Fruet esconde ilícitos de Azeredo, denuncia PT
Relatório de deputados petistas desmascara pizzaria tucana e mostra que sub-relator escondeu que “Valério financiou o PSDB na campanha derrotada de Azeredo”
Ovoto em separado, elaborado pela bancada do PT diante do sub-relatório do sub-relator Gustavo Fruet (PSDB-PR) na CPI dos Correios, acabou não sendo necessário. Na verdade, esse voto em separado fez com que Fruet, apesar do estardalhaço da mídia golpista em promover sua sub-obra de ficção, fosse impedido de apresentar o seu texto na Comissão. Ele era um amarfanhado de manipulações, afirmações tendenciosas, e falsificações de tal ordem que, diante do voto em separado do PT, seus colegas de chicana na CPI preferiram, prudentemente, não votar o sub-relatório.
TUCANODUTO
Sobretudo, os parlamentares apontam que Fruet elaborou um texto tentando livrar e esconder a ligação genética entre Marcos Valério e o PSDB, inclusive omitindo todas as copiosas movimentações financeiras realizadas entre o publicitário, tucanos e pefelistas.
Os parlamentares do PT apontam e demonstram que Fruet, “além de ferir a metodologia investigatória, desprezando fatos que poderiam esclarecer a verdade do ocorrido, transformou o relatório que deveria ser parcial para contemplar parte das investigações que já poderiam ser encaminhadas ao Ministério Público, por se constituírem em indícios, em relatório parcial por apontar seus esforços para apenas uma parte da investigação a qual serviria aos seus intentos políticos partidários”.
“Por outro lado os fatos apurados até então pela CPMI levam à constatação de que o “modus operandi” que une fatos ocorridos nos últimos três anos com outros registrados por exemplo a partir de 1997, quando da campanha eleitoral do então Senador Eduardo Azeredo, são semelhantes e podem muito esclarecer os fatos como um todo, e não parcialmente como quis o sub-relator”.
“Esqueceu-se o sub-relator que o tesoureiro Cláudio Mourão declarou à CPMI dos Correios que o empresário Marcos Valério de Souza financiou o PSDB na campanha derrotada de Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais, em 1998, obtendo dois empréstimos junto ao Banco Rural - um de R$ 2 milhões e outro de R$ 9 milhões - para a campanha, e que como garantia apresentou contratos de prestação de serviços de publicidade junto ao Governo de Minas Gerais (governado à época pelo próprio beneficiário do empréstimo, o hoje senador Eduardo Azeredo)”, expõe o documento.
Várias movimentações realizadas em 2002, ou seja, dentro da suposta “prioridade” declarada por Fruet para produzir seu sub-relatório, foram omitidas. Ressaltando que, desde 1999, Marcos Valério encontrava-se em débito com o banco Rural em virtude do empréstimo de R$ 9 milhões para a campanha de Eduardo Azeredo, o voto dos parlamentares do PT afirma causar “perplexidade saber” que “o mesmo Banco Rural, em situação aparentemente desfavorável, posto que já ajuizara na Comarca de Belo Horizonte a cobrança do débito, não objetou o pagamento de um cheque, no valor de R$ 700.000,00 (setecentos mil reais), emitido pelo sr. Marcos Valério, de talonário de conta-corrente naquela instituição bancária, em prol da Locadora de Automóveis União Ltda”.
Esse cheque foi um pagamento de Azeredo ao seu tesoureiro, Cláudio Mourão, realizado por Valério. Mas Fruet não menciona, apesar disso ser de conhecimento tão público que até mesmo derrubou Azeredo da presidência nacional do PSDB, que essa operação “destinava-se a pagamento de despesas eleitorais do Senhor Eduardo Brandão Azeredo, ainda pendentes de quitação, desde 1998. Neste passo, há que se assinalar que o Sr. Cláudio Roberto Mourão Silveira faltou à verdade para com esta Comissão, ao negar a satisfação de créditos não-solvidos, respeitantes à campanha eleitoral de 1998, quando indagado a respeito”, destaca o relatório.
