A farsa das CPIs

Por: Marcos Loures

A atuação do Congresso Nacional com relação ao famoso "escândalo do mensalão" se mostra numa bem orquestrada farsa, cujo objetivo era atingir José Dirceu.Na verdade, não houve pizza alguma, somente ocorreu o fato da coerência da absolvição dos acusados, pelo fato do crime de caixa 2 não ser punível com a cassação.Essa lógica esbarra em José Dirceu, cassado sem ter tido nenhum fato que comprovasse o seu envolvimento com o Caixa 2, tucano e posteriormente petista; ou seja governista do esquema do Banco Rural e do BMG.A imprensa coloca, muitas vezes, como se fora um acordo para a não punição dos "mensaleiros", ou seja, dos beneficiados desse esquema de dinheiro não contabilizado para as campanhas eleitorais.O engraçado disso tudo é que a maior parte das pessoas pensantes desse país não atentaram para esse detalhe simples e conciso; obviamente não deveria haver cassação, já que o crime, e é crime, não tem, constitucionalmente esse tipo de punição extrema.O fato de, atingindo José Dirceu, tentarem atingir Lula pessoalmente, aparece como motivação maior desse circo armado e exaustivamente explorado por uma mídia ou imbecil ou cooptada, e pelo disse-me-disse dos congressistas de oposição.As balelas colocadas nesses longos dias e meses, de tentativa de assassinato político lento e gradual, fracassado desde o começo, por não contar nem com a verdade, nem com o apoio popular, desaguaram na única e simples cassação de José Dirceu.A luta interna pelo poder, dentro do PT, em muito contribuiu para esse desenlace; com o Campo Majoritário vencendo, mas não mais monopolizando o poder partidário.O fato do pragmatismo, mas sem carisma do velho guerrilheiro, ter dominado o partido nos últimos anos, associado ao seu temperamento indócil e não subserviente, criador de atritos com os pares e, sua coerente ação, enquanto impassível e incorruptível, nos leva a crer que esses motivos eram o bastante para uma ação mais agressiva desse pessoal, acostumado à troca de favores e de maleabilidade na relação entre os poderes, vício agravado pelo FHC, o que comprava para poder "roubar" e deixar "roubar".Todas as duas CPIS foram feitas com esse objetivo, se uma falhasse, a outra estaria de plantão para cassar José Dirceu.O fato da CPI dos bingos não ser mais necessária para esse fim, já que a dos correios, com apoio de alas ressentidas como o PSOL, da esquerda brasileira; conseguiu derrubar o GUERRILHEIRO, fez com que essa se tornasse puramente palanque eleitoreiro.O fato de Roberto Jeferson ter sido usado como o porta-voz e a isca para essa armação toda é muito significativa; inclusive com a declaração de ter recebido 4 milhões de reais, que teria sido o preço pago para a confecção da farsa.A cassação de Pedro Henry foi para inglês ver, numa tentativa de disfarçar o objetivo principal da armação.Muito interessante o fato de que, o único que não recebeu nenhum centavo do esquema de Marcos Valério, ter sido cassado, enquanto os outros não o foram, demonstra claramente o objetivo final disso.Não houve pizza por que não houve o crime de corrupção, somente o fato desse cadáver não ser o da vítima indicada, anula o crime e também desmoraliza o julgamento; de José Dirceu.Porém, Lula conta com fiéis escudeiros, e entre eles o próprio Dirceu, sacrificado num ato de amputação política extremamente doloroso, mas necessário para a manutenção desse belo projeto socialista que merece e deve sobreviver.Entregue a carne às feras, somos obrigados a ler asneiras sem sentido, como as de que acusam a justa absolvição dos envolvidos como um erro, e o erro de cassação do injustiçado num acerto.Tudo isso ficará para a História como uma bela lição da diferença da justiça comum para o julgamento político, envolto em brumas e fumaças que tornam, por si só, esse tipo de ação essencialmente falho e injusto, já que entre os parlamentares, temos muitos envolvidos em crimes comuns contra a sociedade e contra cidadãos, indo de estelionato até homicídios.Entre os representantes do povo existiram grileiros, assassinos, traficantes etc...Vemos agora, o caso de Mato Grosso do Sul, repeteco do que ocorreu no Espírito Santo, onde o crime organizado comandava 28 dos 30 e poucos deputados estaduais, e o Governo do Estado, isso sob o patrocínio dos Tucanos, em ambos os casos.Devemos reavaliar esses mecanismos de punição e de julgamento, sob o risco de criarmos novos mártires da nossa democracia, que enquanto permitir esse tipo de erro, será ainda incompleta.

