Nordestinos Paulistas

Por Paula Evilásia Souza:

Uma coisa tem me chamado a atenção nesses dias, o fato de Alckmin e José Jorge terem perfis tão parecidos.Tanto fisicamente quanto o aspecto meio insosso de ambos.Essa característica de similaridade me permite uma observação: o quanto se parecem a burguesia paulista e as oligarquias nordestinas.O fato de ter sido São Paulo, durante sua história, uma província tanto política quanto cultural, gerou esse tipo de "aristocracia" similar à nordestina. O peão escravizado no Nordeste, ao se mudar para São Paulo, apenas trocou de chicote, mas o Senhor de Engenho foi substituído pelo dono da Fábrica ou pelo patrão burguês.O mais nefasto disso tudo é a forma com que a tão amaldiçoada burguesia, tanto lá quanto aqui, trata esses infelizes brasileiros, na porrada!As mortes sem sentido nem nexo oferecidas pelos coronéis no Nordeste, são as mesmas dos esquadrões da morte servis aos "burgueses" paulistas.A escravidão é a mesma com a mesma subserviência dos setores mais "influentes" de Comunicação, como a Veja, a Folha de São Paulo, a Isto É, o Estado de São Paulo, etc...Tudo isso me dá o asco que se pode esperar que possa acontecer com a filha de um nordestino, acostumada aos disparates dessa desigualdade social e à mão pesada dos "capitães de mato" de lá como daqui.Ser pobre e nordestino em São Paulo é tão pecaminoso quanto ser lá, nos grotões das Alagoas, da Bahia, do Ceará etc..O carcará que vive da fome e da miséria nordestina se reedita nas promessas a cada eleição, mas, aqui, há um aspecto diferente.O sonho da classe média paulista que, na maioria das vezes se equipara a estratos da oligarquia nordestina, é se transformar em burgueses.A menina tem como objetivo poder entrar nos restaurantes das elites, proibidos à massa faminta e "periférica", enquanto que essa mesma menina sonha com um dos vestidos da Daslu e congêneres.São Paulo é a maior cidade do Nordeste e, portanto, Juca Chaves acertava quando dizia que o paulista "é o baiano que deu certo".Isso se demonstra a cada dia, nessa guerra social sem fim que ocorre em São Paulo, e isso me traz de volta as semelhanças entre José Jorge e Geraldo Alckmin, é como se eu visse na mesma foto Maluf e Toninho Malvadeza; são frutos podres da mesma árvore do colonialismo, da geração de centenas de milhares de infelizes que, GRITAM nas mesmas "baladas" regadas ao som das Gretchens e Amados Batistas da vida.Onde a dor individual ou o apelo erótico descabido e escondido por uma lente falsa e deformadora têm o mesmo paladar, tanto para o paulista quanto para o nordestino.Esse chicote que transformou ambos os povos em massas idênticas, nas manobras incessantes de cretinas atuações políticas, têm que parar.A hora é de dizer não aos velhos e podres poderes; tanto lá quanto aqui.São Paulo merece coisa melhor que isso.E, a única forma para que se acabe com essas deformidades asquerosas e pútridas, é não dar mais voz a esse tipo de política e de político.Jazer com os Malufs, Antonio Carlos Magalhães, José Jorge, Alckmin é, na verdade, possibilitar a essa massa enorme de peões, paraíbas, cabeças chatas, mineiros, tanto de lá quanto daqui, o nascimento de um novo tempo; o da dignidade.

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