“É lícito, nesta altura, perguntar: foi tão-somente essa a contribuição de Marcos Valério a políticos, durante a campanha eleitoral de 2002? Devem ser sopesadas as palavras do próprio tesoureiro Cláudio Roberto Mourão Silveira, quando sustentou, perante a CPMI, que empresários não fornecem recursos graciosamente a campanhas eleitorais. No caso, não é demais pensar, portanto, que Marcos Valério estivesse, em 2002, preocupado em manter contratos de prestação de serviços com a Administração Pública Federal, direta e indireta, implementados durante a gestão Fernando Henrique Cardoso, a saber, Banco do Brasil, Eletronorte, Ministério do Trabalho e Emprego e Ministério dos Esportes, recuperar a conta dos Correios, que já possuíra, em 1994”, destacam os petistas.
Além das ligações de Marcos Valério com Eduardo Azeredo e com o governo Fernando Henrique, através de inúmeros contratos, são um fato as operações realizadas pela SMP&B de Valério com o governo Covas através de contratos de publicidade com a Telesp. Os dados até agora conhecidos apontam para uma grande ramificação do tucanoduto em São Paulo. Segundo o relatório petista, “documentos trazidos à colação da CPMI demonstram repasses da Telesp à SMP&B Comunicação São Paulo Ltda. da ordem de R$ 60 milhões, no período entre 1996 e 1997. Essa movimentação também não foi analisada pelo sub-relator, embora se constitua expressiva movimentação”.
Juntamente com os depósitos efetuados pela Telesp, na época ainda estatal, os parlamentares identificaram uma série de saques em dinheiro nessas mesma contas, valores que sustentariam parte do caixa 2 tucano na eleição de 1998.
Entre os inúmeros itens elencados sobre as ligações e a parcialidade do relatório de Fruet, ressalta-se também a movimentação financeira da empresa Guaranhus, utilizada por Marcos Valério para repassar dinheiro. Suspeita-se que tal empresa tenha ligações ou seja de propriedade do operador de Fernando Henrique e José Serra, Ricardo Sérgio de Oliveira. Fora as movimentações recentes, tal empresa realizou, entre fevereiro e dezembro de 2001, vultosas movimentações financeiras, totalizando saques em dinheiro no montante de R$ 13,2 milhões.
Entre as várias incoerências de Fruet, os parlamentares petistas destacam uma de suas afirmativas, de “qual a lógica de uma empresa de publicidade tomar emprestado dinheiro no sistema bancário, com juros elevados, e emprestá-lo a um partido político, sem prazo de pagamento nem definição do seu percentual de remuneração?”. “No entanto, curiosamente, trata-se da mesma espécie de empréstimo realizado pelo Sr. Marcos Valério para financiar as campanhas do PSDB. O que teria levado o sub-relator a não adotar conclusões semelhantes a tais empréstimos, eis que o modus operandi é bastante similar?”, questionam os parlamentares do PT.
OPPORTUNITY
Da mesma forma, Fruet omite as movimentações financeiras realizadas entre as empresas de Marcos Valério e outro operador tucano-pefelista, Daniel Dantas, dono do banco de fachada Opportunity: “É importante salientar que, conforme dados obtidos pela CPMI, amplamente divulgados na imprensa, as empresas controladas pelo Grupo Opportunity, TELEMIG CELULAR S.A. e AMAZÔNIA CELULAR S.A., realizaram, em conjunto, pagamentos da ordem de R$152.458.434,00 (cento e cinqüenta e oito milhões, quatrocentos e trinta e quatro mil reais) desde o ano de 2.000 às empresas do Sr. Marcos Valério. Algumas notas fiscais emitidas pela TELEMIG CELULAR S.A., que mais realizou os referidos pagamentos, simplesmente desapareceram das dependências da empresa, não se podendo ainda comprovar com exatidão a natureza dos serviços prestados”, afirma o documento.
“A magnitude dos contratos firmados pelo Sr. Marcos Valério e o Grupo Opportunity é impressionante, pois havia fatos que indicavam que a relação acima mencionada estaria além da relação profissional entre tomador e prestador de serviços, e extrapolaria a linha entre os interesses privados e os interesses de ordem pública” afirma o documento, ressaltando que “como se vê, há fartas evidências a respeito das empresas controladas pelo Grupo Opportunity, a justificar a necessidade de análise criteriosa e sigilosa de sua movimentação financeira”.
No entanto, sobre isso, assim como sobre as operações de Valério com o PSDB, nem uma palavra. O objetivo de Fruet (ou dos que confeccionaram o frustrado sub-relatório para ele) não era, e não é, descobrir qualquer verdade, mas escondê-la, para urdir uma chicana contra o PT e o governo.

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