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1 comentários

  • MARCOS LOURES  
    8/5/06 9:43 PM

    O congresso nacional continua dando show de impobridade administrativa.
    O escândalo das “sanguessugas” tende a ser um dos maiores da República,, envolvendo, na sua grande maioria, deputados oposicionistas, inclusive alguns que tiveram atuação destacada na tropa de choque contra o Governo Lula.
    Podemos citar, entre esses, Eduardo Paes, Denise Frossard; além de outros conhecidos como Bispo Rodrigues e Ronivon Santiago; ambos envolvidos em escândalos há pouco tempo: o primeiro, envolvido num esquema de arrecadação na Assembléia Legislativa carioca, denunciada por vários colegas e o segundo, conhecido “dedo-duro” do esquema tucano para a compra de votos para a reeleição.
    A entrevista de Sílvio Pereira veio bem a calhar para tentar ofuscar esse escândalo, que em minha opinião é de GRAVÍSSIMO teor.
    Será por acaso que, uma entrevista que nada acrescenta ao já dito, requentada mesmo; veio por acaso?
    Pelo que eu conheço da forma de atuação dos partidos de oposição é óbvio que não.
    Essa tática de desviar a atenção de uma coisa extremamente grave para outra de somenos importância parece-me evidentemente uma tática bem estabelecida e já utilizada outras vezes por tucanos e pefelistas.
    Obviamente as investigações sobre o “mensalão” darão em nada e a reeleição de Lula está garantida, mas, cabe ao Congresso em sua ala governista, a operação tapa-olho da população.
    Há poucos dias tivemos as denúncias sobre o gasto exagerado de verbas com combustíveis, chegando a cifras absurdas; agora essa de muito maior gravidade e estabelecida, segundo investigações no ano de 2001, portanto cria tucana, só pra variar.
    Não acredito, ou melhor, não quero acreditara que a deputada Denise esteja envolvida neste caso, porém é bom para que ela experimente do próprio veneno; já que a mesma foi uma das peças principais nas denúncias sem provas, inclusive votando favoravelmente, coisa absurda para uma magistrada que tenta, pelo menos ser justa, ao relatório final da CPI.
    Com relação ao Rodrigo Maia, não preciso dizer muito, quem sai aos seus não degenera...
    Quanto a Eduardo Paes, todo tucano é suspeito até prova em contrário, utilizando o raciocínio destes.
    O Jornal Nacional deu ênfase muitas vezes maior à entrevista de Silvinho, reservando tempo mínimo para noticiar a grave denúncia; inclusive tentando constranger o Delegado Federal responsável pelas apurações, colocando-o como o agente transgressor, por ter feito um relatório onde aparecem nomes, fazendo seu papel com dois pesos e duas medidas...
    Se tivermos em conta que são mais de 60, para ser exato 63 deputados, isso quer dizer que mais de 10% da Câmara dos deputados está sob suspeita. Vai faltar Conselho de ética para essa turma toda.
    Ah! Por falar nisso, se houver a hipótese dessa turma toda não ser cassada nem punida, alguém vai falar em pizza?
    Aposto que não, a coerência dessa turma me faz rir.
    Nada mais justo que começarmos uma campanha pela punição dessa turma, e observar de perto para que ninguém saia impune; nem a Juíza nem o Eduardo, pois seguindo lógica desses com relação a José Dirceu, não são necessárias provas, somente o fato da denúncia justifica a punição.
    Dra. Denise, onde anda sua coerência? Viu como é delicioso ser envolvida em algo sem comprovação, apenas por denuncias de criminosos?
    Muitas lições de vida estão sendo dadas a cada momento nesse país; basta estarmos atentos para aprendermos essas lições.
    Da maneira criminosa que foi feita a cassação de José Dirceu ao começo do aprendizado político da conterrânea Dra. Denise, muitas coisas nos foram ensinadas nestes tempos bicudos.

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