Serra "pendurou" contas para gastar em ano eleitoral O primeiro ano financeiro da administração José Serra (PSDB) na prefeitura de São Paulo foi marcado pelo corte de investimentos, pela paralisação de obras importantes e pelo parcelamento forçado dos contratos em vigor. Com essas medidas, Serra construiu um enganoso saldo positivo no caixa, que permitirá a ele fazer investimentos pesados neste ano de eleição presidencial. Após passar o primeiro ano reclamando de uma suposta dívida herdada de Marta Suplicy (PT) - desmentida pelo Tribunal de Contas, mas não pela grande mídia -, Serra segurou uma verba cujos valores podem oscilar entre R$ 300 milhões e R$ 800 milhões. Os números positivos se prestam a interpretações diversas. Para o governo, é sinal de que a "renegociação" dos contratos, a suspensão de novas licitações e o congelamento de verbas deram resultado. Para a oposição, o saldo extra é reflexo da paralisação de obras importantes e da falta de projetos. O arrocho financeiro imposto por Serra logo nos primeiros dias de seu governo resultou no congelamento de parte da verba das secretarias. Ao fechar o ano, ao menos R$ 80 milhões continuavam indisponíveis. A secretaria mais afetada pelo corte de verbas foi a de Infra-Estrutura Urbana, aquela que deveria concentrar grandes obras. Somente R$ 184 milhões (55% do valor orçado) haviam sido empenhados. Bem perto, com 66% do gasto previsto executado, está a do Verde e Meio Ambiente. Os tucanos contabilizam a "renegociação" dos contratos a seu favor. "Devemos economizar cerca de R$ 300 milhões", diz o vereador José Police Neto. Visão diferente tem Luís Carlos Fernandes Afonso, ex-secretário das Finanças de Marta. Ele diz que a melhoria do caixa se deu à custa da paralisação de obras importantes, como a do terminal de ônibus do Campo Limpo e as de drenagem da bacia do Aricanduva, obra importantíssima para evitar enchentes na zona Leste da cidade. Indiferentes à disputa política entre PT e PSDB, empresários que tiveram seus pagamentos cancelados no fim da gestão Marta e parcelados por Serra reclamam. Alegando não ter dinheiro suficiente para quitar todas essas dívidas em 2005, Serra decidiu pagar até R$ 100 mil para cada um dos seus 12.875 credores. Com isso, 92,68% deles (principalmente pequenos empresários) teriam seus débitos resolvidos até dezembro. Restaram 943 grandes credores, como empresas de lixo, que receberão em parcelas anuais até 2012 - após o fim da administração tucana de Serra. "Foi uma solução terrível. Muitas empresas enfrentam até hoje dificuldades financeiras graves", diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado, João Robusti, que entrou com uma ação na Justiça contra a medida.
AGÊNCIA INFORMES

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