatisfação dos anti-Lulas com relação a Alckmin.
    Lula conseguiu manter, basicamente os votos que obteve nas últimas eleições e, principalmente dos mesmos extratos que o elegeram, os proletários cansados de tantas promessas que buscavam a esperança associados aos votos dos que sempre votariam e votam nele, podendo atingir entre 45 a 55 por cento do eleitorado.
    A perda de votos de Lula se deu, basicamente, no eleitorado das elites “esquerdistas” e nos em alguns votos “herdados” no segundo turno; como era de se esperar.
    O principal fenômeno que antevejo, nessa eleição, é a grande rejeição, mesmo entre os anti-lulistas, da candidatura de Alckmin e de José Jorge, incapazes de dar ânimo ao mais fanático dos cabos eleitorais tucanos.
    Agora, a candidatura de Garotinho, ao se esvair, vai distribuir votos entre Lula e Alckmin, proporcionalmente ao restante dos grupos pesquisados.
    Já Heloísa Helena é a minha candidata preferida à Musa do Verão carioca.
    Nesse quesito ela é imbatível!!!

  • MARCOS LOURES  
    30/5/06 4:55 PM

    Da Folha de S.Paulo, hoje:

    "Temendo um arrastão em seu território, o PSDB desenhou uma mudança na estratégia do pré-candidato Geraldo Alckmin à Presidência da República. Em vez da investida no Nordeste, Alckmin deverá se dedicar mais ao Sul e ao Sudeste -região onde conta com situação mais confortável- para impedir a ocupação petista.
    O medo dos tucanos é que, no afã de ganhar visibilidade nacional, Alckmin deixe São Paulo desguarnecido, permitindo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhe fôlego suficiente para levar a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes ao segundo turno.
    Além disso, os tucanos se preocupam com a performance do candidato no Rio e Minas Gerais. No Rio, onde, pelos números de hoje, os candidatos do PFL e PSDB não chegariam ao segundo turno, Alckmin ainda busca o palanque mais sólido para a disputa.
    Em Minas, a intenção é explorar mais o capital eleitoral do governador tucano Aécio Neves (MG). Assim como o governador da Bahia, Paulo Souto (PFL), Aécio será convidado a integrar o conselho político da campanha de Alckmin."




    A análise desta notícia deve ser feita da seguinte forma:
    A possibilidade de reverter o quadro desolador da candidatura de Geraldo no Norte e Nordeste se mostrou totalmente nula.
    E, antes que a sua ausência possa dar maior força às candidaturas contrárias ao PSDB, principalmente em São Paulo, é melhor parar de comer buchada de bode, acarajé, sarapatel; parar de fazer “promessa” para Padim Ciço, passear pelas ruas e praias nordestinas, mostrando seu “bronze” de garotão sarado e retornar à casa paulista para tentar impedir o barco tucano de fazer água.
    Falando nisso, vou roubar um pouco da sua atenção para descrever essa canoa.
    A canoa foi feita, sob a encomenda da alta cúpula do gran tucanato paulistano, por um estaleiro paulistano escolhendo para capitão, o piracicabano Geraldo, que se apresentou, voluntariamente para ser o capitão da embarcação.
    Pois bem, como sabemos que a capital paulista não é um dos locais mais indicados para a indústria naval começando pelo simples fato de não possuir mar; foi chamada a alta cúpula do PFL nordestino associada com o PFL carioca, de César Maia para, costurando uma aliança tentar salvar o barco.
    Esse pessoal do PFL tem muito mais conhecimento de fabricação de barcos, porém, como a experiência básica é na construção de jangadas, ouve uma grande discrepância, entre o tamanho da canoa desejada e a fabricação da jangada pefelista.
    Começou, então, uma grande discussão entre os vários engenheiros, construtores, operários, comandantes e até marinheiros.
    Tucano é bicho terrestre e, sem perceber, entre trocas de bicadas e pescoções, começou a fazer várias perfurações na própria canoa.
    Essa, inevitavelmente atingida e de forma brutal, começou a fazer água.
    E por todos os lados.
    Pois bem, o capitão Geraldo, mais perdido que cego em tiroteio foi chamado às pressas para tapar o buraco de bombordo.
    Quando, de repente, começa a vazar em estibordo, na proa, na popa, em todos os lugares da canoa, havia furos e mais furos.
    Nessa altura do campeonato, os construtores do barco reclamam em alto e bom som:
    - Em que maldita canoa furada fomos entrar!
    O capitão Alckmin, vive repetindo que as coisas vão mudar, vão mudar...
    Mas se a canoa não furar eu chego lá será mudado, em pouco tempo por: ABANDONAR BARCO! E, nessa situação, os ratinhos vão deixar o capitão a ver navios; ou melhor, a ver o Lula Gigante, passando, célere, rumo à reeleição!

