13 de Maio
Por: Marcos Loures
A escravidão não poderia deixar de ser lembrada neste 13 de maio, que representa não mais uma data importante para os movimentos de valorização do negro no Brasil, substituída, com justiça pelo dia de Zumbi de Palmares, legítimo representante da luta contra a escravidão.Porém, essa data aliada ao que representa, ou seja, a ação "paternalista" de um governo imperial acuado pelo Império Britânico, que queria tão somente a abertura de novos mercados com o aumento de consumidores para seus produtos, tem um caráter próprio e de real significância.Demonstra que, de fato, não só naquela época, como ainda agora, a escravidão persiste embutida como um fator determinante nas relações sociais e trabalhistas no Brasil.O fato do PODER conservador e burguês, no sentido pejorativo da palavra, não obrigatoriamente no literal, ter resistido até o último instante à perda de mão de obra gratuita e extremamente submissa, de cama e mesa mesmo, demonstrou o caráter dessa minoria que, à época, detinha os meios de produção e as finanças do Império brasileiro.Pois bem, hoje temos uma resistência idêntica aos movimentos de cunho social e de libertação de um povo, na prática, escravizado.Dá-me nojo saber que ainda há resistências a efetivação das empregadas domésticas como trabalhadoras, sendo necessária a utilização do desconto do Imposto de Renda como moeda de troca para que essas sejam efetivamente colocadas como trabalhadoras numa sociedade vil e cruel.Com relação aos agricultores, a minha visão é idêntica; sendo que a criação de contratos de parceria foi o "drible" usado para que esses tivessem seus direitos garantidos.No Brasil, a cada dia nos deparamos com a luta dos desvalidos e dos sem cidadania pelos seus direitos e, na maioria das vezes, a mídia burguesa coloca essas lutas sob um aspecto conservador e de "baderneiros" e até de criminosos quando, na verdade, o que vemos é uma luta contra a escravidão, talvez não literal, mas de fato dessas pessoas.É vergonhoso termos que acompanhar os destaques dados nas notícias contrárias aos movimentos sociais e a pouca importância dada a violência contra a cidadania, exposta a cada dia em atos de verdadeira canalhice como no trabalho escravo, na infância abandonada e na velhice esquecida pelos quatro cantos do Brasil.A colocação de pessoas sobre caminhões e caminhonetas sem proteção na época das colheitas pelo interior do país demonstra um aspecto criminoso dessa neo-escravidão."Vida de gado, povo marcado..." Pior que a de gado, se analisarmos a melhora do rebanho nos últimos tempos.E, para piorar, temos o abandono das sociedades marginalizadas nos guetos urbanos deixados à mercê do crime, numa reação natural à barbárie feita contra os cidadãos de menor poder aquisitivo.Paralelo a isso, temos a omissão dos Governos, principalmente municipais com relação às políticas de cunho social.Isso, sem contar a ação desastrosa desses mesmos governos quando, por motivos eleitoreiros negam aos seus adversários e privilegiam seus aliados na distribuição de empregos, verbas e vagas escolares.Quando temos, a nível federal, uma programação de distribuição de renda, garantindo a renda mínima, percebemos a má utilização dessas verbas, apadrinhando uns em detrimento de outros pelo poder municipal.Essa escravidão está evoluindo, a passos largos, para seu extermínio; já que, dentro de alguns anos, a melhoria das perspectivas do proletariado irá dar a esse a tão sonhada cidadania.Escravidão se combate com CIDADANIA, sua antítese e seu antagonismo; por isso devemos lutar, a cada dia, contra os órgãos formadores de opinião que, em benefício próprio, muitas vezes escuso, faz com que se tente renascer o preconceito, a estupidez e, em última análise, a ESCRAVIDÃO, entre nós.Quando vemos órgãos de imprensa como a VEJA colocar as suas mentiras como se fossem verdades absolutas, temos que desconfiar do porque dessas ações imorais e indecorosas.O patrocínio desse tipo de ação reflete não uma idéia antagônica, o que sempre será permitido e elogiável, mas sim uma AÇÃO DESTRUTIVA E MENTIROSA, o que é INADMISSÍVEL.Lutemos, portanto, a cada dia pela CIDADANIA e iremos exterminar, pelo menos entre nós a ESCRAVIDÃO horrenda e pútrida que, ainda hoje, assola nossa pátria.