  • Anônimo  
    30/5/06 7:59 PM

    Jantar de R$ 3.000 tenta arrecadar recursos para a campanha de Alckmin Os tucanos paulistas se reúnem hoje, a partir das 19h, em mais um jantar de apoio à candidatura do ex-governo Geraldo Alckmin, no Oggy Gallery, nos Jardins. Com convites a R$ 3.000, o jantar deve arrecadar recursos para a pré-campanha de Alckmin.

    O ex-prefeito de São Paulo José Serra, candidato tucano ao governo de São Paulo, é esperado no evento. Ele não confirmou presença.

    O jantar havia sido cancelado por conta da onda de violência que atingiu a capital na semana retrasada. O convite custa R$ 3 mil e foram vendidos cerca de 300 convites. O evento é organizado pelo diretório estadual do PSDB em São Paulo.

    Hoje à tarde, tucanos e pefelistas se reúnem no conselho político criado para aparar arestas na campanha de Alckmin, na capital federal. Entre os itens da pauta do encontro do conselho político está a formalização da aliança PSDB-PFL, prevista para quarta-feira.

    Honestamente, eu não quero parecer vingativo, mas tem coisas que acontecem que o dedo coça e não tem jeito. Lá estou eu de novo a escrever...
    Lembro-me bem quando o PT fez um jantar cuja doação mínima era de mil reais para arrecadação de dinheiro.
    Isso levou o Senador Arthur Virgílio a crises convulsivas dentro do Senado Federal, colocando em dúvida todos aqueles que participaram de tal jantar.
    Alegando que as contribuições seriam uma forma de corrupção, já que quem doasse teria “benesses do Governo”.
    Agora o PSDB me vem com o mesmo tipo de expediente para a mesma arrecadação de dinheiro.
    Percebo que o Senhor Senador falava por conhecimento profundo de causa já que, no seu partido, provavelmente, tais jantares prestam a finalidades outras.
    Pelo que ocorre na minha casa, por pressuposto devo imaginar o que ocorre na de outrem, pensava assim o Senador Virgílio.
    Partindo desse pressuposto, entendo agora o piti dado, como de costume pelo emplumado amazonense.
    Agora, voltando ao Jantar, me ponho a imaginar como transcorrera tal evento.
    Com a cobertura “jornalística” de Caras e televisiva de Amaury Jr., O Repórter, temos a abertura do evento, na Daslu, presidido pela “Dama da televisão brasileira” Dona Hebe Camargo!
    Vestindo um legitimo “De merdè” da famosa coleção de Dona Lu Alckmin, a primeira dama mais elegante do Brasil; Hebe, com uma “gracinha” de sorriso chama a “gracinha” da Cristiane Torloni para coadjuvá-la na apresentação dos convidados e do fino buffet.
    No menu temos Patê de Chuchu avec foie gras de entrée. Como prato principal, teremos Chuchu avec descargot ou Chuchu aux molho de trutas e maracutaionese, podendo ter, como opção, guisée de Tucano aux trambiqué; ou, quem sabe, tucano avec chuchu aux Robalo’s pavê.
    Durante o jantar, teremos um show com Chiclete com Banana e Daniela Mercury, para encanto de todos os ouvidos dos nobres “vagabundos” convidados.
    De sobremesa, teremos uma inesquecível mousse de abobrinhas avec chuchu.
    Isso tudo associado a um magistral discurso de Don Fernando Henrique Cardoso, sobre os métodos mais eficientes para cozinha Lula ao molho pardo.
    Métodos esses um tanto quanto ineficazes na prática, mas explanados à moda Dalilesca de FHC, num dadaísmo neoliberobesteirolês.
    Após esse “Grande Encontro”, todos devidamente empolgados com a candidatura Tucanesa, entoarão para encerrar o conhecido hino do Íbis futebol clube e irão se encontrar à beira da piscina, onde jogarão uma moeda, solicitando um desejo.
    E, para encerrar, num delicioso happy hour, todos juntos tomarão um PRIMEIRO ENGOV, JÁ QUE O SEGUNDO SERÁ FORNECIDO, GRACIOSAMENTE DEPOIS DAS ELEIÇÕES DE OUTUBRO.

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